Queria Estar Lendo 25/11/2019
Resenha: BTK Profile: Máscara da Maldade
BTK Profile: Máscara da Maldade, lançamento da editora DarkSide Books - que nos cedeu um exemplar para a resenha - traz a história dos assassinatos do notório serial killer BTK - que desafiou a polícia de Wichita, no Kansas, por mais de 30 anos antes de ser pego.
Jeffrey Dahmer, Ted Bundy e BTK são alguns do assassinos em série que mais ouvimos falar quando entramos em contato pela primeira vez com o universo do true crime, e para mim não foi diferente. Assassinos prolíferos, que aterrorizaram toda uma comunidade e levaram anos para serem pegos.
Do fundo do meu coração obcecado e apavorado por true crime, achei que não tinha muito mais sobre o BTK que eu pudesse descobrir, até começar a ler Máscara da Maldade.
O BTK é um dos serial killers que mais me intriga porque ele foge muito do "esperado" para assassinos do tipo - mesmo o FBI, com sua nova tecnologia de análise comportamental nos anos 70 e 80, entendeu ele completamente errado. Na vida comum ele era conhecido como Dennis Rader, um pai de família, marido dedicado e líder comunitário.
Exatamente o tipo de pessoa que os amigos não conseguem acreditar que seria capaz de fazer algo tão terrível. Ainda assim, Dennis Rader - ou BTK, uma sigla para bind, torture, kill (amarrar, torturar e matar) matou cerca de dez pessoas entre os anos de 1974 e 1993.
Suas vítimas favoritas eram mulheres que moravam sozinhas. Por muito tempo, a primeira coisa que as pessoas da região de Wichita faziam ao chegar em casa era checar o telefone para ver se a linha tinha sido cortada - uma das marcas do BTK.
Ele estava atrás de fama, no entanto. O BTK queria que todos soubessem que era ele quem estava cometendo aqueles crimes e, por tanto, comunicou-se com a imprensa em algumas ocasiões. E foi justamente seu ego que ajudou a polícia, em parceria com a imprensa local, a pegá-lo.
Localmente, os crimes eram reportados pelo jornal Wichita Eagle, bem como a rede de TV KAKE. E é com base nos mais de 800 artigos publicados pelo Wichita Eagle - escritos entre o primeiro crime, em 1974, até o final do julgamento - que BTK Profile: Máscara da Maldade foi escrito.
Além de falar dos crimes e das vítimas do assassino em série, Roy Wenzl, Tim Potter, Hurst Laviana e L. Kelly retratam o dia a dia dos policiais envolvidos com a força tarefa montada - mais de uma vez - para pegar o serial killer BTK, e do clima da redação do jornal - que recebeu diversas vezes correspondências do assassino.
No tocante aos policiais, o livro dá um foco especial em Ken Landwehr, o chefe do departamento de homicídios na época da prisão do BTK - mas que já estava investigando os crimes há muitos anos.
BTK Profile: Máscara da Maldade foi uma leitura tensa, dado o conteúdo sensível, mas me pareceu mais honesto do que os documentários sobre os crimes que eu já tinha visto. Uma das coisas que descobri com ele, foi o significado da máscara que aparece na capa do livro - que não tinha ganhado um destaque de relevância nos documentários e acabou passando batido por mim.
Além disso, com ele nós temos uma sensação mais real do que foi a caçada pelo BTK. Quando a gente lê o artigo da wikipedia ou escuta as discussões a respeito dele em podcasts e programas de TV, parece que a polícia sempre soube que todos aqueles crimes estavam conectados e que ele deveria ter sido pego muito antes - levando em consideração que, por duas vezes, ele deixou sobreviventes.
Mas com Máscara da Maldade é possível compreender melhor as ações da polícia e a linha do tempo dos crimes. Como muitos deles só foram ligados ao assassino com sua confissão e como Dennis Rader era meticuloso no planejamento e execução de seus crimes. Mesmo quando tinha tudo para dar errado, ele sempre conseguia sair por cima.
Também achei interessante ler sobre a relação da imprensa com a polícia e os dilemas pelos quais eles passaram, especialmente no que diz respeito a divulgação de novas vítimas ou a promessa de matar novamente feitas pelo assassino.
Em meio a muitas controvérsias, no entanto, foi essa relação próxima que ajudou a prender, de uma vez por todas, o assassino.
Inclusive, outro ponto interessante é a desmitificação de assassinos em série como pessoas extremamente inteligentes. Dennis Rader não escapou da polícia por mais de 30 anos porque era inteligente, tinha um QI acima da média ou era uma espécie de Hannibal Lecter. Ele era um homem comum, apoiado pelas limitações das investigações forenses da época - já que ele chegou a deixar material genético em duas cenas de crime.
Acredito que essa desmitificação é muito importante, uma vez que esperamos que criminosos sejam sempre o Outro, um Monstro. Quando na verdade eles podem ser qualquer um - inclusive aquele conhecido que não parecia ser capaz de ferir uma mosca.
BTK Profile: Máscara da Maldade é uma boa pedida para fãs de true crime e quem está começando a se interessar pelo assunto - mas não indico para quem é muito sensível a assuntos do gênero, já que cair de cabeça dentro dos crimes desse cara é realmente perturbador. Foi uma leitura rápida, fácil e reveladora.
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