Guilherme Amin 11/06/2023
Um exercício fabuloso de estilo e criatividade
Uma semana depois de concluída a leitura, e ultimado o saudável distanciamento que amorna nossas naturais inclinações a derramar elogios adverbiosos no calor do fechamento do livro, recordamos a experiência de ler "as intermitências da morte", nosso primeiro contacto com a escrita de josé saramago, como o testemunho de um exercício fabuloso de estilo e criatividade pela pena do escritor merecidamente laureado com o prémio nobel de literatura, e sem embargo de respeitosamente nos irresignarmos com o facto de o luso ter sido o primeiro e até este dia único autor de língua portuguesa a receber a referida condecoração, Como que guimarães rosa não foi galardoado antes, protestam certos críticos brasileiros, Ou então a insigne lygia fagundes telles, inconformam-se outros, Mas por que não pelo menos machado de assis, que ainda era vivo quando da criação do nobel, levantou em boa hora um distinto professor de feliz memória, sem embargo, pois, de semelhantes polémicas, temos a confessar que quedamos absolutamente apaixonados por esta obra, a despeito das previsíveis dificuldades iniciais de carácter formal com que, em geral, exasperam-se seus leitores de primeira ocasião. Ao fim e ao cabo, agora em apertada síntese, este romance nos fez pensar criticamente, rir constantemente e, ao final, derramar uma contida lágrima ante o desfecho emocionante. Obrigado, saramago!