marcelo.batista.1428 15/11/2022
Quando leio resenhas sobre os livros ou converso com pessoas sobre o autor, a impressão que me fica é: quem imerge nesse universo vive uma experiência marcante (ou ama muito, ou odeia muito, mas nunca fica indiferente). Estou no primeiro time, mas minha última leitura de Saramago, a única entre cinco, não tinha me empolgado tanto. Mesmo porque, quando abro um livro dele, as expectativas estão lá em cima.
Iniciei empolgado com o argumento: a morte inicia uma greve em um país fictício. As pessoas param de morrer e Saramago não está interessado em explicar logicamente todas as consequências disso, mas usa o tema para desfilar sua escrita com bastante ironia, humor ácido, mas também muita reflexão e crítica a sociedade, e diria, ao capitalismo.
Depois a escrita muda, e sem eu compreender muito bem o porquê, o autor humaniza a morte. A princípio de uma maneira mais superficial. Ela tem características físicas, um cotidiano, um jeito de estar, um local para morar, objetos. E depois, de um jeito magistral, Saramago de uma forma muito singela, descrevendo o mais simples, traz o mais profundo do humano. E isso me encanta tanto quanto encantou a morte.