anne 06/05/2024
UM "FINALE" ACEITÁVEL (gostaram do trocadilho? ?)
Terminei a série de Stephanie e é com muito carinho que escrevo esta resenha.
Como toda boa crítica minha, dividirei as estrelas em tópicos: Escrita, Enredo, Desenvolvimento de Personagem, Ambientação e Mensagem Passada (cada estrela valendo de 0,0 à 1,0).
- Escrita: Criticar livros traduzidos é, em geral, complexo; principalmente com a tradução desta obra em específico. É vergonhoso ver palavras simples em inglês sendo traduzidas de forma tão literal, sem levar o contexto por de trás. Além, é claro, da diagramação medíocre. Sobre a escrita da autora, havia um detalhamento exagerado (algo que ocorre desde o primeiro volume), trazendo uma lentidão para a leitura. Gosto que Stephanie contrói uma narrativa genuinamente cativante. Mesmo eu sentindo que ela focou em sub-plots não tão necessários assim (algo que falarei no tópico a seguir), seria injusto dizer que a autora não sabe escrever uma obra. [0,5]
- Enredo: Gosto muito da obra de Stephanie, principalmente após ela ter adicionado o Baralho do Destino. Todavia, mesmo eu amando com todo o meu coração o universo Caraval, não posso desconsiderar algumas falhas na narrativa. Uma delas é o foco exagerado em sub-plots (como a tentativa ridícula de consolidar o relacionamento entre Tella e Lenda, algo que eu particularmente desgostei e irei abordar no tópico seguinte), tornando o enredo "principal" em secundário. Há uns furos na história e pontas permanecem soltas (como, por exemplo, o acordo que Tella faz no Mercado Desaparecido. As consequências do acordo ? o qual Tella não cumpre ? não vem? Simplesmente nunca é mais citado!). Em comparação ao primeiro volume, é um livro fraco. [0,5]
- Desenvolvimento de Personagem: Primeiramente, sobre o relacionamento de Tella e Lenda: ridículo. Trouxe-me muita raiva justamente porque ficava nesse "te quero, não te quero", tornando tudo muito cansativo. O motivo de Lenda para não se apaixonar totalmente pela protagonista é raso. A autora traz esse conflito de "se ele se apaixonar por mim, ele se tornará mortal" como se eles vivessem em um mundo assassino. Sinceramente, esse motivo não me comprou. Se o universo fosse mais perigoso, mais mortal para Lenda e companhia, eu até entenderia as consequências, todavia não é o caso. Desgostei.
Eu, particularmente, prefiro a Tella do segundo livro. Sinto que a autora tirou a independência dessa Tella. Eu gostava de sua autonomia e sagacidade, contudo, neste volume, ela passa o livro inteiro se importando demais com o que Lenda pensa, deixa de pensar, faz ou deixa de fazer. É muito cansativo.
Já citando o diabo, Lenda é insuportável. Para mim, seu egoísmo é irritante. A autora até tenta romantizá-lo trazendo essa personalidade sombria, mas que se importa. Não me comprou. Irritou-me fortemente vê-lo ir e voltar, brincando com o coração de Tella para, no final, a autora mudá-lo completamente como se ele tivesse um choque de realidade e, agora, não ligasse para a coisa que ele mais valorizou durante ANOS: sua imortalidade.
Além de TUDO, devo lembrá-los que Tella tem apenas 16 anos e Lenda possivelmente, além de ser muitíssimo suspeito um homem de tamanha idade se afeiçoar a uma criança (pois 16 anos, comparado com a sua idade, é uma criança), ele deve ter se apaixonado por muitas outras mulheres ao decorrer de sua vida, e mesmo assim decide amar Tella... Isso não me compra NUNCA. Se ela fosse mais velha, até entenderia. Mas não. É um furo na narrativa imperdoável.
Scarlett, a nossa suposta protagonista, teria aparecido mais se, como ressaltei anteriormente, a autora não tivesse focado tanto no relacionamento fraco entre Tella e Lenda. Sobre a trama principal de Scarlett: achei plausível, mas pouco explorado, infelizmente.
Julian é um querido. De fato, um dos poucos homens green flags no livro.
Paloma (ou Paradise) mal aparece e, quando aparece, mal se sabe sobre ela. Acredito que a ideia era fazê-la com uma personalidade escorregadia, uma mulher misteriosa demais até para os leitores, algo que eu admiro muito. Todavia, a autora acabou errando quando mal a explicou, deixando vago colunas que deveriam ser preenchidas. Quando um escritor ultiliza de personagens escorregadios, misteriosos demais, é necessário saber os usar bem, explicando o bastante para que não haja furos, mas não demais para perder o mistério. E eu acredito que Stephanie falhou ao deixar furos.
Por fim, Jacks. Por mais que ele seja a maior red flag do livro, eu ainda não consigo deixar de amá-lo. Tenho uma queda gigante por Enemies To Lovers e um penhasco maior ainda por homens respeitosamente obcecados (minha conta é uma haterbase ao DarkRomance): ele está obcecado por você, mas nunca te persegue porque ele, como disse, é respeitoso.
"Ah, mas nos 80% do livro..." Sim, eu sei. Mas "Era Uma Vez Um Coração Partido" é um livro onde ele protagoniza, ou seja, eu sinto que ele terá sua redenção. Por isso, como uma boa fã de Cardan Greenbriar, irei defender Jacks ? [0,5]
- Ambientação: simplesmente fenomenal. Eu sou apaixonada por esse universo. Queria que tivessem explorado mais os Lugares Predestinados do Baralho do Destino, todavia, em questão de ambientação, é um livro excelente. [1,0]
- Mensagem Passada: Honestamente, não me cativou muito essa mensagem de Amor versus Imortalidade (egoísmo). Principalmente quando o principal exemplo disso foi a relação entre Tella e Lenda. Eu sou apaixonada por livros que trazem mensagens sobre o Amor vencer no final, contudo o livro se passa com Tella sofrendo e perdendo a sua essência por um homem que só admite amá-la no final (e de forma inventada, pois na vida real homens com a personalidade de Lenda, tendo a vivência que Lenda teve, jamais renunciariam tal coisa em prol de uma mocinha de 16 anos). Particularmente, se a autora tivesse investido mais no amor fraternal entre Tella e Scarlett e no amor materno/paterno que o livro também traz, teria tido mais sucesso. O amor é belo e mais que necessário, devemos trazer de volta livros que pregam o verdadeiro amor, todavia de forma saudável, algo que eu não vi entre Tella e Lenda. [0,5]
Por fim, é uma leitura até que boa. Eu gostei bastante de mergulhar mais uma vez nesse universo apaixonante. Recomendo a leitura com um alerta: não se compara ao primeiro livro, todavia é uma finalização aceitável.
Nota final: 3,0 estrelas.