Karol 31/07/2012
Após loooooooooooooongos anos...
Finalmente! Depois de 3 anos, 8 meses e 5 dias chegou às minhas mãos Herança, do Christopher Paolini. A última parte do Ciclo a Herança. A conclusão da história de Eragon Matador de Espectros e Saphira Escamas Brilhantes e, na sinceridade, eu não poderia imaginar final melhor!
Ok, não é ÉPICO como poderia ser. Mas é muito bem conduzido, coerente dentro do mundo que Paolini criou e, principalmente, dentro do seu modo de escrever.
Quem não leu os três primeiros livros não deve passar daqui, ok? Não vão estragar a leitura de vocês porque há spoilers sobre os livros anteriores.
Pois bem. O livro começa alguns dias após o término do outro. Depois de conquistarem Feinster, os Varden marcham para Belatona, a próxima cidade a ser conquistada. Eragon e Saphira estão fracos e sem a presença de Oromis sentem-se abandonados. Glaedr permanece em choque após a morte de seu cavaleiro e seu Coração dos Corações (Eldunaru) não é de grande ajuda como está, recolhido em sua dor.
Os planos estão no papel e a estratégia traçada. De Belatona para Dras-Leona, de Dras-Leona para Uru’baen. Porém, se Eragon mal consegue dar conta de Murtagh, como conseguirá matar o rei, que possui centenas de Eldunarí e teve anos para aprimorar seus dons de guerra? Tal dúvida perturba o sono tanto do cavaleiro e seu dragão quanto o de pessoas próximas a ele, como Nasuada e Arya.
Nesse ínterim, Roran cresce entre os Varden e seu nome começa a se tornar uma lenda. Mas esse não é o desejo de seu coração. Ele quer apenas que essa guerra sangrenta termine logo e ele possa voltar para casa com sua Katrina e o bebê que ela espera. Além disso, a magia que permeia a guerra o perturba. Como lutar uma guerra em que o adversário tem o poder de controlar as mentes dos mais fracos? Como vencer tal injustiça da natureza?
Para que ninguém entre em desespero, já adianto: todas as questões relevantes (que eu considero relevantes, pelo menos) são respondidas em Herança. A maioria tem dicas em outros livros, o que deixa claro que Paolini tinha esse fim em mente desde o primeiro volume, especialmente no que se refere aos conselhos de Solembum. O menino-gato é um dos grandes responsáveis pelo fim que leva a trama.
Há um ou outro personagem novo que é relevante para a trama mas, no geral, Paolini mantém as estruturas de sua história focadas no arco principal. Há algum indício de romance também, mas essa não é a praia do autor, pelo que notei. Seu único casal até então, Katrina e Roran, não conseguiu me despertar empatia alguma e eu já tinha perdido as esperanças, quando um casal improvável, mas não inesperado “acontece”. Meu coração de menina sonhadora ficou muito animado com essa possibilidade. Acho que vocês vão gostar também.
Quanto a Galbatorix e Shruikan... Bom, o dragão é exatamente o que eu esperava. Insano, perturbado, com a mente destruída. Já o Rei me pareceu menos letal e mais maluco do que imaginei. Ele é até meio paciente, explica tooooooooooooooodos os seus planos para seus inimigos antes do ápice, como um idiota. Fala sério, né, amigão? Depois de três livros tentando capturar Eragon e Saphira sem sucesso era de se esperar que eles lhe diriam “não” novamente. Criatura inocente. Galbatorix, por incrível que pareça, mantém suas esperanças de maneira intensa. Dá até vontade de rir em algumas situações.
Elva finalmente toma sua decisão, Ângela continua engraçadíssima e Arya coerente. Nasuada, como sempre, é uma das melhores personagens do livro. É claramente imperfeita e tem problemas com o poder, e isso a torna tão interessante. Orik tem uma participação bastante pequena e o Rei Orrin tem um destaque inusitado. É engraçado o soberano de surda.
Dos dois personagens que merecem parágrafos próprios, vou começar pela reclamação: Roran é um mala. Sério. Não sei por que raios o Paolini insiste em mostrar o ponto de vista de Roran, simplesmente não sei. Não é legal, não faz sentido e atrasa o livro umas duzentas páginas. Eu não consigo suportar as passagens do Roran. Na minha releitura vou pular todas, juro pra vocês. INSUPORTÁVEL. É o ponto baixo do livro.
Murtagh. Murtagh é um dos meus personagens favoritos desde o primeiro livro. É o anti-herói, é o Severo Snape de Paolini. Se há um personagem que demonstra claramente a extensão do poder escravagista de Galbarotrix, esse é Murtagh. Mesmo sem um ponto de vista próprio ele domina boa parte do ápice da história. E acredito que um ponto de vista dele seria muito melhor aplicado à história do que a chatice do Roran. Se fosse para escolher entre um dos “irmãos” de Eragon, ficaria com Murtagh sem pensar duas vezes. Melhor evolução de toda a série.
Para concluir, digo apenas que Paolini foi mestre, mesmo que não tenha sido genial. Ele optou pela coerência ao fim de sua série, mantendo aquela cara de Terra Média com Star Wars. Há surpresas na trama, mas não há surpresas no que se refere aos personagens e suas atitudes. Não espere mudanças drásticas de opinião ou grandes momentos melosos. Isso não tem. Mas tem um final digno de ser lido e espaço para novas histórias no mesmo universo. Quem sabe daqui a alguns anos não voltamos para a Alagaësia nas costas de um dragão verde? Ou até de alguma cor diferente? Valeu a espera. Leiam tranquilos.