spoiler visualizarmr_reedies 25/01/2013
E qual é a Herança, então?
Ler Eragon, para mim, é um caso de amor e ódio, porque há momentos em que você ama a história e outros em que você dorme com o livro na cara. Eragon, o primeiro livro, é um tantinho maçante, mas dá para ler, se você se dedicar. Eldest já é um livro bem legal. Brisingr, então, é incrível! Mas agora não sei se foi porque houve um hiato de 3 anos desde que li Brisingr, antes de ler Herança, tempo em que li MUITA COISA, mas achei esse último livro estranho.
E essa estranheza é algo que você percebe no primeiro capítulo. Juro que não me lembro como Brisingr terminou, mas o começo de Herança me pareceu nonsense. Não é spoiler se eu disser que começa com uma batalha cuja a causa eu não faço a menor ideia de qual seja. Tenho a impressão de que ignorei algum livro antes de começar esse.
Depois, quando o motivo de Eragon "viver" esse livro nos é dito, temos uma série pequeniníssima de acontecimentos que discorrem em muuuuuuitas páginas. São 792 de páginas, o que dá a impressão de que muita coisa acontece, mas o que temos são capítulos extensos que acontecem em um mesmo local, como, por exemplo, [SPOILER] quando acompanhamos Nasuada em seu calabouço, no castelo de Galbatorix. Se não me engano, foram gastas 100 páginas com ela nesse lugar, momentos em que surgiram coisas que queremos descobrir, como qual é a história do rapaz que leva comida para ela, e em que ela agoniza com dor, tornando maçante algo que poderia ser breve [/SPOILER].
Mas não podemos (posso?) julgar. Nos agradecimentos, Paolini afirma que teve "crises criativas" enquanto escrevia Herança, e isso está muito mais do que claro, já que é muito fácil franzir o cenho durante a leitura e se perguntar "Mas que porcaria é essa que está acontecendo?". A narrativa dele é sem igual, e ele deve ter plena consciência disso, tanto que revive seus tempos de Eragon ao descrever em mínimos detalhes as viagens que transcorrem por Alagaesia. Não sei como funciona para outros leitores, mas eu torcia com afinco!!! para que o Eragon desistisse das suas viagens, porque sabia que lá vinham mais 50 páginas de enrolação que não somava em muita coisa.
Há pontos altos no livro? Há. Mas são o tipo de ponto que você vê e não pode alcançar. Paolini atiça a nossa curiosidade para mais de uma coisa ou personagem durante as páginas, mas, no final, fica por isso e temos que dar de ombros, sem saber mais sobre aquilo. [SPOILER] Estou falando de Angela, que promete altas e bem interessantes histórias - mas que só promete -, do Solembum, que parece ser possuído por alguma entidade estranha que o faz dar dicas importantes, entre outras coisas [/SPOILER]. Não sei qual foi o intuito dele, mas, não sei... Acho que ele podia ter extendido mais o livro, se isso fosse deixá-lo interessante.
E então nos deparamos [acho que é SPOILER...] não usufruindo de nenhum tipo de romance. Não há beijos na boca. Não há libido à flor da pele. Os lábios de Eragon e Arya não se colam, e nem os de mais ninguém, e isso inclui Roran e sua esposa, Katrina [/SPOILER]. Eu não podia ignorar isso, porque, querendo ou não, fez falta. Talvez por isso o livro tenha ficado tão vago.
Sim, posso concluir que Herança é um livro vago. Se um dia quiser pensar no Ciclo da Herança com alguma alegria, não é nesse livro que vou pensar, podem ter certeza.