Prisioneiras

Prisioneiras Drauzio Varella




Resenhas -


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Bookster Pedro Pacifico 27/04/2020

“Prisioneiras", de Dráuzio Varella - Nota 10/10
Tem alguns livros que considero como essenciais para alguém que vive em uma sociedade. E isso porque nos mostram o que está por trás de muitos problemas políticos e sociais, desmitificando aquele “senso comum desinformado” que ouvimos repetidas vezes. E “Prisioneiras” se encaixa nesse grupo!

Sou fã do Dráuzio pelo seu trabalho com e para o outro. E agora virei fã também de seu trabalho como escritor. A sua experiência com o ser humano é gigante. Apenas em penitenciárias, Dráuzio vem atuando desde 1989, quando começou no já extinto Carandiru. E em meio a tantas consultas, em que o autor não se limita a escutar as queixas físicas dos pacientes, Dráuzio se deparou com uma diversidade emocionante de histórias.

Em “Prisioneiras”, conhecemos um pouco das histórias do tempo em que o autor trabalhou em uma penitenciária exclusivamente feminina. E não são apenas relatos individuais de pacientes a que temos acesso, mas também há uma série de problemas e angústias que se repetem na vida de inúmeras das detentas. Dráuzio passa pelo problema do abandono da família e dos companheiros (quando, por outro lado, as mulheres passam anos visitando seus companheiros e filhos presos), pela origem da criminalidade da maior parte das detentas, pela complexa questão da sexualidade que rege as relações entre as mulheres nos presídios, pelas facções criminosas que comandam o dia a dia das mulheres encarceradas, e por aí vai…

Por isso, a leitura dessa obra nos mostra uma visão particular e pouco abordada do sistema penitenciário brasileiro e que nós, como cidadãos, devemos conhecê-la. A compaixão por quem está lá, independentemente do que tenha feito, é gigante pelos olhos de Dráuzio e, se um pouco disso conseguir ser transportado por meio do livro, já é um ganho inestimável para nós, leitores. Não há julgamentos morais, há a oportunidade de escutar, compreender e respeitar o outro.

Esse é o terceiro livro da trilogia sobre o sistema carcerário brasileiro. Comecei por ele e não acho que seja necessário ler em alguma ordem. Mas terminei a leitura com muita vontade de ler a trilogia completa.

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Talyta 29/04/2020minha estante
Também sou uma grande admiradora do Drauzio e ainda não li nenhum livro dele, mas quero em breve resolver essa pendência. Tenho certeza que como você, apenas adicionarei mais um item na caixinha das qualidades desse senhor. Parabéns pela resenha e por incentivar leituras essenciais, humanizantes.


ellemtodao 03/05/2020minha estante
Aumentou ainda mais a vontade de ler essa obra! Gratidão pela resenha!


Jeh 19/08/2021minha estante
Li "Estação Carandiru" e realmente é necessária a perspectiva q ele traz das penitenciárias. Li tbm"Nas Ruas do Brás", e amei muito. Acho q sou suspeita pois moro na região e sou fascinada por histórias de bairros, fico imaginando como eram as coisas antigamente nas ruas por onde ando. Vou procurar "Prisioneiras" tbm!


Angela 12/03/2023minha estante
Também sou admiradora do Drauzio Varella e me tornei mais ainda sua fã.E como você vou procurar os outros dois livros da trilogia, pois acho essencial se inteirar dessa realidade.




Alê | @alexandrejjr 30/08/2021

O médico, as presas e o legado

A importância de Drauzio Varella para a divulgação do descaso brasileiro com o sistema carcerário é irreversível. Com a publicação de “Estação Carandiru” em 1999, o médico oncologista ressaltou uma obviedade latente em nossa sociedade: a desumanidade do nosso sistema punitivista. Publicado em 2017, “Prisioneiras” é a consolidação do trabalho de um humanista com raro poder de observação.

As histórias do cárcere são inumeráveis. Tão incontáveis que não cabem apenas em um livro e jamais irão caber apenas em uma trilogia. O que esperar então de “Prisioneiras”? A resposta, de maneira simplificada, pode ser resumida em uma palavra: indignação.

Na época do lançamento de “Prisioneiras”, Drauzio completava 11 anos de atendimento na Penitenciária Feminina da Capital, em São Paulo. E assim como em seu primeiro livro sobre prisões, este tem o objetivo de mostrar que o cárcere brasileiro é muito peculiar.

Em suas mais de 270 páginas, Drauzio apresenta, a partir da visão masculina que lhe é condicionada, o universo prisional feminino. Perceberam a especificidade, certo? Ressalto esses detalhes pois, à época do lançamento, um artigo escrito pela ativista e advogada Gabriela Cunha Ferraz apareceu na seção Justificando do site da revista Carta Capital propondo uma reflexão crítica a respeito do livro. Dou destaque ao texto porque achei ele vazio em muitos sentidos, pois a articulista acreditava ter achado “falhas técnicas” na obra. Ora, entendo que devido ao capital popular de Drauzio ele precisa ter uma responsabilidade maior perante a opinião pública, no entanto ele não é a única voz ouvida neste campo. Pelo menos em dois pontos concordamos: o primeiro deles são os deslizes do autor em afirmar, por exemplo, que o pão feito pelas prisioneiras é parecido com o “das melhores casas do ramo”. Não sejamos ingênuos: obviamente, Drauzio fez aqui uma afirmação demagoga e incomum em suas anotações que pode dar vazão aos muitos imbecis que o criticam pelas razões erradas. Era realmente necessário esse paralelo, doutor? Creio que não. A outra concordância é o fato da ativista reconhecer que, sem o trabalho pioneiro de Drauzio, livros como o da jornalista Nana Queiroz, lançado em 2015, não existiriam. Me parece - e posso estar errado, como qualquer outro ser humano - que o livro de Nana aborda o mesmo tema com maior propriedade, menos suavidade e impõe maior realidade à situação das presas brasileiras. E isso é um avanço natural e assim deve ser, senão de que valeriam as iniciativas pioneiras? Posto isso, sigamos.

O que mais chamou minha atenção neste livro é o quanto o machismo é um mal incontrolável. Nas histórias aqui apresentadas, as mulheres em liberdade são humilhadas, violentadas, abandonadas. Presas, as mulheres continuam sendo humilhadas, violentadas e abandonadas. Ou seja: nem quando privadas do único direito com o qual nasceram as mulheres conseguem se livrar do sistema patriarcal que rege as sociedades. Constatar isso sendo homem é desesperador.

Ao fechar a trilogia do cárcere, Drauzio Varella marca história na não ficção brasileira. Com muita denúncia, o senhor simpático que faz aparições regulares em programas da Rede Globo mostra que as pessoas conhecem mais um personagem do que o ser humano presente em seus textos. Ler seus livros sobre o sistema prisional brasileiro é uma maneira de sermos menos coniventes com uma situação que já passou do limite há tempos. E essa pequena contribuição já é, em larga medida, mais importante para que uma sociedade tão problemática como a nossa evolua.
Karina 01/09/2021minha estante
Ótima resenha! Gostei muito desse livro.


Alê | @alexandrejjr 01/09/2021minha estante
Drauzio é sempre uma boa pedida de lucidez. E obrigado pelo elogio. ?


Rebeca.lousz 02/09/2021minha estante
Excelente resenha! Quero ler


Alê | @alexandrejjr 09/09/2021minha estante
Agradeço o elogio, Rebeca. Vale a pena, pois a escrita do Drauzio é contagiante.




Robson 10/04/2021

Um solidário entre as solid(t)árias
Drauzio Varella é um homem livre falando sobre mulheres presas. Apesar ou por conta dessas diferenças, ele oferece um olhar tão interessado sobre esse mundo que poderia lhe passar com tanta indiferença, que chega a comover.

O conjunto de relatos de prisioneiras expõe as mazelas, incoerências e falência do sistema penal e prisional brasileiro. Há muitas histórias tristes, que são atenuadas pela bondade e beleza do trabalho voluntário.

O autor diz que a solidariedade é típica das mulheres, público majoritário entre os visitantes de prisões e de hospitais e que, quando detidas pelo Estado, são abandonadas e esquecidas por familiares e consorte. Em compensação, é bonito e comovente ver que homem também pode (e deve) se solidarizar com os que sofrem e cuidar de quem precisa.
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| @contemumlivro 05/05/2020

Dr. Auzio, outro fado sensato deste planeta chamado Terra. Eu não sou de dar biscoito para homens, mas ele merece. Eu ja era fã da escrita dele desde Estação Carandiru e Prisioneiras não me decepcionou. Drauzio conta com sentimento e sem julgamento histórias tão tristes e reais que chega a dor. Ler um livro dele é sempre uma boa pedida.
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Andréia 23/07/2021

os livros do Drauzio é uma aula
Desfecho magistral, este livro faz relato e, ao mesmo tempo, reflexão sobre o aprisionamento de mulheres no Brasil. Mais amplamente, trata-se de um quase estudo do sistema carcerário nacional, com a vantagem de ter sido realizado por alguém que foi "testemunha ocular" dos fatos, como dito pelo próprio autor.


Enfim, por tudo isso Dr. Drauzio Varella fez um trabalho que não poderia ser classificado senão como de utilidade pública. Excepcional!
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13/05/2020

Drauzio, você é o cara!
Depois de ter lido Carandiru não é um espanto a qualidade de Prisioneiras. Muito interessante mergulhar no universo do presídio feminino, observando as suas particularidades, demandas e vozes. Uma lição de humanidade por parte do autor.
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Marília 18/07/2021

Um pequeno universo penitenciário
O Doutor penetra no universo feminino penitenciário com olhar singelo, não acusador, carismático, sem julgamentos, mostrando o lado mais humano que o homem pode ter.
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danda 23/04/2021

É uma leitura que quando se chega ao fim não se tem muito o que falar... você fica preso em tantas histórias, curtas contadas algumas vezes em menos de um capítulo, mas você se perde nesse universo que é a prisão, complexo, quase uma realidade alternativa, nada feliz, mas com seu manual imposto de sobrevivência.
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João Paulo 19/03/2022

Enfim finalizei essa trilogia tão necessária e real. De todos os três livros ?Prisioneiras? foi o mais doloroso. Conhecer um pouco da realidade de mulheres que vivem em um sistema penitenciário cheio de falhas sem contato com sua família e tão sozinhas. E que ser humano grandioso é o Drauzio. Sem palavras para toda empatia e bondade com o próximo.
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Louise Mariane 12/11/2023

Doutor Drauzio escreve muito bem.
Eu gostei muito de ler, pena que não segui a ordem que gostaria: primeiro Carandiru; segundo Carcereiros e; terceiro Prisioneiras.
Tudo bem, não tem problema em não seguir a ordem. Foi uma boa leitura e certamente, quando puder ler os outros, também será incrível.
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fev 01/08/2023

Prisioneiras é, para mim, ainda mais fascinante que Estação Carandiru. Apesar de ser menos insalubre e mais organizado o encarceramento feminino consegue ser tão violento quanto o masculino em seus próprios termos. A questão de gênero, machismo e sexismo não desaparecem quando as mulheres são presas. E junto com isso há o abandono afetivo.

As histórias em Prisioneiras pareceram-me mais organizadas e mais fáceis de acompanhar do que em Estação Carandiru. Aqui não há tanta violência como no primeiro livro de Drauzio Varella. Isso se dá por ele não voluntariar em uma prisão superlotada e também por ser uma cadeia comandada pelo Primeiro Comando da Capital. Por sinal, nesse livro o médico explica um pouco sobre o funcionamento do Primeiro Comando. Funcionamento que me deixou boquiaberto pela competência, organização e poder. É claro que com o uso do medo e da violência é mais fácil comandar as pessoas. Mas ainda assim não deixa de ser surreal o poder que criminosos exercem em uma área que deveria ser exclusiva de governos e polícias. Mas o dinheiro corrompe qualquer pessoa em um país desigual. Se o dinheiro não compra, o poder mata.

Outro destaque que daria nos relatos feitos pelo autor seria quanto ao comportamento sexual das mulheres na prisão que muitas vezes se transforma pelo abandono afetivo dos companheiros e familiares. É questão interessante para ser analisada principalmente por mulheres heterossexuais que começam a se relacionarem com outras mulheres afetivo e sexualmente enquanto estão presas, mas assim que são libertas deixam e até mesmo negam essa forma de afetividade. Ainda é possível ver o quanto essas relações são sedimentadas no machismo que percorre toda a sociedade. É intrigante as várias formas de comportamentos e denominações.

Apesar de um presídio menos caótico, as mulheres estão ali também por cometerem crimes violentos. É interessante acompanhar como as dinâmicas diferem para os mesmos comportamentos e violências ou escolhas. Varella também traz uma discussão sobre o crescimento exorbitante da população prisional, o encarceramento desnecessário, os erros e acertos da justiça brasileira.

É um livro bem interessante e com uma leitura gostosa de acompanhar mesmo com as frases enormes do autor e dos seus deslizes em formas machistas e sexistas em alguns momentos. Enfim, em Prisioneiras é excelente e mostra que mulheres criminosas ainda são mulheres.
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Lo 29/08/2023

Tocante e real
Através da incrível capacidade do Drauzio em falar sobre um assunto sem julgar, conhecemos melhor a realidade dos presídios femininos brasileiros e como as estruturas e esteriótipos sociais se refletem nestes ambientes. Importante frisar que contém relatos com bastante descrições sobre violência e abusos.
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Raissa 09/07/2022

O trabalho de Drauzio Varella como médico voluntário em penitenciárias começou em 1989, na extinta Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru. Os anos de clínica e as histórias dos presos, dos funcionários e da própria cadeia seriam retratados nos aclamados livros Estação Carandiru (1999) e Carcereiros (2014). .
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Nath 20/04/2022

Prisioneiros é tão bom quanto os outros dois, mas consegue ser ainda mais doloroso. Como mulher você sente muito as dores de muito o que essas mulheres passam quando encarceradas, e pior, muita coisa que você mal poderia imaginar. O machismo está escancarado aqui. A forma como essas mulheres são rapidamente abandonadas por todos, até mesmo aqueles que são os responsáveis diretos por elas estarem ali... É realmente muito triste.
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mariana113 10/03/2021

De toda a trilogia, "Prisioneiras" foi de longe o meu livro favorito. É um livro denso, com relatos muito pesados e impactantes em alguns capítulos mas que se faz extremamente necessário na compreensão de problemas sociais que permeiam toda a questão da violência urbana e da criminalidade.

O livro aborda de forma muito perspicaz a origem desses problemas. O crime é, de fato, algo mais complexo e estruturado do que o senso comum é capaz de imaginar. É chocante perceber que a grande maioria das mulheres retratadas no livro são de classes desfavorecidas, a mercê da violência doméstica, do abuso sexual, da gravidez precoce, da desorganização familiar e da exposição a violência desde muito criança. É muito triste observar a trajetória delas e perceber o padrão se repetindo: primeiro a vulnerabilidade social, seguido pelo abuso de drogas, seguido pelo envolvimento no crime e na violência.

É terrível ver como os direitos são negados a essas pessoas o tempo todo. Terrível haver uma realidade onde meninas de 10/11 anos de idade muitas vezes precisam se tornar chefes de família. Crianças com idade de brincar de boneca se tornando mães. A sociedade falha e falhará todos os dias enquanto esse tipo de coisa acontecer. Achei interessantíssimo a descrição do Comando, surgido logo após a morte dos 111 no Carandiru. Frente a uma população tão carente de direitos, não é de se estranhar que facções criminosas ganhem afiliados dia pós dia. A verdade é que essas organizações prestam serviços negados pelo Estado a essas pessoas, as subsidiam e permitem que elas sustentem suas vidas através do trabalho ilícito. O aumento da criminalidade e da violência é só uma consequência desses fatores.

Recomendo muito a leitura desse livro, bem como a dos outros dois que compõem a trilogia: "Estação Carandiru" e "Carcereiros". Toda a minha solidariedade e admiração ao Drauzio em todas as suas décadas de um trabalho extremamente necessário com a população carcerária.
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