Resistência

Resistência Affinity Konar




Resenhas - Resistência


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Elidiane 01/06/2017

''Auschwitz nunca se esqueceu de mim. Implorei para que esquecesse.''

Histórias sobre a Segunda Guerra Mundial, e consequentemente o Holocausto, sempre me chamaram a atenção, é difícil acreditar que isso realmente tenha acontecido, mas cada pesquisa que realizo sobre o assunto, cada documentário e filme que assisto sobre o massacre dos Judeus pelos nazistas me faz perceber o quanto ainda sou ingênua sobre esses fatos. E quando li Resistência, da autora Affinity Konar descobri ainda mais o quanto as crianças judias sofreram no campo de concentração de Auschwitz nas mãos de um homem insano que se intitulava médico mas que na verdade marcou a vida e o corpo dessas crianças inocentes de uma forma inimaginável.

As irmãs gêmeas Pearl e Stasha são inseparáveis. Mas quando as duas são enviadas para Auschwitz com a família, o mundo que elas conheciam deixa de existir completamente. Separadas da mãe e do avô, as duas ficam a mercê de Josef Mengele um homem que era a própria morte em pessoa, que se intitulava médico, e era o responsável pelo Zoológico de Mengele. Para lá, ele levava todas as crianças, a maioria delas gêmeas, mas ele também aprisionava crianças albinas, anões ou aquelas que lhe chamassem mais a atenção, eram todas selecionadas para terríveis experimentos cientísticos nazistas que não tiveram valor nenhum, apenas sequelas, mortes, e sofrimento.

''Para onde quer que olhássemos, havia um duplo, uma idêntica. Todas meninas. Meninas tristes, meninas pequenas, meninas de lugares distantes, meninas que podiam ser do nosso bairro. Algumas dessas meninas estavam quietas, pousavam feito passarinhos em seus colchões de palha e nos examinavam. Quando passamos por elas em seus poleiros, vi as escolhidas, as selecionadas para sofrer certas coisas enquanto suas duplas continuavam intocadas. De quase todos os pares, uma gêmea tinha a coluna defeituosa, uma perna quebrada, um tampão no olho, um ferimento, uma cicatriz, uma muleta.'' Página. 19

Stasha e Pearl quando chegam a Auschwitz tentam manter as memórias do passado, e também a esperança de um futuro incerto, elas inventam brincadeiras para fugir um pouco da realidade em que vivem, mas a cada encontro com o Anjo da Morte, o doutor Mengele, mais difícil se torna as suas vidas, pois a crueldade com essas crianças e todos os testes que ele impõe principalmente para Pearl a deixa cada dia mais debilitada. Stasha pensa que se tornando uma das ''favoritas'' de Mengele, deixando ele fazer os experimentos que desejasse com ela, talvez diminuísse o sofrimento da irmã, inocente, não saberia o mal que estaria por vir.

Quando Pearl desaparece, não existe mais vida para Stasha, ela se transforma em uma completa infeliz sem a sua metade, e promete a si mesma que um dia irá matar Mengele, e ela contará com a ajuda de um grande amigo, Feliks, um garoto que também teve perdas, e que possui os mesmos desejos que Stasha. Os dois partirão em busca de vingança, mas encontrarão grandes perigos pela frente, será uma aventura repleta de grandes decisões a serem tomadas, momentos inesquecíveis e encontros que mudarão as suas frágeis vidas para sempre.

''Desviamos para lá e pra cá naquela passagem indo ao zoológico de Versóvia e no caminho imploramos às nossas respectivas autoridades, que eram Deus para Feliks, e o destino para mim, para nos darem força para acabar com o homem que gerou aquele ódio terrível em nossos corações.'' Página. 247

O livro é dividido em duas partes, são vários capítulos com a narrativa intercalada entre a Stasha e a Pearl. O final de cada capítulo mexe com todas as nossas emoções, sentimos uma ansiedade por tudo ainda o que está por vir. E enquanto realizava essa leitura fiz várias pesquisas na internet sobre as irmãs Eva e Miriam Mozes que deram origem a essa história criada pela Konar, e também sobre o abominável e temível Mengele, eu fiquei chocada com tudo o que li, e descobri. Pois é, caro leitor pode ter certeza que quando você descobre que vários fatos realmente aconteceram, a leitura se torna muito mais rica e significativa

Gostaria de dar todas as estrelas do céu para esse livro, é sem dúvida nenhuma um dos melhores livros que li esse ano. É impossível não ser cativado pela narrativa da Affinity Konar, me vi em vários momentos bem triste, mas a forma como a autora narra os acontecimentos, de modo doce, e muitas vezes poético me fez sentir como se eu fosse uma irmã mais velha de Pearl e Stasha, pois eu sofri cada vez que as mutilavam, senti a felicidade do amor de irmãs que compartilhavam e torci desesperadamente para terminasse unidas e felizes.

A beleza desse livro é tão tocante, essas papoulas na capa tem um significado incrível na história. Resistência despedaçou o meu coração, mas me deixou embevecida quando fechei a última página, também me mostrou a crueldade humana, e o sofrimento que foi a época terrível do Holocausto. Porém renovou a minha fé, e a esperança de que dias melhores sempre virão, e de como o amor puro entre irmãos é uma dádiva, que tudo pode suportar.

''Em meu rosa fetal, tive de encarar essa verdade: sem ela eu seria apenas um pedaço, uma coisa sem valor algum, um ser humano incapaz de amar.'' Página. 9

site: + resenhas: http://www.leituraentreamigas.com.br/
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Ana 21/05/2017

Sempre me interesso por livros ambientados durante a Segunda Guerra Mundial, apesar de carregarem, quase sempre, uma história muito triste e pesada. Em Resistência, conhecemos a história das gêmeas Pearl e Stasha, de 12 anos de idade, que têm a infância roubada pelo terrível Dr. Mengele. Popularmente chamado de "Anjo da Morte", o médico nazista ficou conhecido por realizar experimentos terríveis com anões, grávidas, albinos, mas, principalmente, irmãos gêmeos.

As irmãs são como sombra uma da outra e sempre foram muito unidas. O livro é narrado sob o ponto de vista das duas, então temos a plena noção do que ambas estão sentindo. O que eu achei um pouco perturbador, no decorrer da leitura, é que Stasha tinha um desejo muito grande de ser a irmã, que sempre foi a preferida de todos. Pode parecer normal, mas essa fixação era tanta que elas ensaiavam para fazerem tudo igual e isso me incomodou demais. Não que seja um defeito do livro, mas gente, Stasha era muito possessiva em relação à Pearl. Então, apesar de termos todas a atrocidades do Dr. Mengele, Resistência foca muito mais na unidade das irmãs e em como elas lidam com toda a situação.

A narrativa de Affinity Konar é extremamente delicada, principalmente por serem crianças narrando tantas coisas ruins. Justamente por esse fato é que não vemos os experimentos do Anjo da Morte tão explicitamente, mas sabemos que aconteceu — eu, particularmente, gostaria de ter visto mais. Stasha começa a ficar tão obsessiva pela "ciência" de Mengele que quase tudo sobre o assunto é mostrado na visão dela. Pearl, por sua vez, acaba ficando com as partes mais leves, contando mais sobre os seus sentimentos, as reações aos experimentos e as coisas ao seu redor. Mas não se enganem. Apesar da descrição leve, o conteúdo não deixa de ser impactante.

Fiz algumas pesquisas sobre o Dr. Mengele antes de escrever essa resenha e fiquei realmente aterrorizada. Ainda é difícil para mim aceitar que uma pessoa fez coisas tão desumanas em busca da perfeição genética. Seus procedimentos horrendos incluíram costurar irmãos nos pulsos e nas costas, na tentativa de criar irmãos siameses; extração de membros, sem anestesia e até mesmo testes de resistência, onde ele jogava as crianças vivas dentro de uma espécie de caldeirão fervendo. Ah, para deixar as coisas um pouco piores, Pearl e Stasha foram inspiradas nas irmãs Miriam e Eva Mozes, sobreviventes do Holocausto.

Não é atoa que Resistência foi considerado o livro do ano pela Amazon e pela Publishers Weekly. É o tipo de livro que a gente tem dificuldade em resenhar, porque é uma história que não dá para esquecer. É impossível não se questionar como existiram — e ainda existem — pessoas tão cruéis nesse mundo e a tristeza que a gente absorve dessa história é tão grande que não dá para explicar. Para mim, foi uma leitura importante pela sua reflexão: nunca é tarde para a gente sentir empatia e admirar todas as pessoas que conseguiram, de alguma forma, sair desse pesadelo.

site: http://www.roendolivros.com.br/
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Laís 19/05/2017

Auschwitz - campo de concentração onde eram levados alguns dos muitos prisioneiros do regime nazista. Entre os que foram levados a esse inferno na terra, estão as irmãs gêmeas Pearl e Stasha. Os gêmeos, ali, tinham um valor especial: o médico os adorava, pois era com eles que dedicava grande parte do seu tempo, fazendo experiências inimagináveis e, pra falar o mínimo, cruéis.

As gêmeas, antes uma só, são pela primeira vez na vida separadas. As marcas da guerra estão impressas no corpo, dentro de suas entranhas, dentro de seus corações. É no meio de tanta tristeza, destruição e sofrimento, agulhas e bisturis, que ambas precisam encontrar forças pra sobreviverem e, assim como antes, se tornarem uma.

Resistência é mais um livro que fala sobre a destruição em massa que foi o Nazismo. Mais um livro que choca o leitor, porque embora seja ficção, não deixa de conter informações reais. Esse assunto mexe com o nosso imaginário. Qualquer pessoa que já tenha ouvido sobre a Segunda Guerra Mundial, sabe que os campos eram conhecidos como campos de morte e tortura.

Mas, embora tenha me sentido angustiada com a tocante história contada no livro, Resistência não foi uma das minhas melhores leituras.

Esse tema é algo que exige muita empatia do leitor. Logo nas primeiras paginas, a autora já nos joga no meio de um quarto em Auschwitz. Eu senti falta de mais introdução, algo que me permitisse conhecer as meninas. Sem isso, eu senti que de certa forma ficou superficial, um sofrimento forçado. Como não senti empatia pelas personagens logo no início, demorou muito para que eu me conectasse com a história. Aliás, somente na segunda parte do livro que isso aconteceu - onde a história está mais amadurecida.

Também não gostei muito da escrita da autora. Em diversos momentos achei bem confusa e carente de informações.

Eu pretendo reler esse livro. Acredito que agora, depois de conhecer melhor as personagens e a história, eu consiga sentir mais carinho pela trajetória delas e aproveite mais o livro. Eu estava com muitas expectativas e, embora tenha sido uma boa leitura, senti que poderia ter sido muito melhor.
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Galáxia de Ideias 12/05/2017

Sentimento em cada página
Nunca tinha lido nada da 2º Guerra Mundial. Esse tema sempre foi muito perturbador e forte pra mim, mas de algum jeito, fiquei extremamente curiosa em conhecer a estória das gêmeas que sofreram nas mãos de Mengele, e posso dizer sem sobras de dúvidas que minha empreitada com livros do tema acabou por aqui. Não que o livro seja ruim, pois é fantástico, mas não tenho estruturas emocionais para ver tanto sofrimento.

O livro é narrado pelas duas meninas em capítulos alternados. Apesar de suas semelhanças físicas, as elas são completamente diferentes em relação as personalidades, e vemos isso claramente nessa alternância de narrativa. Pearl é centrada, talentosa cem artes, se dá bem com as pessoas, e também é aquela que enxerga as coisas como elas realmente são. Já Stasha é basicamente uma garota sonhadora com imaginação fértil que está a sombra da irmã. Ela sempre desejou mais do que tudo que elas fossem uma única pessoa. Essa igualdade é tudo para a menina e também mostra uma falta de identidade pessoal que possuí, pois busca constantemente ser como a irmã.

Isso vai sendo desmiuçado durante a estória, ao mesmo tempo que Stasha começa adquirir uma identidade própria, também a personalidade de ambas é alterada conforme os meses vão passando. No "Zoológico", a situação muda. Stasha se torna mais dinâmica e ativa, e Pearl murcha, era como se tivessem tirado sua vida. Essa notória diferença deve-se ao fato de Stasha não compreender como a irmã o que o Zoológico faz com as pessoas. Ela sabe sim que são feitas experiências e alterações nas pessoas, mas sua visão é inocente, lúdica e fantasiosa. Para vocês terem uma ideia, ela acredita fielmente que as injeções que ela tomou a tornaram imortal. Essa pequena diferença entre elas atraí a atenção de Mengele pois ele considera Stasha a mais forte das irmãs. A partir da daí, as piores "coisas" são infligidas á Pearl.

Mesmo a narrativa sendo alterando entre as duas, e por consequência, ambas são as protagonistas da estória, Stasha está mais imposta ao leitor. Tanto por seus capítulos serem mais interessantes, como também por Pearl está sempre pensando no bem estar da irmã. Pearl sente que não ficará muito tempo por ali, e mesmo Stasha começando adquirir uma identidade, ela precisa saber viver sem Pearl, e é isso que ela faz aos poucos, tenta amenizar o laço que existe entre elas.

A necessidade que Stasha sente da irmã é gritante, é um sentimento de dependência, como se fosse um membro do próprio corpo. Também o amor que sentem uma pela outra é tocante. Mesmo sendo tão jovens, com 12 anos, as meninas fazem tudo uma pela outra, e a ligação que possuem é tão forte, que compartilham suas dores inconscientemente. O mais curiosa pra mim, foi que elas sentem falta da mãe, mas possuem a si e de um jeito peculiar que essa falta é preenchida entre sí.

Acho que pra mim, de tudo na estória, o que mais me impactou foi ver a inocência indo embora. São tantas atrocidades cometidas no local que embrulhava meu estômago, e vemos tudo através dos olhos de uma criança. Saber que tudo isso realmente aconteceu dá um peso maior para os fatos narrados. Tem uma passagem que chorei como nunca tinha chorada antes em nenhum livro. Nela Stasha e um amigo estão no pátio vendo nuvens e falando as formas que parecem. Normal para qualquer criança, mas a única coisa que o amigo via era nazistas sofrendo. Foi tão intenso e forte pra mim que tive que parar a leitura para respirar.

"Um relógio, eu disse, apontando para uma nuvem.
– Um nazista! – disse Paciente.
Apontei para outra nuvem.
– Um coelho – falei.
– Um nazista! – exclamou Paciente.
E essa rotina continuou. Quando eu via uma noiva, um fantasma, um dente, uma colher, Paciente só via um nazista. Às vezes os nazistas dele estavam dormindo, palitando os dentes, mas em geral eram apenas nazistas morrendo."
Stasha - Página 87

Mengele está ativamente presente e vemos várias interações dele com os "pacientes". Ele pede para que as crianças o chamem de Tio, e, logo apôs, injeta várias substâncias em suas veias. Não são somente gêmeos que estão no Zoológico, também possuí pessoas com nanismo, albinismo, com olhos violeta, ou até com calda. Qualquer "diferença" genética que uma pessoa possa ter, é razão para ser estuda por Mengele. Li algumas resenhas de pessoas que acharam que deveria ter uma visão mais ampla de Auschwitz, mostrar as coisas que realmente acontecia lá, mas achei que não foi necessário. A autora quis passar a maldade do lugar através dos olhos de uma criança, e nisso ela foi muito bem sucedida.

A estória também possuem alguns personagens secundários, como Bruna, uma garota russa albina que veio de uma favela. Ela é mais velha que as meninas e também está a mais tempo no local, assim, acaba adotar e ensinar como se faz para sobreviver no local. Também Pearl conhece Peter, um jovem considerado garoto de recados que tem permissão para ir e vir quando quiser, e de um jeito bem inocente, ambos vêem como um porto seguro.

Stasha por sua vez, conhece o Paciente. Um menino que perdeu seu irmão, mas que por alguma razão ainda é mantido no local. Sempre que um dos gêmeos morre, o outro logo é descartado, mas com o Paciente foi diferente. Stasha com sua inocência, começa a observar o Mengele e as enfermeiras, buscando apender para poder ajudar o Paciente a se recuperar, mais uma vez, vemos o quanto a menina é lúdica e sensível.

A edição física do livro está bem caprichada. Além da capa atraente e convidativa, o título é em alto relevo e envernizado contrastando com o fosco do demais. Internamente trás folhas amareladas, uma diagramação confortável e orelhas em ambas as capas. Todo começo de capítulo temos um título que remete ao assunto tratado nele, e também em todas as páginas tem o nome do narrador do capítulo. A escrita da autora é muito gostosa de ler. Também é bem poética e cheia de floreios em algumas passagens. Ela descreve minuciosamente as coisas, isso por algumas vezes tornou a leitura cansativa, mas também deixava tudo muito mais bonito. Em contrapartida, a autora também era direta e crua em suas descrições, principalmente em cenas que as meninas eram torturadas. Isso mostra um domínio sobre sua escrita que encaixa ambas características na hora certa.

Essa resenha ficou imensa, mas é quase uma tarefa impossível falar de um livro que você gostou tanto, mas que ao mesmo tempo não deseja repetir a experiencia. Resistência é o tipo de livro que dói ao ler. Os sentimentos dos personagens estão intricados em capa página. A angústia acompanha o leitor em cada palavra lida, e mesmo assim, é impossível deixá-lo e não saber como as coisas vão acabar para as gêmeas, mesmo que a sensação que perdure seja que não será feliz. Não recomendo o livro para qualquer um, é um livro com suas peculiaridades e que podem não agradar a todos, mas ao mesmo tempo, é o tipo de livro que recomendo a todos pois mostra o quando o ser humano precisa evoluir a cada dia. Pearl e Stasha são personagens fictícias baseadas em duas meninas reais que viveram uma Auschwitz real. A maldade foi real e as pessoas precisam conhecer para que não se cometa os mesmos erros.

site: http://rillismo.blogspot.com.br/2017/05/resenha-resistencia-por-affinity-konar.html
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Xande 28/04/2017

Resistência
"Apesar de ser apenas uma menina, eu tinha alguma ideias sobre a violência. A violência tinha um horizonte, um cheiro, uma cor, eu tinha visto em livros e noticiários filmados, mas só fui realmente conhecê-la quando vi seus efeitos em Zayde, quando o vi descer para o nosso lar no porão do gueto com um trapo vermelho cobrindo o rosto, quando vi mamãe fazer em silêncio o curativo no nariz dele com um pedaço de pano rasgado da bainha da camisola dela…"
Resistência é o primeiro romance publicado de Affinity Konar. De ascendência polonesa-judaica, a autora de 39 anos vive atualmente na Califórnia, tem Mestrado em artes e Ficção pela Columbia University. A trama é ambientada em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, em Auschwitz. Por tratar-se de uma ficção histórica, a autora incorporou em seu romance personagens reais e ficcionais, inspirando-se, para a criação das principais personagens, a comovente história das irmãs gêmeas Eva e Miriam Mozes.
O livro dispõe de duas partes que são subdivididas em capítulos; narrados ora por Pearl, ora por Stasha, protagonistas da história. Na primeira parte temos a narrativa dos fatos acontecidos dentro de Auschwitz até o começo da sua queda, em 1945. Na segunda são apresentados os fatos ocorridos durante e após a queda do campo.
Se o que aconteceu nos campos de concentração já foi desumano, em Auschwitz, atrocidades maiores aconteceram pelas mãos do sádico médico alemão Josef Mengele. Por serem gêmeas, as meninas são levadas para o seu “zoológico” particular, pois, assim como o nanismo, o gigantismo e o albinismo e a fim de servirem como objetos de suas experiências macabras e insanas, crianças gêmeas também despertavam a curiosidade e o interesse do “Anjo da Morte”, como o médico era conhecido.
No zoológico as meninas têm a sua infância roubada, tendo como escape apenas os jogos criados outrora pelo seu avô, assim, elas “fugiam” dos horrores do campo e mantinham a esperança de serem livres novamente. Se os números em seus braços se encarregavam de tirar-lhes a individualidade, o Pai dos Gêmeos (responsável por supervisionar todos os gêmeos do campo, entre outras atribuições) esforçava-se em manter a identidade de cada criança, fazendo sempre a sua chamada, um a um, todos os dias pelos seus reais nomes.
"– Sua primeira tarefa na aula é aprender os nomes das outras crianças. Recitem os nomes uma para a outra. Quando chegar uma nova criança, aprendam o nome dela também. Quando uma criança nos deixar, lembrem-se do nome dela também."
Assim como o Pai dos Gêmeos, a doutora Miri – uma médica judia que curiosamente tinha o respeito de Mengele – era uma guardiã que, mesmo tendo que prestar serviços para o médico, fazia tudo que estivesse ao seu alcance para cuidar e proteger as crianças dos ataques e abusos da enfermeira Elma, a sua antítese.
Dois meninos também são muito importantes para as gêmeas. Entre eles é criado um laço muito forte de amizade e cumplicidade. Stasha alia-se a “paciente”, um garoto cujo irmão morreu e que, com o tempo, associa-se à Stasha em sua busca por vingança. Pearl tem como aliado Peter, um menino inteligente e astuto que consegue se esgueirar por todos os cantos do campo, tornando-se a pessoa capaz de conseguir qualquer coisa, para qualquer um, sendo assim, uma figura muito conhecida e admirada por todas as crianças do campo.
Com capítulos curtos e linguagem simples, o leitor é convidado, em Resistência, a testemunhar os horrores praticados dentro dos campos de concentração através dos olhos esperançosos das meninas que, arrancadas da família, viram na existência uma da outra razão para continuar lutando e buscando junto com outras crianças a tão cara e desejada liberdade.
Affinity minudencia com precisão as mudanças comportamentais, psicológicas e pessoais das meninas na medida em que elas são submetidas às privações do campo e aos experimentos de Mengele. Para sobreviverem, além de adotarem as táticas das crianças residentes no “zoológico” para complementarem as refeições e fugirem das idas às enfermarias, as suas personalidades passam por transformações e adaptações que serão essenciais para manterem-se lúcidas durante a angustiante estadia sob o jugo do “Anjo da Morte”.
Se Resistência nos mostra o lado mais negro que pode existir na humanidade, através dos extermínios, experimentos médicos e subjugação da raça humana, também nos mostra o melhor que cada um pode ser, na solidariedade, na piedade e no amor, mesmo em um lugar onde impera a dor e o sofrimento.

site: https://garimpoliterario.wordpress.com/2017/04/18/resenha-resistencia-affinity-konar/
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Luiza.Thereza 26/04/2017

Resistência
As vezes você escolhe um livro pela capa e se dá muito bem com isso. Em outras, se arrepende amargamente por não ter prestado mais atenção à sinopse. Resistência está no segundo caso.

Pearl e Stasha Zagorski são gêmeas idênticas que foram tiradas do vagão em que viajavam junto com sua mãe e avô para serem levadas ao campo de concentração de Aushwitz. Por dividirem a mesma carga genética, elas atraíram a curiosidade do Dr. Joseph Mengele, o Anjo da Morte ale.

Entre os horrores do campo de concentração e os experimentos de Menguele, Pearl e Stasha procuram se manter unidas e preservar o amor familiar e a esperança, mas mesmo o mundo particular criado por elas é frágil.

A história não para por aí mas, confesso, não consegui avançar.

Depois de tantos anos lendo o máximo de livros que consegui, achei que havia criado certa resistência contra algumas histórias. Algum tipo de barreira que não me deixasse imergir demais em enredos que se aprofundassem no sofrimento humano e, mais ainda, quando esse sofrimento é imposto a crianças. Bem, com Resistência descobri que continuo tão vulnerável quanto antes.

A muito custo consegui chegar á página 86, e isso foi depois de quatro dias me obrigando a continuar a leitura, mas não deu.

site: http://www.oslivrosdebela.com/2017/04/resistencia-affinity-konar.html
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day 25/04/2017

triste e real
Um livro forte...triste e chocante .
As barbaridades do Anjo da morte Dr Mengele,narradas pelas gêmeas Pearl e Stasha.
Nada em nenhum filme de terror,poderia descrever o que se passava naqueles laboratórios de Auschwitz ,no comando do médico monstro.
Mengele ,gostava de gêmeos ,de testar até onde alguém pode ser modificado...aguentar ...resistir ...
Achei o livro difícil de ler,pelo tamanho sofrimento das crianças naquele ambiente tão hostil.
" Auschwitz nunca se esqueceu de mim.Implorei para que esquecesse .Mas mesmo quando eu chorei e pedi e murchei ele cuidou de saber o meu número e de contar cada alma como sua propriedade. Nós éramos tão inumeráveis que devíamos ter dominado aquela terra em que pisávamos,transformando-a em nada. Mas aquele pedaço de terra não podia ser dominado.Alguns afirmavam que poderíamos vencê-la se entendêssemos sua perversidade por completo. Mas sempre que começávamos a entender o mal,o próprio mal aumentava.Outros acreditavam que a esperança ia vencer.Mas sempre que surgiam esperanças,vinha junto as torturas.Era nisso que eu acreditava."
O livro fica bastante tenso e triste quando as irmãs são separadas e cada uma segue no martírio de viver naquele inferno.
O final é muito bom,e amei a escrita da autora.
Vale a pena ler.


site: http://escreverdayse.blogspot.com.br/
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Driely Meira 23/04/2017

Marcante
Jamais diga que chegou ao fim
Quando céus de chumbo anunciam um futuro amargo;
Pois certamente a hora que desejamos ainda vai chegar
E na marcha nossos passos serão trovoada: sobreviveremos.
- “Zog Nit Keyn Mol”, música da resistência judaica.
- página 220

Stasha e Pearl são gêmeas e, como tal, não se desgrudam desde que nasceram. Pearl é boa com a dança e com muitas outras coisas, e Stasha é boa em querer ser Pearl...e em contar piadas e mentir. Elas foram enviadas para Auschwitz em 1944 para fazerem parte dos experimentos cruéis, horríveis (coloque quantos adjetivos ruins quiser, ainda assim não tem como descrever) do Dr. Josef Mengele, também conhecido como Anjo da Morte. Mengele tinha fixação por gêmeos, trigêmeos e qualquer outra característica que tornasse alguém “diferente” ou, em seu ponto de vista, “especial”, e fazia pesquisas e mais pesquisas utilizando crianças e adolescentes.

As meninas eram jovens, mas sabiam o que acontecia naquele lugar onde estavam. Tinham uma à outra, então sabiam que iriam sobreviver, contanto que continuassem juntas, assim como faziam todos os outros gêmeos de Auschwitz. Stasha possuía uma imaginação muito fértil e era uma criança sonhadora, de forma que acreditava que sua família estava sendo bem cuidada, já que elas eram cobaias de Mengele, mas Pearl não. Pearl já era mais realista e, por conta disso e de outros fatores, era mais fechada.

A pele de Pearl era branca como a neve. Eu tinha pele de sol, toda pintada. Pearl era toda feminina. Eu queria ser toda Pearl, mas por mais que me esforçasse, só conseguia ser eu. – página 16

Sendo uma das favoritas de Mengele, Stasha ganhava “tratamento especial”, ou pelo menos achava que sim. Ela podia aguentar as agulhadas e as doenças que injetavam em suas veias, também aguentava quando queimavam seus tímpanos ou a cegavam. Mas ela não sabia se podia aguentar ficar sem Pearl, e quando Pearl simplesmente desapareceu, Stasha não sabia o que fazer. Ela não queria acreditar que a irmã tinha morrido. Mas se não estava morta, onde é que ela estava?

“Espero que vocês entendam, que não sou mais eu sem a Pearl.” – página 164

Eu estava com expectativas muito altas para este livro, principalmente por ter sido inspirado na história real das gêmeas Eva e Miriam Mozes e por tratar de temas tão fortes e chocantes. É um livro de partir o coração, nós lemos e vemos o que aconteceu na época, mas, ainda assim, não dá para acreditar que é verdade, parece até ficção. Este é um livro cru, apesar de ter muitas metáforas e uma personagem sonhadora e criativa. É um livro triste, me fez chorar em alguns momentos e me deixou chocada em tantos outros.

O livro não só mostra as gêmeas presas em Auschwitz e passando por tudo o que passaram lá, como também o que houve com elas quando a guerra foi chegando ao fim, e os nazistas começaram a destruir todas as provas, anotações e a matar ainda mais gente antes que a Cruz Vermelha chegasse. Não sei qual parte foi a mais chocante, ou a que mais me surpreendeu, mas o livro é uma caixinha de surpresas, e eu pude sentir o medo e a angustia dos personagens na pele.

O único problema foi.... O livro é cansativo. Muito. Eu tinha lido as primeiras 50 páginas meio que engolindo, imaginando que logo começaria a gostar para valer e que depois disso deslancharia, como acontece muitas vezes. Mas não foi assim. Algumas partes até que foram rápidas e envolventes, mas a narração não me agradou muito, e isso atrapalhou em muito a leitura, principalmente porque Resistência é narrado por Stasha e Pearl, então, consequentemente, acabei não gostando 100% das duas.

Ainda assim, Resistência é um livro muito marcante, cru e belo. Como consta na sinopse, mesmo nos piores momentos, mesmo quando tudo parecia ruir e as coisas só pioravam, as irmãs conseguiam encontrar beleza e apoiavam-se uma na outra, ou em lembranças do passado ou imaginações do futuro. Elas eram crianças cuja infância lhes foi roubada, crianças que precisavam fazer o necessário para sobreviver, [até mesmo fingindo gostar das pessoas que as torturavam todos os dias], crianças que conheceram um sofrimento que nenhuma espécie deveria jamais conhecer.

Apesar dos apesares, das tantas vezes em que peguei o livro e disse a mim mesma que o terminaria e não o fiz, Resistência me marcou. Me marcou por ser inspirado em histórias reais, e por trazer o belo e o feio, e o amor pela família e pelos amigos ao mesmo tempo em que mostrava o pior do ser humano. Talvez eu seja a única a não gostar tanto do livro, talvez não. Mas tenho certeza de que não serei a única a chorar com algumas partes, e nem mesmo a única a sorrir em outras. Resistência me trouxe tantos sentimentos que, quando chegou ao final, fiquei aliviada por ter acabado, pois era tanto sofrimento que fechar o livro me trouxe paz.

Resistência é um livro completo e um dos mais (emprestando as palavras de Anthony Doerr) perturbadores, poderosos e criativos que eu já li, e também um dos poucos que conseguiram ser belos e feios, tristes e felizes ao mesmo tempo.

site: http://shakedepalavras.blogspot.com.br
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Paty Argachof 07/04/2017

Uma história rica em detalhes!
O tipo de livro que a gente pensa muito antes de fazer uma resenha, porque nada que eu fale vai ser suficientemente bom para expressar o quão doloroso foi ser forçado a viver em Auschwitz. Em “Resistência” de Affinity Konar somos levados a ver a dura realidade que gêmeos sofriam nas mãos do Anjo da Morte, o temido Josef Mengele, mais especificamente a vida de Stasha e Pearl Zagorski, inspiradas na história real das gêmeas Eva e Miriam Mozes, sobreviventes no campo de concentração mais comentado durante a II GGM.

Mais detalhes da obra no Canal Borogodó Literário! Link aqui: https://youtu.be/7S9zjdwJ9sM

site: https://youtu.be/7S9zjdwJ9sM
day 15/04/2017minha estante
resenha maravilhosa!!!!


day 15/04/2017minha estante
perfeita!! vou comprar hoje esse livro,pq vc me deixou curiosa.




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