Resenhas - A Vida Invisível De Eurídice Gusmão

Daniel.Moreira 16/05/2024

Sociedade míope.
O livro de Marta Batalha conta a história de Eurídice que poderia ser a história de muitas mulheres. Mulheres essas, invisíveis perante a imposição social de gênero.

Quanta audácia, Eurídice! Assim como Zélia, Guida, Das Dores e todas as mulheres retratadas são guerreiras. Lutam para serem visíveis nessa sociedade arcaica em que vivemos.

Elas são exemplos de empreendedorismo, de vivência. Resiliência e expertise! Cada página uma história fascinante...

Ahh Eurídice se você fosse vista...

Os obstáculos impostos pela sociedade são tenebrosos.. Que história cativante.

Leiam e não deixem de ver as Euridices que vivem ao nosso lado.

Maria 12/05/2024

A mulher que ela se tornou
Que livro lindo.
A narrativa é emocionante de várias formas diferentes. Conta a história de Euridice e Guida e de como a falta de Guida fez Euridice sumir e se procurar.
Todos os personagens são complexos e cheios de nuances, qualidades e defeitos, e como todos tem motivos para ser como são.
Euridice é uma mulher cheia de qualidades que o marido nunca percebeu, que os filhos nunca notaram e que os pais nunca valorizaram. uma mãe zelosa, filha obediente e esposa atenciosa. Tudo o que uma mulher daquela época precisava ser. Tudo o que ela escolheu deixar sob a superfície.
Eu gosto como a solidão é colocada na narrativa como um lugar e as vezes até como uma personagem que acompanha Euridice.
Quando Euridice diz que "ninguém vale muito quando diz que sua profissão é ser do lar" é impossível não se lembrar das nossas mães, tias e avós que talvez, assim como Euridice. nunca tiveram esse trabalho invisível, que é cuidar da casa e das crianças, reconhecido. É até uma reflexão: será que mais tarde esse será um trabalho que eu farei e não será reconhecido?
Quando Antenor gargalhou da ideia de publicar o seu livro de receitas, aquela risada doeu em Euridice e doeu em mim também. E doerá em toda pessoa - sobretudo em toda mulher - que recorde de algum sonho que já foi engavetado pelos outros.
Foi inevitável pensar aqui em quais coisas Euridice poderia ter feito se o seu marido a apoiasse.
Quando "a vida que segue seguiu" eu pensei naquelas coisas que a gente precisa de mais tempo pra digerir mas que a vida não deixa porque ela precisa seguir.
Eu pensei em Guida, naquela mulher que fugiu deixando tudo pra trás e, depois de um tempo também foi deixada. Que dor acompanhar tudo que essa mulher passou. Que orgulho de sua força. Que felicidade de ver que, no fim, as coisas se encaixaram.
Eu adorei o fato das histórias dos personagens serem sempre contadas porque isso nos lembra que não só a personagem principal tem histórias, e enquanto ela vive os outros também vão vivendo.
É gratificante ver por todas as fases que Euridice passou para, no final, ela encontrar paz nos livros, na escrita, no estudo.
Acho que me identifico um pouco.
Fiquei com gosto de quero mais. Bis!

Luciana 12/05/2024

No livro é explorado temas como o papel da mulher na sociedade, as expectativas familiares e as lutas individuais por independência e reconhecimento.
Além disso, a história aborda as camadas de invisibilidade que as mulheres enfrentam, isso nos anos 40, incrível como ainda hoje essa luta permanece...
A escrita é muito gostosa o que torna a leitura bastante agradável apesar do assunto.

Carolina 09/05/2024

Alugou um triplex na minha mente
Livro excelente com escrita ótima, estória ótima, personagens cheios de camadas interessantes. É fácil se relacionar com os sentimentos que são evocados. Me vi sofrendo as agruras das personagens, ficando feliz, com raiva, inconformada, melancólica... rapaz, que prazer livro assim. Tem algo de todas as mulheres dentro desse "pequeno" grande livro.

ladyhugo 08/05/2024

Sem palavras....
Eu não sei nem como começar essa resenha pois isso indica o fim do meu relacionamento com essa história, e nossa, eu me envolvi tanto mas tanto... como está sendo difícil largar.
o livro começa contando a vida das irmãs eurídice e guida enquanto ainda dividiam o mesmo teto, porém, devido a acasos do destino, as duas acabam se separando e passam o resto de suas vidas tentando se reencontrar. só que a autora passeou tão bem pela vida de todos os personagens que em vários momentos você se vê apegada à história de vida da vizinha de eurídice, e pq? pq esse livro aborda a pedra no sapato de todas nós mulheres. o patriarcado. e isso foi um dos grandes empecilhos na luta das irmãs de rever uma a outra e claro, o título da obra.
você passa pela vida de todos os personagens para entender a relação que isso tem com a vida e invisibilidade de eurídice, o que nos faz esquecer que ela é a protagonista da história algumas vezes (talvez isso tenha sido uma jogada para torná-la ainda mais invisível? não sei, fica aí o questionamento), mas isso não é algo ruim, é até muito bom pq você se prende a todos eles. revolta, ódio, emoção, compaixão, tristeza... tudo isso eu senti acompanhando a história dessas irmãs.
mas ainda não acaba por aí, pois esse livro tem adaptação e ó......... sabe aquele livro que te fez sofrer do início ao fim e mesmo assim tu da 5 estrelas pra ele? essa é a definição deste filme, e da obra literária também. quem puder ler, leia. quem puder assistir, assista. eu juro que não irão se arrepender.

Ray 04/05/2024

Muito triste
Com toda certeza do mundo, esse foi o livro mais triste que eu já li na vida. Nesse livro iremos conhecer a historia de Eurídice Gusmão e sua invisibilidade, nao temos apenas a historia de Eurídice e sim dos demais personagens e acho que é isso que deixa o livro com um toque a mais (e "engraçado" em certos momentos). É muito triste pensar que de fato essas historias aconteceram com as mulheres que vieram muito antes de nós. Quando estamos chegando no final do livro, esperamos alguma virada na vida da Eurídice e não é isso que recebemos, pelo contrario a vida segue ! ( creio que esse foi um ponto que "pegou" todos que leram o livro, esperando algo a mais no final )
Tem alguns momentos que da vontade de bater nos homens e mulheres desse livro, principalmente os pais que nao investem nas filhas em questão de estudo !!!!!! ( entendo que era oq acontecia na época, mas é revoltante !!!!!! ). Em fim, gostei muito, ri bastante e fiquei com muito odio. é isso, beijinhos

Paulo1584 03/05/2024

História da invisibilidade
Demorei o tempo que precisava para ler está história. já conhecia a Eurídice do filme, e foi difícil imaginá-la de outro modo, mas no fim eu consegui. ver mais as marcas que o tempo foram soterrando em seu peito, e todos aqueles dons que ela teve que guardar só para ela, circuscrita a espaços pequenos.

gosto como as histórias vão ganhando camadas aqui, pois Eurídice tem sua história atravessada pela de Antenor, pela história de sua irmã Guida Gusmão, e por tantas outras... no entanto, fico com a sensação de que, se por um lado a autora conseguiu passar essa ideia da "história da invisibilidade", do que é ser mulher nos anos 60, por outro, Eurídice às vezes tornou-se completamente secundária na história. algumas dessas histórias poderiam ser cortadas. há bastante para que saibamos, enquanto leitores interessados, que a vida dela às vezes é engolida pelo que acontece no seu entorno.

este livro me fez chorar e também arrancou boas risadas. atravessei maus e bons momentos com ele e parece ser isso que as boas histórias nos proporcionam. quero ler outras coisas da autora... só não sei quando!

Anna 01/05/2024

Essa leitura pra mim foi uma experiência muito íntima e pessoal, porque parecia que estava lendo sobre a minha relação com minha irmã. O ponto que mais me comoveu foi como todo o desenvolvimento emocional de Eurídice foi ditado pela ausência da irmã, e como a sua perda fez com que ela desvanecesse toda a ambição e a curiosidade que tinha dentro de si. Reafirma em mim a crença que nenhum de nós se forma individualmente e somos também produto de uma série de pessoas e escolhas que tornam a gente possível. Eu senti a perda da irmã e de si mesma, que nem Eurídice, e isso me levou a lugares dentro de mim que me fez relacionar demais com o livro. E Guida, nossa, como admirei a firmeza com que toma as suas decisões e administra a sua vida e a do filho (talvez o fato dela lembrar tanto a minha irmã influenciou essa minha empatia com a personagem). Ainda assim, não me adequei muito ao ritmo do livro, parecia que a narrativa passava muito rapidamente em momentos-chave. Também senti falta de uma imersão mais psicológica/complexa das personagens, que poderia ser mais explorado, havendo tantos sentimentos de perda, amor, ressentimento, crescimento, medo, humilhação etc naquela família. Mas não deixa de ser uma leitura deliciosa,
irônica e extremamente emocional.

Camilla.Conti 03/04/2024

Muito bom!
Em "a vida invisível de Eurídice Gusmão" acompanhamos um pouco da sociedade de classe média carioca da década de 40. Para isso, nos é apresentados diversos personagens, alguns bastante caricatos e outros bem profundos.

Eurídice, personagem que leva o nome no título, é uma esposa bastante recatada, e age assim devido a uma promessa que fez para si mesma após o desaparecimento de sua irmã. Devido a isso, precisa deixar de lado tudo o que poderia lhe render frutos: a flauta, a culinária e a costura. É interessante ver como que mesmo sendo a "personagem principal", Eurídice sempre fica coberta por essa invisibilidade.

Também acompanhamos Guida, a irmã de Eurídice que resolveu sair de casa sem avisar ninguém em sua adolescência, criando essa ruptura na família Gusmão.

O livro é escrito de forma simples, bem humorada e com tons sarcárticos, que me agrada bastante. A única parte que me desagradou foi o final, pois senti que foi corrido e sem conclusão.

Fica a recomendação!

Raysa Pinheiro 29/03/2024

Uma escrita que te envolve, uma história que te prende: assim foi a leitura desse livro. Bacana também para a discussão de vários pontos. Queria que fosse maior, mas gostei bastante

NatRGW 28/03/2024

Até que é bom
Comecei o livro para um curso e não tinha expectativa nenhuma, na verdade até achei que não ia gostar. Acabou que o livro me surpreendeu positivamente com uma história importante sobre a invisibilidade da mulher e que nos faz refletir sobre o assunto. Não consigo me imaginar como a Eurídice, com uma vida chata e sem graça, sendo reprimida de realizar meus sonhos. Enfim, eu acabei gostando.

Juliana 27/03/2024

O invisível trabalho feminino
De leitura fluída e narrativa dinâmica, o livro nos situa na década de 1940 e mostra a invisibilidade da dona de casa, o patriarcado e toda uma questão de classe social. É o retrato da maioria de nossas mães, avós e outras ancestrais. Ainda hoje essa invisibilidade do cuidar ainda existe, menor, mas ainda existe.
No livro apesar de haver personagens que destoam, mostrando-se mais independentes, a cultura e os costumes da época ainda não libertam esas mulheres, que de forma inconsciente, até, alimentam a roda patriarcal. Impossível separar a questão da análise social das classes. Excelente leitura. O final... é aquilo né, a gente fica imaginando uma coisa, uma expectativa...mas combina com a época.

Babi 25/03/2024

A história de nossas avós
Acho muito difícil ler histórias que contam a vida das mulheres em outros séculos. A tudo que era necessário se submeter para ter direitos básicos e como qualquer tipo de pedido ou necessidade acabava sendo consentido em troca de sexo.

Isso é tão doloroso, foi uma realidade muito grande, mas até hoje podemos encontrar esse tipo de relato onde menos esperamos.

Esse livro me tocou muito, me fez chorar, me fez refletir e acima de tudo me fez perceber o quanto a maioria de nossas avós se submeteram para que tenhamos opinião, direitos e respeito, ainda que com muita luta.

Essa história é poderosa e recomendo para todos.

Isabela.Norberto 23/03/2024

Leitura fluida com uma história muito boa
Eu comecei a leitura sem nenhuma expectativa, pois não conhecia a autora, mas fui surpreendida com a qualidade de encadeamento de fatos para tornar a história muito interessante e boa. Gostei da forma como os personagens foram construídos, principalmente quando tinham suas histórias individuais contada, algo do livro que me prendeu ainda mais, porque me deixou muito curiosa. Em alguns momentos do romance eu ficava irritada por precisar interromper a leitura.

Gab Moraes 22/03/2024

Um livro sobre o machismo no Brasil nos anos '40.
Um livro muito bom! Só não sei se é espetacular.
A história conta a vida de Eurídice Gusmão, especialmente sua vida entre os anos '40 e '60. Entre sua história, a autora também narra a história de várias pessoas que cruzam o caminho de Eurídice. É interessante enxergar ao longo da história diversas outras histórias, que poderiam ser histórias únicas em outros livros.
Especialmente por ser um livro de época, podemos observar diversos aspectos e compará-los aos dias atuais. Principalmente em relação a vida das mulheres.
O livros se trata da vida dessa mulher que é uma mulher branca e de classe média. Que vive sim, suas dificuldades em um Brasil tão machista e tão difícil para as mulheres.
Porém, é um recorte.
Um recorte que pode ser interessante de observar, mas não se deve tomar como realidade total, principalmente por Eurídice ser uma mulher que tem uma grande tomada de consciência ao final do livro. Um consciência do lugar onde pertencia naquela sociedade.
Acredito que a autora desejou dar um final positivo para a personagem, mas não sei se foi a melhor opção, porém, o livro não deixa de ser MUITO interessante.
Não sei se realizaria uma releitura. Porém, gostei.