spoiler visualizarNina 23/07/2019
Maniaco do parque disfarçado de Christian Grey
A história gira em torno de Melissa Simon, uma jovem de 24 anos quase que inexperiente no âmbito sexual, e Robert Carter, um magnata de 36 louco por controle. Ela acaba de ser contratada para agir como secretaria de Robert na empresa multimilionária destinada a produto da área medicinal. O problema começa quando a atração entre eles passa ser incontrolável, ao mesmo que a obsessão que Robert possui por controle sobre tudo e todos fazem com que Melissa repense toda aquela situação.
A escrita em si flui bem e leve já a autora não se prende a detalhar tantos os cenários, o que para mim é um ponto positivo pois não sou a maior fã de detalhamento sobre como funciona a arte que compõe a escolha de cor da parede do quarto (bem no estilo Tolkien), contudo esse ponto cai por terra quando as cenas de sexo começam e duram menos do que deveriam, impedindo assim que o leitor não se aprofunde mais naqueles sentimentos descritos (exemplo não literal: nós transamos a noite toda e logo pela manhã, quando já nem conseguia abrir os olhos direito, Robert me acordou e transamos novamente, depois fomos para o avião).
Além de não envolver nos momentos altos que deveriam nos fazer suspirar pelos cantos, tenho que ressaltar o excesso de repetições desnecessárias de coisas que já sabemos (outro exemplo: Melissa fala em um capitulo X que a amizade dela com Nick e Alexa, irmã e cunhadas de Robert, estava crescendo, em seguida Nick precisa se ausentar por causa do trabalho, deixando Mel e Alexa sozinhas para fofocar sobre a empresa, no capítulo Y, dois depois daquela descrição, a mesma coisa acontece, escrito com as mesmas palavras, tanto que pensei estar lendo a mesma página por engano).
Agora é hora de falar sobre o elefante cor de rosa na sala: Os personagens principais:
Robert é o clichê de “homão da porra” dos livros new adult/erótico: alto, rico, influente, lindo de morrer, com um olhar de predador que faz com que TODOS ou tenham medo ou fiquem absurdamente excitados. Sério, não há UM personagem presente ali que não siga esse padrão citado (tirando sua família). Porém o maior problema não é essa sucessão de estereótipos (até por que eu mesma sou uma consumidora assídua de romances clichezentos haha) e sim a personalidade dele.
Creio que autora mirou no galanteador sedutor, porém cafajeste, mas acabou acertando no maníaco do parque. Na mente totalmente disfuncional de Robert da qual a autora criou, o fato dele ser milionário é uma espécie de desculpas para que ele haja de forma totalmente desrespeitosa e fria, sobretudo com a Melissa. Comecemos a listar os absurdos que ele cometeu (atenção com spoilers a seguir): Assédio sexual já no primeiro dia de trabalho da garota, coloca-la sobre monitoramento 24 horas, grampear o celular dela, invadir tanto a privacidade, quanto o apartamento, fazer uma cópia da chave da casa dela, obriga-la a usar as roupas que ele quer, proibi-la de sair com outros caras mesmo eles não tendo nada, leva-la para Grécia somente com o intuito de transar e investigar ainda mais a sua vida. Bom, já deu pra ter uma ideia básica do quão “amorzinho” esse querido é (só que não)
Já Melissa, meu Senhor amado, nunca na vida eu me deparei com uma personagem tão estupidamente sonsa quanto ela. Estava estampado na cara de todos que Robert e Tanya possuíam um relacionamento, entretanto a linda enfia na cabeça que o único problema de ter relações sexuais com ele era o fator CEO X SECRETÁRIA. Quando ela descobre que os dois são marido e mulher, tudo desmorona, ela fica revoltadíssima, diz que não quer mais saber daquilo... e dura duas páginas no máximo, porque logo em seguida ela está lá cheia de suspiros e gemidos para o magnata (detalhe, ela desconfiava que Robert e Tanya namoravam, até aí beleza transar com o chefe, fazia uns draminhas tipo “ah meu Deus, não, isso é errado”, porém, tranquilo, então ela descobre o casamento e fica louca da vida. Sentido? Não há). E sobre as ações dele para com ela? Claramente é compreensível na ótica da personagem sendo que ele, como eu havia dito antes, é alto, rico, influente e lindo de morrer, então pode ser um louco perseguidor (alerta de sarcasmo aqui).
Melissa é totalmente manipulável e isso fica evidente na parte onde ela e o “namoradinho” vão para a balada. Eles estão lá dançando muito faceiros, quando ela olha para frente e vê quem? Isso mesmo, o Todo Poderoso que a manda se afastar do rapaz e ela obedece sem protestar, a tornando assim uma mulher sem vontade própria, sem carisma, sem personalidade evidente, sem nenhum atrativo que faça o leitor se sentir conectado a ela. Definindo Robert e Melissa: O assediador nojento que todos passam pano e a sonsa que acha isso tudo lindo e maravilhoso por conta de alguns orgasmos.
Para finalizar a resenha, Função CEO: A Descoberta do Prazer foi uma grande decepção que não me causou nada além de revolta e cansaço, o que fez eu pensar seriamente se vou ou não continuar com a leitura do livre 2 e 3