Juliana 23/01/2014A Batalha de Azincourt em uma narrativa de tirar o fôlego! É um romance histórico bastante interessante e acho que vale a pena comentar, já que é excelente. A narrativa começa de uma forma um tanto lenta, tornando-se agitada durante as lutas e novamente lenta nos intervalos entre elas. Mas não entendam lento como pouco agradável, as partes lentas são importantes para o entendimento da história, para a formação dos personagens e do cenário. Além disso, a pouca ação destes trechos é mais que compensada pela ação das batalhas.
Este livro narra a história da famosa batalha de Azincourt, quando o exército de Henrique V da Inglaterra enfrenta o exército frânces e, mesmo estando em clara desvantagem numérica em relação aos último, (alguns historiadores chegam a estimar quase 20 franceses para um inglês) tem uma vitória esmagadora, chegando a fazer milhares de prisioneiros. Há, também, outras batalhas descritas na trama, como o longo cerco à Harfleur e a sangrenta invasão de Soissons.
A narrativa é contada sob o ponto de vista do arqueiro inglês Nick Hook, que se torna fora da lei após matar um inimigo em sua cidade e que esteve presente em todas as batalhas supracitadas, tendo se tornado devoto de São Crispim e São Crispiano após ter visto o massacre de Soissons sem ter podido fazer nada para ajudar ninguém, exceto a jovem Melisande. Vale lembrar que a batalha de Azincourt ocorreu no dia desses santos, levando o personagem a crer que a vitória inglesa sob os franceses foi uma vingança pela invasão da cidade, da qual os santos são padroeiros. Ao final da batalha, os ingleses conseguem reunir um número de prisioneiros – nesta época era comum fazer nobres prisioneiros para cobrar ricos resgates pela sua libertação – que superaria seus próprios números. A vitória tanto desta quanto de outras lutas da mesma época, é frequentemente atribuída aos arqueiros, comumente elogiados na obra do autor.
Além das aventuras de Nick e das descrições das batalhas, a obra conta com boas versões dos discursos de Henrique V, famosos pelo livro de Shakespeare com o mesmo nome do monarca (Henrique V). Há, também, referência a personagens de outros livros do mesmo autor, como o arqueiro Thomas de Hookton, protagonista da série Busca do Graal (uma excelente trilogia para quem gosta de romances históricos medievais).
Como a maioria dos livros de Cornwell, Azincourt tem uma narrativa bastante realista, não poupando o leitor de descrições das atrocidades cometidas durante as guerras deste período. Portanto, se você tem nervos fracos e costuma se emocionar ou se enojar facilmente, talvez seja melhor não ler nem este, nem outros livros do autor. Mas se você, como eu, adora descrições de guerras, e aprender um pouco de história de forma mais leve e agradável (e de maneira um tanto superficial também), a leitura desta obra é fortemente recomendada, quase obrigatória. Uma sugestão é ler simultaneamente, ou logo em seguida, o livro de Shakespeare Henrique V, mencionado acima, assim você pode comparar as duas versões e as duas formas de narrar a mesma história, o que eu considero um exercício bem interessante.
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