Vanessa Vieira 30/09/2013
Peça-me O Que Quiser_Megan Maxwell
O livro Peça-me O Que Quiser, primeiro volume da trilogia homônima da espanhola Megan Maxwell, nos conta a história conturbada e repleta de sexualidade do alemão Eric Zimmerman e da secretária Judith Flores. Judith é uma moça de 25 anos e trabalha como secretária na empresa Müller, localizada em Madri. Detesta a sua chefe, Monica, por lhe explorar todos o dias e fazer com que ela sempre saia tarde do escritório e não possa aproveitar a vida como gostaria. Quando Eric, o diretor-chefe da empresa, aparece para uma visita de inspeção, sua vida muda de figura.
Devido ao seu comportamento gélido e seco, Eric possui o simpático apelido de "Iceman". Ele e Judith se conhecem em um momento bem tumultuado, quando ficam presos dentro do elevador. Logo de início, ele se encanta pela espontaneidade e pelo jeito divertido da moça e, como seu chefe, exige que ela o acompanhe pela Espanha, durante suas visitas às sucursais da empresa. O que Judith não poderia imaginar é que, ao lado de Eric, passaria pelas mais diversas experiências sexuais, mergulhando em um universo fora do comum e repleto de erotismo.
Peça-me O Que Quiser é um livro extremamente forte. A autora não teve pudores ao moldar a sua história e explora bastante a sexualidade dos personagens. Porém, não conseguiu mesclar o romance com o erotismo, deixando a obra puramente sexual. Eric, o suposto "mocinho" da história, não tem sentimento algum por Judith, a não ser o forte desejo sexual, e deixa claro isso a todo instante. Já ela, morre de amores por ele e se submete a sua vontade sem pestanejar. Algumas passagens também foram muito forçadas, incluindo algumas cenas de sexo, que ao invés de esbanjarem sensualidade, soaram animalescas, nojentas. Ok, tudo é válido entre quatro paredes, desde que ambas as partes concordem, porém, muito disso aconteceu de forma bem unilateral, o que não me agradou. Narrado em primeira pessoa, pela Judith, acompanhamos a sua jornada ao lado de Iceman e as suas aventuras desenfreadas pelo mundo do prazer e erotismo.
"Antes eu tinha três vícios. Coca-Cola, morangos e chocolate. Agora acrescento um mais forte e poderoso chamado Eric. Eu o desejo...desejo e desejo. Não importa a hora, o momento ou o lugar... eu o desejo."
No início do livro, estava gostando bastante da Judith. Ela era cheia de personalidade, alegre e até mesmo, audaciosa. Mas, infelizmente, tais características foram se perdendo e, ao longo da história, ela não parecia mais a mesma pessoa. Eric a mudou da água para o vinho, transformando-a em seu cordeirinho. Ela conhece várias modalidades sexuais, como o voyeurismo, ménage, dentre outros jogos eróticos, e descobre novas formas de sentir prazer. Porém, muitas das práticas das quais Eric lhe submete, não lhe agradam, como por exemplo, ela ter relação com outras mulheres. E, a primeira vez que isso acontece, ela está vendada, não sabe o que está ocorrendo e depois de algumas horas descobre, através de uma gravação de vídeo do ato, que uma mulher foi chamada para a cama do casal. Outro fato que me incomodou bastante foi ela ficar se iludindo a respeito do Iceman, declarando aos quatro ventos que ele a ama e tal, sendo que, desde o início do relacionamento dos dois, ele deixa bem claro que não nutre e nem quer nutrir sentimentos por ela e que Judith é apenas um peão no seu jogo de perversão, porém, o favorito.
Eric foi um personagem que não me agradou. O que ele tem com Judith é puramente sexual, e ele a usa apenas com esse intuito. Quem espera por um mocinho romântico, irá se decepcionar bastante, já que essa característica passa longe dele. Ele pratica sexo com outras mulheres, e não se importa se Judith também transar com outros homens, o que é fato recorrente na trama. Outro ponto que fugiu totalmente da minha compreensão foi o fato de ele oferecer Judith em casas de swing, mas ter ciúmes de alguém a olhando no meio da rua, ou até mesmo, dela receber beijinhos no rosto de um colega de trabalho, e ainda se declarar obsessivo. Francamente...não consegui digerir isso. Próximo ao final, a autora lança a mão de uma certa carga dramática, tentando justificar o comportamento de Eric, o que não surtiu efeito algum, pelo menos, pra mim.
Concluindo, Peça-me O Que Quiser é um livro puramente sexual e desprovido de sentimentos, onde o erotismo não tem limites. Apesar da história ser bem escrita, pecou em diversos aspectos, especialmente na ausência de romantismo e no comportamento bizarro de Eric. Não sou puritana, e já li vários romances apimentados e focados na premissa sexual, porém, sempre acompanhados de uma bela história de amor, o que não acontece aqui, e sim, um relacionamento turbulento, onde o sentimentalismo não é mútuo. A capa é muito bonita e a diagramação está ótima, com fonte em bom tamanho e poucos erros de digitação. Indico para quem aprecia livros eróticos e não faça questão do romance em si, caso contrário, poderá se decepcionar bastante.
site: http://www.newsnessa.com/2013/09/resenha-peca-me-o-que-quiser-megan.html