Tamirez | @resenhandosonhos 13/08/2018O Lorde SupremoQuando eu terminei esse livro meu sentimento foi de tristeza. Sabe quando você não processa bem o final e precisa tirar um minutinho pra tudo aquilo fazer sentido? Essa sou eu aqui. É inesperado e certamente me pegou.
Por ser uma série relativamente simples em sua construção e que sempre apostou nas jogadas mais seguras, eu estava imaginando que o final seria um bom e maravilhoso “algo mágico aconteceu, alguém salvou a pátria e é hora de vivermos felizes para sempre”. Mas não foi dessa forma e muita coisa vai acontecer em O Lorde Supremo.
Esse é de longe o melhor livro da trilogia e a evolução do primeiro volume pro terceiro é palpável. Me arrisco a dizer que a trilogia só vale a pena por causa desse último e pelo que descobrimos nele. Todo o mistério envolvendo o Lord Supremo e o seu uso de magia negra será resolvido ainda na primeira metade do livro e não será o conflito final dessa história.
“Era fácil dirigir a energia para fora do corpo dele e para dentro dela. Ela sentiu-se crescer um pouco mais forte.”
Esse é um artifício que eu gosto bastante, pois não mantém a forma mais básica de apresentar um conflito no começo, passar o livro todo desenvolvendo-o e só resolver na última página e, em muitas vezes, deixar muitas pontas soltas. Nessa trilogia vários pequenos obstáculos foram colocados, mas o que realmente precisávamos saber é como Sonea ia lidar com a magia, o tamanho de seu poder, o que o chefe dos magos estava tramando e quem está atrás dos misteriosos assassinatos que foram introduzidos no livro anterior.
Quando iniciamos esse terceiro volume e as explicações começam a vir, é fácil perceber que há algo mais além da superfície, e que o verdadeiro desafio será o que virá depois que essas perguntas forem resolvidas.
Algo importante também de ressaltar é que Sonea cresceu muito aqui. Em um certo momento tive que parar e ir pesquisar exatamente quanto tempo tinha se passado pra saber que idade ela já estava. E, ao fim do livro, com 19 anos, a garota já aprendeu muito sobre si e sobre o mundo em que vive, muitas coisas que ela certamente preferiria desconhecer. A relação dela com os demais personagens também se acentua e muda, revelando novas possibilidades para o caminho da protagonista.
“Às vezes, vale a pena correr alguns riscos.”
Sonea vai conhecer a amizade, a lealdade e o amor nesse livro e será forçada a tomar decisões que podem mudar completamente o rumo da história. Ela ainda tem alguns momentos de fraqueza, mas são coisas comuns e que se desaparecidas não fariam de sua evolução algo natural.
Mas, ao fim do livro, quem realmente deu um show aqui foi Akkarin. O Lord Supremo, que num primeiro momento parecia alguém a quem iríamos odiar, acabou por se tornar um dos personagens favoritos. Gosto muito em como a relação dele com Sonea escalona e muda ao longo de toda a trilogia. Do temor e medo à cumplicidade, amizade. Quando descobrimos suas reais intenção é como se uma cortina fosse retirada da história e as coisas mudam consideravelmente de perspectiva.
E o final foi devastador. Eu não previ aquilo vindo. Principalmente porque a trilogia se manteve simples, mesmo com a inserção dos conflitos. Então também esperava um final comum, clichê até, porém o autor resolver acabar a história nos deixando tristes e reflexivos sobre tudo o que aconteceu.
A trilogia Mago Negro tem seus altos e baixos, demora a engrenar, tem uma protagonista óbvia demais no primeiro livro e se arrasta por algumas coisas desnecessárias, mas não desaponta no final. Se você tiver a força de vontade de sobreviver a primeira metade da história e chegar ao fim, não acho que vá se decepcionar.
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