Nan ® 23/03/2019
Já acabou a trilogia? Que sentimento mais misto...
O Clã dos Magos, A Aprendiz e O Lorde Supremo: Trudi Canavan aludiu nitidamente como trabalhou a obra e fez em cada uma muito bem, deveras não imagino títulos melhores.
Um dos principais estímulos de resenhar tão somente o último livro jaz na ausência de algo concreto e definitivo a fim de evidenciar em A Aprendiz, e odeio me repetir ou soar tão equivalente; em nenhum momento, contudo, alude que gostei menos.
Dito isso, principiemos...
QUANTO À FANTASIA
O universo fantástico foi muito bem trabalhado, maiormente em questões históricas, culturais, sociais e etc. pertinentes, a autora dedicou-se mais à fantasia, logo foi um prato cheio esses pontos. Apesar disso, não digo inteiramente o mesmo sobre a magia.
Na Trilogia do Mago Negro, acompanhamos muitas passagens e meios diferenciados de empregar e considerar a magia, saliento questões referentes à morte dos magos aos quais jazem com estoques de poder no corpo e às diversas decorrências do descontrole presentes em magos que O Controle não foi instruído (lembro de Sonea abrindo chão com facilidade!); ainda assim desfrutam dum arsenal restrito quanto às magias de combate. Considero isso e exércitos de não magos sem capacidade de combater magos negativo, concebe um mundo muito linear. Embora os magos incumbem a tal, o poder militar duma nação não deve ser incompetente por completo; a meu ver, nenhum governo ou poder militar é incompetente por completo ou não estaria ninguém de pé hoje. E nada salvou esses disso, umas páginas de desfecho mais trabalhadas não fariam mal à obra nenhum pouco.
Que seja, considero positivas as invenções com magias e meios de explorá-la. Em termos de sociedade, mundo e fantasia a obra foi muito bem edificada; igualmente não tanto em questões militares. O combate, entretanto, foi criativo e bem cuidado sobretudo em A Aprendiz, a ponto de em O Lorde Supremo não senti muitas novidades. Essas críticas não arruínam a história nem a obra, só não consigo fechar os olhos quanto a tais.
ALGUNS PERSONAGENS
Rothen é o primeiro que vem à cabeça e, acredito, a muitas outras que leram a obra. Seu papel em O Clã dos Magos prometeu bastante, para ficar apagado em A Aprendiz e ser um martírio em O Lorde Supremo. A princípio não, depois pulei de alegria quanto à guarda de Sonea; a verdade dói, mas negligenciaram seu treinamento e Rothen não tomou a atitude esperada, Rothen não tomara muitas atitudes esperadas. E quando pensamos que fará algo útil em O Lorde Supremo, não precisava mais. (Ah, pura sacanagem!) Mesmo assim terminamos gostando dele, há muita compaixão pelas adversidades que passou, pois enfrentar é outra história... Tal como gostar não é amor, amor teria durado caso Rothen tivesse crescido alguma coisa.
Amei Cery, sempre em alta comigo. Sua lealdade e maleabilidade cativou do começo ao fim. Em A Aprendiz parecia esquecido, o que foi razoável. Seguir estradas diferentes na vida cria certas distâncias entre amigos, mas o afeto está em cada reencontro. Em O Lorde Supremo foi seu segundo auge, um dos personagens que mais cresceu e impactou bastante no decorrer da obra. Sem falar que teve outros “interesses pessoais” e seguiu em frente, não persistiu feito um Barry Allen (embora esse alcançou! Lembra daquele refrão? “Quem acredita sempre alcança”). De todo modo, seus arcos foram maravilhosos.
Lorlen “tomou” a narrativa de Cery em A Aprendiz, e de lá para cá só gostei dele porque era amigo de Akkarin; suas passagens, portanto, não me tocaram tanto assim.
Faren, o ladrão, devia ter “assumido” as narrativas de Lorlen. Francamente amei suas passagens na obra, as relações e influências em certos pontos foram legais e descontraídas; creio que não sentiria o sono com Lorlen em suas narrativas!
A questão dos ladrões, em geral, foi legal e diferenciada, um pouco fantasiosa demais, mas divertida. Logo, não levei ao pé da letra; Sonea veio dessas origens e há uma ironia em O Lorde Supremo quanto a isso.
Regin... não pretendo marcar a presente resenha como “spoiler”. Em suma, odioso do começo ao fim. Nem O Lorde Supremo salvou esse aí, sua construção repugnante de A Aprendiz perdura no coração e nada mais importa. Ah, a dos seus “minions” também.
Danny... um mago diferente. Legal, divertido, cortês e a lista continua (agradável vê-lo em suas viagens tratando bem as pessoas, contrário a muitos outros magos; inimaginável odiá-lo), mesmo perdendo o brilho. Dado suas descobertas em A Aprendiz, pensei: “Tudo bem, agora Danny vai mudar o mundo e enfrentar a todos e teremos uma nova era”; cuidado com seus pensamentos... Não foi uma total perda de tempo... estou tentando dizer: um personagem incrível, e tão aproveitado quanto Rothen! Em O Lorde Supremo cheguei a um ponto que não suportava mais lê-lo, sabendo muito a seu respeito terminará em pizza. Isso irrita e magoa desmedidamente, porque Danny crescia aos poucos, mas não impactava nas questões mais valorosas da obra. Você traz um “apelo” para “suas questões pessoais”, mas o distancia das questões fundamentais e transforma suas passagens superficiais; tornando, assim, seus “apelos” e “questões” menos valorosas. Percebe a ironia? Arrisco dizer que Danny cumpriu tabela, só para levantar questões sobre suas “preferências pessoais” e anexar ao universo fantástico; uma crítica sem dúvidas, mas sem um desfecho em que Danny muda algo, tudo foi por água abaixo. Antes ter cumprido tabela e esquecê-lo... Enfim, o mais carismático e seus arcos finais não desagradam tanto, tanto; quando pensa que podia ser pior, você reforça “tanto” três vezes.
Akkarin foi o melhor personagem da obra. Muito prometido desde O Clã dos Magos e concretizado em O Lorde Supremo, tudo muda quando conhecemos seu lado da história e a autora reservou umas surpresas quanto a Sonea nesse jogo do silêncio. Difícil mencioná-lo sem dar spoiler, mas fará valer todo e qualquer investimento na obra.
NOTAS FINAIS
Francamente, gostei mais de A Aprendiz do que O Lorde Supremo; e isso é muito estranho... Sonea (pensou que a esqueceria? Aliás, que nome lindo!) valorizou suas primeiras impressões de inteligente e sensata sobretudo em A Aprendiz, isto talvez me fez apreciar ainda mais esse livro. Era esperado que enfrentasse o bullying (muito da expectativa quanto a esse livro morava aí), mas o peso tratado na obra foi sublime, tão sublime que o meu peito ardia de maneiras indescritíveis, lia suas passagens devotadamente e às vezes acelerei outras narrativas em que Sonea não jazia sem perceber... do tão ansioso que fiquei!! Juro, o livro não saía da minha mão! Perdi totalmente a noção do tempo e de meus afazeres com A Aprendiz. Que sensação!
As questões sociais sobrecarregando em seu ingresso à universidade e a insegurança de Sonea foram muito bem lapidadas; uma personagem repleta de altos e baixos, mas facilmente amada. Sua criatividade foi a magia mais pura e o desfecho de A Aprendiz não apenas o mais aguardado como a melhor luta, ouso alegar ambos da trilogia. A valer, muitas das lutas ou contenções de Sonea em A Aprendiz tocam na alma, parecia dominar o combate melhor que os Magos Superiores e o próprio Akkarin! Fala sério, sensacional! Já em O Lorde Supremo teve desfechos marcantes e memoráveis, muita coisa para um coração só aguentar.
No fim você sente vontade de dar um abraço em Sonea, e de certa forma todos damos. Se Akkarin é o melhor personagem da obra, o significado e influência de Sonea vai muito mais além e às vezes mal percebemos.
Por fim, gostei muito da trilogia, perdurará no meu coração.
Uma pena, não me sinto totalmente igual às minhas primeiras impressões de O Clã dos Magos nem com a mesma disposição quanto ao desfecho daquela resenha. Todavia, não significa que a trilogia não terá um espaço eterno no meu peito.
Recomendo a todos, notadamente a principiantes em fantasia ou leitura ou aos veteranos que têm paciência para conhecer uma história fascinante. Se ler com a mentalidade certa, sentirá muitos prazeres nessa aventura.
P.S. quase esqueci, mas teve uma repetição desnecessária em diversas narrativas de “[...] se contar isso, lerão a minha mente [...]”; embora certos personagens desconhecem, o leitor sabia há tempos, tornou-se cansativo, mais ainda nas páginas finais de O Lorde Supremo. Devia ter sido abordado diferente, mas tudo bem.
Tópicos sobre a tradução também não questionarei tanto, geralmente não questiono tanto (embora devesse), mas um dicionário de sinônimos não faria nenhum mal em certas situações.
Abraços!