Mari 15/04/2013Hoje termino de postar as resenhas já prontas da NOVO CONCEITO. Infelizmente, preciso usar a palavra DECEPÇÃO para falar sobre UMA QUESTÃO DE CONFIANÇA, livro da LOUISE MILLAR. Quando li a sinopse fiquei louca pelo livro. Achei que seria um suspense magnífico, daqueles que tiram o fôlego e nos deixam arrebatados com mil situações e revelações.
Assim que o livro chegou, corri igual uma desvairada para começar a leitura. Eis que me deparei com um início bastante lento, que não revelava nada e me deu a terrível sensação de estar sendo escrito para encher (muita) linguiça. Mas sou brasileira e não desisti, pensei: “depois de tanta enrolação, alguma coisa boa o livro vai trazer”. Mas não! A história que é contada pela visão de três personagens principais só me fez pensar: “são loucas. E no péssimo sentido.”
As três personagens me pareceram completamente psicóticas desde o início do livro, que em suas mais de 300 páginas não evolui em nada e mantém uma história rasa e tola. Debs foi a personagem que manteve meu interesse e fez com que a duras penas eu terminasse a leitura. Não, não demorei para ler, pois apesar de seus vários “defeitos”, UMA QUESTÃO DE CONFIANÇA conta com uma leitura bastante fluida e rápida, mas foi duro ver que eu lia, lia, lia e nada de interessante acontecia. Debs parece ser a mais maluca de todas as personagens. É neurótica com barulhos (me identifiquei! Também sou, em algumas situações em um grau até maior que o dela), é paranóica, acha que sofre perseguição e tem um passado que demora uma eternidade a ser revelado. Quando enfim fala-se sobre ele, pensamos: “agora a história deslancha”, mas não! Ela fica ali, morna, morna, morna e começa a entregar obviedades.
Não sei se é porque leio muitos livros policiais e de suspense, mas estou me tornando extremamente crítica em relação ao gênero. Esse tipo de escrita não é para qualquer um. MILLAR teria sido mais feliz se tivesse explorado a dramaticidade da obra, querer fazer suspense com os fatos empobreceu demais o livro, pois suspense nenhum conseguiu ser mantido.
Após a página 100, 150 fica bastante óbvia a relação de “amizade” de Callie e Suzy. As revelações que foram sendo feitas sobre as personagens não trouxeram nenhuma surpresa. Aliás, atrevo-me aqui a comparar UMA QUESTÃO DE CONFIANÇA com CUCO. Outro livro que eu detestei e achei extremamente mal trabalhado e elaborado. Ambos os livros me pareceram completamente iguais em sua essência. Não sei qual dos dois foi escrito primeiro, mas parece que uma das duas autoras pegou a premissa maior e quis modificar para fazer algo bacana, mas não conseguiu.
As personagens foram outro problema que encontrei, tirando Debs, que de uma escala de 1 a 10 eu simpatizei meio, Suzy e Callie me pareceram ridículas. Duas mulheres fracas e banais. Callie é ainda pior, pois desde o começo do livro tenta se passar por santa, boa moça, correta, batalhadora; e pior, mesmo quando revelada sua falha ela continua posando de boazinha e correta ¬¬. Hellow querida, menos, bem menos! (Gostaria de poder contar o porquê de estar falando isso, mas quem ainda não leu de certo me mataria).
Suzy é uma personagem completamente idiota! Toma uma perigosa decisão ao final do livro, mas cheguei a pensar que ela tinha os motivos dela, porque sim, ela tinha motivos para fazer o que fez, foi bastante exagerado, claro, mas para uma louca psicótica poderia servir de desculpa. Mas aí ela resolve falar a razão de ter feito o que fez e aí eu: Oo...!! Não pode ser que ela seja tão tonta assim. Mas foi!
Da mesma forma que aconteceu com CUCO, fiquei me perguntando por que as autoras resolvem escrever livros que exploram a amizade de uma forma dependente e destruidora, mas de forma boçal e sem conteúdo.
Lembro do enorme prazer que tive quando li TUDO O QUE ELA SEMPRE QUIS. A autora conseguiu dar vida as personagens, falar de amor, amizade, traição, obsessão, lealdade; tudo de forma criativa, coerente, instigante e que realmente deixava um suspense no ar, causando tensão ao ler e enorme desejo de prosseguir com a leitura.
Como disse acima, escrever suspense não é para qualquer um. A história de MILLAR teria sido perfeita, caso ela tivesse explorado mais, muito mais, o passado dramático de cada personagem e não tivesse tido intenção alguma se inserir algum suspense no texto, porque estou até agora tentando enxergar em que parte da história houve um mistério. Preciso urgente parar de ler livros policiais e suspenses de verdade, do contrário vou ter que sempre criticar essas leituras rasas, de escrita mediana, sem profundidade e de nenhum auto-senso crítico por parte das personagens.
Conclusão final: passe longe de UMA QUESTÃO DE CONFIANÇA. Se quiser ler um suspense realmente intrigante que envolva amizade, opte por TUDO QUE ELA SEMPRE QUIS, também da NOVO CONCEITO.