Livy 09/08/2012
Um thriller policial imperdível!
Depois de ter solucionado os crimes em Eu sei o que você está pensando, David Gurney (mais precisa e ansiosamente a sua esposa, Medeleine) acredita que finalmente poderá usufruir da sua aposentadoria, dedicando-se exclusivamente dos afazeres domésticos de sua casa de campo em Catskill, região rural do estado de Nova Iorque. Afinal de contas, aos 46 anos de idade, Gurney e a esposa saíram do agito da cidade para um refúgio tranquilo no campo. Plantar rosas e hortaliças, passear pelo bosque, sentar-se em um banco à frente do lago, é tudo o que Madeleine quer que ele faça. Ela bem que insiste, mas... Um ano depois dos acontecimentos narrados em Eu sei o que você está pensando, o marido (para seu desespero, obviamente) está às voltas com um outro caso intrigante, misterioso e desafiador. Jillian Perry, uma excêntrica e problemática jovem de 19 anos, é assassinada brutalmente no dia do seu casamento com um não tão menos excêntrico, mas milhonário e famoso psiquiatra, Dr. Ashton. Indicado por Jack Hardwick, do Bureau de Investigação Criminal, Val Perry, a mãe da vítima, procura Gurney em seu reduto paradisíaco para lhe fazer uma oferta que ele não poderá recusar: ela quer que ele encontre o assassino de sua filha, vivo ou morto.
O que decorre daí por diante, nas 424 páginas do livro, é o que há de melhor no gênero policial investigativo. Um verdadeiro caleidoscópio de intuição e instinto policial que David Gurney destila como nenhum outro.
Mas, antes de mais nada, tenho que elogiar o excelente trabalho e bom gosto da Editora Arqueiro. A capa do livro ficou maravilhosa. Combina perfeitamente com o contexto do livro (e no decorrer da leitura você perceberá o quanto...), além de não ser excessivamente apelativa, como aqueles que vendem apenas pela capa. A parte gráfica, diagramação e edição ficou excelente, também. Outrossim, parabenizo Alvez Calado pela tradução do livro. Ficou ótima.
Tecnicamente, Feche Bem os Olhos é um romance policial de suspense investigativo, com uma história originalíssima, narrativa em terceira pessoa centrada no protagonista David Gurney e uma história apaixonante que mistura crimes e suspense, drama existencial, amor, renúncia, a busca da perfeição e a genialidade deturpada da besta humana (notícia comum nos telejornais), entre outras coisas.
John Verdon captura a nossa atenção com uma narrativa enxuta, precisa, instigante, carregada de um suspense crescente e contínuo. Nada de palavreados rebuscados, clichês ou divagações fora de contexto. Seu estilo é impecável. Gosto muito da forma como ele escreve, e ficarei imensamente feliz se Verdon não parar por aí.
David Gurney é o típico sujeito por quem você se afeiçoa de imediato. Já no primeiro livro a carga de carisma desse personagem é altamente irresistível. Gurney é um misto de Sherlock Holmes (Jack Hardwick não cansa de dizer isso no livro, a cada encontro dos dois) e Hercule Poirot. Sir Arthur Conan Doyle e Agatha Christie aprovariam, sem dúvida alguma.
Se por um lado, na vida profissional como detetive de homicídios, David Gurney conquistou credibilidade e menções honrosas por seu desempenho profissional como policial obstinado e absolutamente correto, motivos pelo qual ele é levado a participar das investigações de crimes no primeiro livro e, agora, nesse segundo caso, por outro lado, em sua vida conjudal, as coisas não aparentam seguir no mesmo rumo. Madeleine faz de tudo para que o marido desista de participar da investigação. Pesa o fato de que ela esperava poder viver o resto de sua vida ao lado do marido na bucólica fazenda de Catskill. E por mais que ele lhe prometa que essa será sua última incursão no meio policial, não consegue apartar-se do investigador que ainda vive dentro dele, e que se recusa a se aposentar.
No meio desse clima meio nebuloso da sua vida conjugal, que parece caminhar para uma inevitável separação, Gurney ainda tem que lutar com fatores adversos que ameaçam a sua integridade física, as suas emoções e o seu perfeito equilíbrio mental. Caçar o assassino de Jillyan Perry não será apenas um esforço concentrado de perícia policial e instinto investigativo. David Gurney será arrastado para os limites da sanidade mental e de uma profunda constatação do mundo obscuro e perverso que ele, ao longo de todos esses anos, acreditava conhecer perfeitamente.
Apesar da maioria dos personagens vistos em Eu sei o que você está pensando fazerem parte desse segundo livro, Feche Bem os Olhos não é uma continuação direta daquele livro. John Verdon dá uma rápida e básica pincelada sobre os acontecimentos da história anterior, porém, sem entrar em detalhes. Tudo é feito em forma de comentários, por parte de Jack Hardwick, sem comprometer a leitura daqueles que não leram o livro anterior. Desta forma brilhante, você não precisa ler Eu sei o que você está pensando para saborear este livro. No entanto, eu recomendo que você comece por aquele livro. Por um motivo bastante simples: você terá um melhor entrosamento com os personagens e, principalmente, com o estilo investigativo do detetive Gurney. Além do que, o livro é imperdível.
Leia o restante da resenha em:
http://www.nomundodoslivros.com/2012/08/feche-bem-os-olhos-de-john-verdon.html