Sandra de Oliveira 01/08/2010
O segundo volume da Trilogia Millennium, A menina que brincava com fogo, é simplesmente fascinante. Em nada deixa a desejar em relação ao primeiro volume, Os homens que não amavam as mulheres, embora a história tenha mudado o foco completamente.
Nesse segundo livro, o suspense segue a trama após 2 anos dos eventos ocorridos no primeiro volume. Depois que todo o mistério em torno do desaparecimento de Harriet Vanger foi solucionado, Mikail Blomkivst se vê mergulhado em mais um caso intrigante. Um jornalista, que passa a colaborar na redação da Revista Millennium, está prestes a publicar um livro que traz à tona um escândalo de proporções grandes: o comércio do sexo na Suécia, que envolve pessoas do alto escalão, drogas, tráfico de mulheres, num cenário de muita corrupção, assassinatos e caos.
Paralelo a tudo isso, Lisbeth Salander, confusa quanto ao seu envolvimento com Mikail Blomkvist durante o caso Vanger, resolve isolar-se do mundo. Mas Salander mantém ainda em mistério sua vida conturbada e se vê de repente envolvida numa acusação de assassinato que vai lhe custar muita correria.
Stieg Larsson mantém nesse segundo volume todo o mistério e suspense que fizeram de Os homens que não amavam as mulheres um livro onde não é possível parar de ler. Envolvendo diversos personagens interligados de alguma forma, uma história bem amarrada e rica em detalhes, é impossível não criar uma empatia imediata com o enredo. Somos mergulhados num submundo de caos, tragédias e violência que permeiam todo o livro e conferem mais uma vez a Lisbeth Salander o papel de heroina da Trilogia. Sua personagem tão bem construida e envolvente encanta pela inteligência, audácia e habilidade, além de se mostrar frágil por trás de uma aparência dura e insensível. Sua introspecção revela o quanto Salander pode ser mais do que se pode imaginar. A força de toda história concentra-se em sua figura e é através dela que vamos aos poucos ligando fatos, criando hipóteses e desvendando pistas para entender todo o suspense acerca dos envolvidos nessa intrigante história.
O próximo e último livro da série, A rainha do castelo de ar, promete concluir esse romance policial genial e confirmar Lisbeth Salander como uma das personagens mais marcantes da literatura atual. Não há dúvidas quanto à força e determinação dela, como define o autor ao final de A menina que brincava com fogo, “Lisbeth era a mulher que odiava os homens que não gostavam de mulheres.” A essência e alma de uma história fascinante.