A sangue frio

A sangue frio Truman Capote




Resenhas - A Sangue Frio


380 encontrados | exibindo 46 a 61
4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 |


Flávia Menezes 25/07/2023

À ESPERA DE UM MILAGRE QUE FAÇA SUMIR TODA ESSA CRUELDADE.
?A Sangue Frio? é um romance de não-ficção do escritor, roteirista e dramaturgo norte-americano Truman Streckfus Persons, mais conhecido por Truman Capote, também autor de vários contos, romances e peças teatrais reconhecidas como clássicos literários, incluindo a famosa novela ?Bonequinha de Luxo? (título original ?Breakfast at Tiffany´s?), que em sua adaptação para o cinema contou com a atriz Audrey Hepburn no papel da inesquecível personagem principal, Holly Golightly.

Por seis anos da sua vida, Capote mergulhou com muita seriedade e comprometimento, em um trabalho minucioso de pesquisas e apuração de dados e entrevistas, que contavam com mais de 8 mil páginas, incluindo os longos depoimentos compilados pela justiça, e de três anos de entrevistas as várias pessoas incluídas nesta história, além dos próprios criminosos condenados pelo crime. Capote ainda teria refeito todo o percurso feito da fuga de Richard Hickock e Perry Smith, da cena do crime até a sua prisão em Las Vegas, o que traz todo um diferencial a sua narrativa precisa sobre todos os lugares por onde a dupla passou.

Com seu ouvido de romancista e sua escrita jornalística, não há como negar o valor de uma obra como essa, onde Capote conseguiu, através de todo o material de que dispunha, ser capaz de compreender os sentidos mais profundos escondidos nas palavras dos entrevistados, e traçar um perfil tão autêntico das suas almas, dando vida em suas páginas a cada um dos envolvidos com uma maestria que nos envolve e comove em uma mesma proporção.

A forma como Capote conta essa história trágica, começando pelo último dia de vida dos quatro membros dessa respeitada família da pequena cidade de Holcomb, oeste do Kansas, até o seu brutal assassinato, dando sequência aos acontecimentos que seguiram até o momento da captura, sentença e execução dos condenados, é de um brilhantismo sem igual, e desde o primeiro parágrafo o autor nos faz mergulhar não em uma imensidão de informações sobre fatos ocorridos, mas sim na singularidade da vida de cada uma dessas pessoas envolvidas, incluindo os assassinos, onde somos convidados a olhar para cada um deles, independentemente da sua natureza, como o que realmente são: seres humanos dotados de uma história de vida.

E essa escrita apaixonada, emotiva e comprometida em apresentar pessoas que precisam ser lembradas pelo que foram, e não apenas por corpos brutalmente assassinados e sepultados, nos envolve e nos emociona de forma que conseguimos olhar para além do que os fatos nos trazem, até sentir que estamos tão intimamente ligados a cada um deles, a ponto de ouvir o pulsar dos seus corações.

Começamos a história conhecendo a vida de cada um dos membros assassinados da família Clutter (pai, mãe, um filho e uma filha), e a forma como eles são trazidos em sua essência mais puramente humana, já nos faz refletir em como a vida pode ser tão frágil, e ainda ser inexplicavelmente injusta com pessoas de tão bom coração. O que me fez lembrar daquela canção de 1993, da banda ?Legião Urbana?, em que o vocalista Renato Russo, com sua voz forte, costumava cantar: ?É tão estranho, os bons morrem jovens...?.

E essa intensa sensibilidade em cada palavra que nossos olhos percorrem página após página, sem sequer conseguir se desviar, é a mesma de quando o autor passa a nos contar a vida dos verdadeiros vilões da história, especialmente a de Perry Smith.

Bem lá no fundo, conseguimos perceber que houve uma identificação do autor com a história de vida de Perry. Afinal, ambos foram filhos de pais com uma relação bastante conturbada, que resultou em um divórcio onde cada um dos genitores seguem suas vidas, enquanto seus filhos são mandados para lares distantes onde cresceram como crianças bastante solitárias. Assim como Capote, Perry também se escondeu nos livros, porém, enquanto Capote desenvolveu desde cedo sua habilidade para a escrita, Perry, que embora também gostasse de escrever, começou a dar mais voz a algo ruim que ia crescendo dia após dia dentro dele.

As cartas que foram escritas pelo pai de Perry e por sua irmã, Barbara, são bastante emocionantes, e conseguimos sentir como essa vida conturbada e repleta de altos e baixos aconteceu para os outros membros da família, por onde a tragédia parecia rondar como uma fiel escudeira esperando por um momento de descuido para lhes trazer ainda mais dor e sofrimento.

São relatos bastante dolorosos, que logo em seguida são rebatidos pela percepção do próprio Perry, e essa excessiva necessidade do autor de mostrar como ele foi submetido a uma vida sofrida de muito abandono, e indiferença por parte daqueles que deveriam amá-lo incondicionalmente, mas que ao contrário disso, não se importaram em jogá-lo no mundo para passar por todas as dificuldades sozinho, nos faz pensar que Capote queria nos sensibilizar à respeito dele, como se buscasse justificar seus atos por conta de um passado traumático. Mas quando chegamos ao laudo psicológico de Perry, é que compreendemos com exatidão a importância de um livro como esse.

A verdade é que nem todos nós tivemos uma infância tranquila. Nem todos nós tivemos pais amorosos que nos amaram e nos educaram, demonstrando que estariam ao nosso lado independentemente do que acontecesse. Nem todos nós tivemos a oportunidade de entrar em uma vida adulta mais amparados e apoiados pelos nossos pais. E nem todos nós experimentamos ser amados incondicionalmente pelos nossos pais, nos sentindo valorizados e pertencentes a nossa família como uma pessoa única e admirada.

Alguns de nós experimentou um passado mais difícil, com pais instáveis, violentos, e distantes física ou emocionalmente. Alguns de nós se sentiu sozinho(a) muitas vezes, e precisou crescer rapidamente para poder cuidar de si mesmo(a), vivendo uma vida de tentativas e erros, e talvez até experimentando mais frustrações do que colhendo vitórias, por ter que descobrir sozinho(a) o que fazer. Alguns de nós se sentiu pouco valorizado, não amado, e até chegou a ter uma sensação de ter sido excluído de sua própria família, como se não fosse parte dela.

Porém, mesmo passando por todas essas dificuldades e sensações de desamparo e abandono, nem todos nos tornaremos o mesmo que o Perry: um homem raivoso, com ódio do mundo todo, e um desejo absurdo de ferir as pessoas para se vingar daqueles que um dia deveriam tê-lo amado e protegido. Claro que aqui, estamos falando de uma pessoa que foi afetada por situações externas, tanto quanto pela ausência de vínculo afetivo que deve ter sido causado pela indiferença dessa mãe, que resultou em uma patologia que o torna tão insensível e indiferente ao outro, a ponto de ser capaz de acabar com a vida de alguém como se isso não significasse absolutamente nada.

Mas ainda assim, tudo isso nos faz pensar em como a ausência da formação de vínculo afetivo com os pais (especialmente por parte da mãe), somado a viver em um lar disfuncional, e a uma sequência de situações difíceis e traumáticas, pode trazer consequências muito mais sérias do que um filho rebelde.

Este ano, o governador de Illinois, J.B. Pritzker fez um discurso para os formandos da Universidade de Northwestern, onde ele reflete sobre a crueldade humana. Quando encontramos alguém na vida que não é como nós, ou age como nós, ou ama como nós, ou vive como nós, é natural sentir medo ou julgar essa pessoa. Porque é normal para a nossa sobrevivência como espécie estranhar aquilo que não nos é familiar. E do quanto a crueldade é usada no nosso mundo como uma fonte de poder, enquanto a empatia e a gentileza são vistas como uma fraqueza, uma vulnerabilidade. E é aí que ele faz o alerta para a necessidade de calarmos esse instinto primitivo, e seguirmos por um novo caminho, usando a empatia e a compaixão para evoluirmos como espécie.

E essa foi a grande sacada de Capote: mostrar como a desestruturação de um lar ausente de amor, pode plantar uma sementinha do ódio que irá crescer e dar frutos com sabor de crueldade. Até porque é fácil olharmos para um criminoso e o condenarmos por seus atos de crueldade. Porém, dificilmente paramos para refletir sobre a forma como essa mesma crueldade vem se infiltrando nas nossas casas, em doses homeopáticas, vindo das redes sociais, dos filmes e programas de tv, das músicas e até de alguns livros, espelhando essas sementes do ódio que nos fazem pensar que para não sermos feitos de bobos (ou seja, sermos vulneráveis), precisamos atacar, ferir e magoar as pessoas. Como diz o ditado: a melhor defesa é o ataque, não é mesmo? Mas será que a única forma de nos defender, é atacando?

Crueldade é crueldade, independentemente do nível. Até porque se deixarmos de sentir compaixão por aqueles(as) a quem de algum forma provocamos algum tipo de sofrimento, então é porque alguma coisa está muito errada em nós. Sem contar que não devemos nos iludir, porque a crueldade não permanece sempre do mesmo tamanho. Ela sempre cresce! Assim como a forma como magoamos e ferimos as pessoas.

Agora, uma parte desta história que muito me tocou por ter sido inesperada e ter me lembrado do romance de ficção de Stephen King, ?À Espera de um Milagre?, onde um criminoso aguardando sua execução no corredor da morte, faz de um rato seu melhor amigo, em "A Sangue Frio" Perry adestra e faz de um esquilo o seu melhor amigo. Certamente um momento igualmente tocante e muito sensível.

?A Sangue Frio? é um romance de não-ficção que ao mesmo tempo que traz eventos trágicos que aconteceram com uma família que nada disso merecia, também nos faz um grande alerta sobre pontos muito importantes, tais como da importância de que uma criança possa viver um lar onde se sinta amado e protegido, de que os problemas entre os pais devem ser mantidos entre eles e só diz respeito a eles (faz muito mais mal para um filho viver em um lar onde os pais brigam e não demonstram amor entre si, do que ver seus pais separados), e o principal, de compreendermos a seriedade das doenças mentais, e de que, quanto antes forem diagnosticadas e tratadas, sem dúvida muita dor e sofrimento poderá ser poupada, e menos casos como o da família Clutter aconteceriam.
Guilherme Amin 26/07/2023minha estante
Parabéns pela excelente resenha, amiga!


Jacy.Antunes 26/07/2023minha estante
Ótima resenha, o filme Capote de 1985 é muito bom.


Flávia Menezes 26/07/2023minha estante
Amigo, muito obrigada!! ?


Flávia Menezes 26/07/2023minha estante
Jacy, muito obrigada pelas palavras! Eu ainda preciso ver o filme! Mas o livro?realmente foi uma leitura sem igual! ?


paraense. 16/01/2024minha estante
Resenha belíssima.


Flávia Menezes 16/01/2024minha estante
Muito obrigada, minha querida! ?




Monyque 25/07/2023

Uma história real sobre o assassinato da família Clutter. Aconteceu em 1959 na cidade de Holocomb, no Kansas, Estados Unidos.
.
.
Trata-se de um livro de não-ficção, com uma narrativa envolvente e rica em detalhes. Uma história contada sob a percepção de cada membro da família e dos criminosos mesmo antes de planejarem o crime.
.
.
Foi um best-seller. O autor inovou bastante no gênero. Essa obra deu início ao Novo Jornalismo. Capote produziu um clássico do jornalismo literário.
.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Cinara... 20/07/2023

O sangue frio do ser humano...
"As pessoas não estariam tão alteradas se isso tivesse acontecido com outros que não os Clutter. Com uma família menos admirada. Menos próspera, menos segura. Mas eles representavam tudo o que as pessoas daqui valorizam e respeitam, e o fato de uma coisa dessas ter acontecido com eles - é o mesmo que alguém dizer que Deus não existe."

Acredito ser mais seguro viver na selva em meio á leões, tigres, cobras e todas as féras do mundo do que viver em sociedade com nossos semelhantes, pelo menos na selva você sabe da onde vem o perigo e como se proteger.
Leituras como esta pra alguém como eu que já não tem fé alguma na humanidade só reforça mais o sentimento de impotência perante outros humanos.
A escrita do Capote é incrível, sua técnica faz você acreditar que é apenas um triller, mesmo que por traz esteja um crime hediondo e real.
comentários(0)comente



Milena.Zeni 13/07/2023

Escrita impecável
História real escrita de forma viciante. Um dos melhores livros que li.
Sem contar que a vida do autor acaba entrelaçada nesse livro.
Agora é comprar a biografia do Capote.
comentários(0)comente



Brito 08/07/2023

A sangue frio- Truman Capote
O que dizer sobre este romance?
Vemos nestas páginas a mesma impotência fria que nos sucede ter perante o tempo que passa, escorregam-nos das mãos as justificações mais óbvias sem nada termos para as substituir. Não percebemos porque são assim as coisas.
Fica um romance brilhante, sim, Capote escreveu um romance, podem chamar-lhe não-ficção, mas é um romance. Aliás, este romance comprova mais uma vez que existe uma verdade em ficção, uma verdade diferente da verdade dos factos, mas não deixa de ser uma verdade impressionante. E Capote dá-nos essa verdade com mestria, de uma forma fria e estudada, sem, aparentemente, se imiscuir. E não deve ter sido fácil arrancar tantos pormenores das personagens que enfileirou no romance uma a uma, com se abrisse as portas de um teatro para entrarem em cena no momento certo.
O livro é uma torneira que vai enchendo lentamente uma banheira de factos. Cada naco de prosa abre-nos uma comporta e ficamos a conhecer um pouco mais do interior de cada um dos intervenientes nos homicídios e das suas vidas pessoais e familiares, assim como das dos polícias que os perseguem - sobretudo Dewey.
Não responde às questões essenciais porque estas não têm resposta - o monstruoso sucumbe-nos e o monstruoso gratuito muito mais.
Nada podendo dizer Capote mostra tudo o que é possível mostrar com uma voraz câmara fotográfica fazendo aparecer e desaparecer as suas personagens sempre vivas.
Diz ao leitor és tu que tens de dizer porque é que estes dois se transformaram em monstruosos assassinos, mas nós não conseguimos perceber porque o fizeram, está lá tudo e no entanto algo nos escapa. Podemos olhar o contexto familiar, ou o contexto social ou as oportunidades perdidas, mas nada disso nos explica semelhante indiferença pelo outro, a não ser que sejamos todos assim e apenas aconteceu que a alguns de nós a integração no meio conduziu para outras paragens. Ou será que o simples facto de acharem que já não têm nada a perder os fez agirem assim?, ou será uma bofetada no mundo que sempre os tratou mal?, ou algo que algures no seu desenvolvimento emocional se embotou?
O tom que Capote escolheu para escrever este romance foi um tom quase neutro, pouco emotivo, cerebral, sem propriamente querer justificar fosse o que fosse. Deixa-nos a fazer o nosso juízo perante o que é o que é. E nós nunca o fazemos.
comentários(0)comente



julha 07/07/2023

?Até uma certa manhã de meados de novembro de 1959, poucos americanos - e bem poucos habitantes do Kansas, na verdade - jamais tinham ouvido falar de Holcomb.?
comentários(0)comente



jamilidepaula 06/07/2023

Difícil, mas impecável
Achei a linha temporal incrível, fluida, impossível parar de ler até chegarem aos verdadeiros culpados. Ao ler, parece que a gente vive na cidadezinha e temos os mesmos medos de apagar a luz e ir dormir, com um incômodo enorme de ter acontecido algo tão bárbaro com uma família tão querida. no final parece que a justiça é necessária para que se durma, mas tampouco nos livra dos pesadelos.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Kiara | @livrosdakiara 22/06/2023

Um dos melhores livros de não ficção que já li
Que incrível! Um dos melhores livros que já li!!! Me transportei para a cidade, me senti uma cidadã da comunidade onde aconteceu o crime bárbaro a sangue frio. Admirei o senhor Clutter e a Nancy, me apeguei a família pra depois sofrer a perda deles. O tempo todo eu lembrava a mim mesma que a história é real, que de fato aconteceu o que me fazia ficar mais ??? mto bom!!
comentários(0)comente



Pralon 05/06/2023

Que livro denso, não sei se por que é uma história que realmente ocorreu ou pelo falo do Truman Cap ter escrito magistralmente...

Quando procuro ver alguma tragédia que ocorreu, geralmente quero ir diretamente ao fato ocorrido quero saber logo de cara quem morreu quem se acidentou o que aconteceu, normalmente não quero saber a história do vizinho ou como ele se sentiu impactado. E nesse livro o que houve o truman dividiu o que aguça minha curiosidade em pequenas migalhas e toda vez que eu me sentia desanimar ele me dava uma migalha, toda vez que o pensamento de nossa ja chega desse assunto ele vem e me da outra migalha. Ou seja não consegui largar o livro.

E novamente o fator de que estamos falando de algo que realmente ocorreu torna tudo mais denso e profundo.


5 estrelas pra mim!
comentários(0)comente



Ana 05/05/2023

Um livro aclamado do mesmo autor de Bonequinha de Luxo.
Quando escreveu A sangue frio, Capote já era um autor aclamado por crítica e público nos EUA. O livro é sobre um famoso crime que ocorreu nos anos 50 em Holcomb, uma cidadezinha até então pacata do interior do Texas. O caso ocorreu da seguinte maneira: Uma família inteira foi morta por um motivo torpe: nada mais que alguns dólares, pois um dos criminosos achava que o dono da casa tinha muito dinheiro guardado em um cofre, o que mais tarde provou não ser verdade. Mesmo assim, isso não impediu que a família fosse morta a tiros, sem piedade.
Pelo crime, os autores dos assassinatos, Perry Smith e Richard ''Dick'' Hickock, foram condenados à morte, o que para uma cidade do interior, atraiu bastante atenção do país todo na época, e gerou muitas controvérsias sobre a questão da pena máxima.
Capote escreveu esse livro magistral de forma maravilhosamente imparcial, onde parece dizer aos leitores: ''tirem suas próprias conclusões''. De fato, falo por mim: ao ler A sangue frio, fiquei chocada sim com o que aconteceu com a família, mas as almas dos homicidas são dissecadas na obra, em especial a de Perry Smith, com quem Capote pareceu ter uma certa ligação, não sei se é verdade. No livro os bandidos não surgem apenas como monstros bárbaros, mas apenas humanos. Também há passagens que fazem comparações entre o crime de Holcomb a outros anteriores ou da mesma época, tão bárbaros quanto, inclusive de uma dupla de serial killers que assombrou os estados do Oeste até o Meio-oeste dos Estados Unidos: York e Latham, dois jovens de boa aparência que simplesmente decidiram que o mundo é podre e que todos que cruzassem seu caminho deviam morrer. Eu não tinha conhecimento desse caso mesmo conhecendo bastante true crime, e é impossível não comparar York e Latham com Perry e Dick; a diferença é que perto de York e Latham, Perry e Dick não passavam de dois criminosos tolos e atrapalhados. York e Latham matavam por puro prazer e só pararam quando foram apanhados. O livro em alguns momentos parece ser um romance, de tão bem escrito que é, pois em nenhum momento me causou tédio e todos os que dizem que não dá vontade de largar essa leitura não mentiram de fato. Sempre tenho pavor de ler um livro que todos dizem ser sensacional e no final, sentir tédio ao lê-lo, mas graças ao bom Pai, não foi o caso de A sangue frio. Senti, sim, ao fazer essa leitura, diversos questionamentos passarem pela minha cabeça: as motivações de certos crimes que parecem ser sem sentido; os delitos e suas penas; a própria questão da pena de morte; a psicopatologia, a cultura do american way of life dos anos 50, etc. Etc. Etc. Um livro fenomenal que merece ser chamado de clássico. Só me arrependo de não tê-lo lido antes.
Gleidson 05/05/2023minha estante
Excelente resenha! ?




Metalfj 29/04/2023

Desejos, ganancia e perversão
Antes de mais nada, refiro à perversão não no sentido sexual da palavra, mas no sentido de atração por coisas deturbadas e doentias (talvez essa seja a melhor definição), Capote foi um dos melhores jornalistas da época - o qual não precisava da famosa caderneta de anotações, pois tinha uma memória absurda.
Um crime acontece, família morta a troco de poucos dólares, todos a queima roupa, o jornalista, então, se depara com o crime e deseja saber o que aconteceu e as motivações por trás dos envolvidos (dois homens, seria um casal? LEIAM), acontece que o escritor acaba se apaixonando por um deles e uma confusão emocional começa a prejudicar seu trabalho.

Para aqueles que gostam de livros baseados em fatos reais, esse é um livro INDISPENSÁVEL e digo mais, para todos os estudantes de jornalismo (o qual estudei as matérias básicas na faculdade de comunicação social), digo mais... deveria ser OBRIGATÓRIO!

Sem mais, apenas LEIAM! Caso contrário, entrarei em spoilers...
comentários(0)comente



Sttefani 24/04/2023

Cara muito bom, demorei demais pra ler mas por culpa minha mesmo, eu não parava de pensar na história e em como eu me envolvi com as vítimas e me senti como uma moradora da cidade, indignada com o que aconteceu
comentários(0)comente



Francini.Lessa 24/04/2023

Um crime sem precedentes
Um jornalista que se aproxima de dois criminosos para descobrir como um assassinato que chocou a sociedade americana aconteceu.
comentários(0)comente



380 encontrados | exibindo 46 a 61
4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR