A sangue frio

A sangue frio Truman Capote




Resenhas - A Sangue Frio


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Craotchky 26/11/2021

Curiosidades
A sangue frio, obra que mistura o estilo de texto jornalístico e as técnicas narrativas literárias, é popular por consolidar o Romance jornalístico. Todavia, o que exatamente caracteriza este gênero literário e/ou jornalístico? Era exatamente esta questão que eu abordaria nesse texto, não fosse o fato de que certo dia, ao pesquisar sobre os eventos narrados na obra, encontrei várias curiosidades bastante curiosas. Quem me acompanha por aqui sabe que adoro incluir curiosidades em meus textos. Como neste caso as curiosidades são significativas e a discussão da questão mencionada custaria espaço, e como não gosto de fazer textos enormes por aqui, optei por confeccionar essa resenha com as curiosidades curiosas.

Chama atenção que vários desses conteúdos que encontrei durante a pesquisa pintam Truman Capote como bastante individualista, vaidoso, ambicioso em relação ao sucesso... Ainda assim não é possível fechar os olhos para a qualidade, seja jornalística ou literária, deste livro. O autor conseguiu a mais homogênea fusão da linguagem ficcional e o relato jornalístico verídico que já li. Um dos cinco livros lidos este ano que mais gostei.
(Ao final do texto estão todas as fontes das informações que constituem as curiosidades.)

CURIOSIDADES
Causa certo espanto saber que durante as entrevistas para coleta de informações Capote armazenou o conteúdo relatado pelos entrevistados na própria memória, sem recorrer a gravadores ou anotações. O autor alegava que conseguia reproduzir o que havia escutado com 90% de acerto. Os cinco anos de pesquisa resultaram em mais de 8 mil páginas de material bruto.

Mais de cinquenta anos após os assassinatos, itens relacionados à barbárie foram colocados em leilão. Entre eles estavam fotografias da cena do crime e dos corpos das vítimas. Imagens de Herb, Bonnie, Nancy e Kenyon assassinados. Por conta das polêmicas que o fato causou, as fotos foram confiscadas e encaminhadas para os órgãos pertinentes.

Outra curiosidade interessante é que mais de meio século depois um manuscrito, com algo em torno de 200 páginas, escrito por um dos assassinos, Richard (Dick) Hitchcock, onde este relata o crime cometido, foi redescoberto. Segundo a reportagem, Capote, ao saber disso, tentou comprar a versão na intenção de evitar a publicação, pois entendia que ela poderia representar uma forte concorrente ao seu livro. Em sua versão Dick defende que o crime foi encomendado, mas pouco crédito se dá a ele devido sua reputação.

Para finalizar as curiosidades, baseado na rápida referência da matéria do El país sobre o envolvimento de Harper Lee na confecção de A sangue frio, fiz uma pesquisa e descobri que, aparentemente, a autora de O sol é para todos teve participação fundamental na obra de Capote. No conteúdo que encontrei é dito que
"ela[Harper Lee ou Nelle, seu primeiro nome] trabalhou de mãos dadas com o escritor nas entrevistas e no desenvolvimento da investigação jornalística."
e
"Não é exagero dizer que sem Harper Lee, A sangue frio não teria existido."

Links
https://medium.com/@lr_nzz/a-sangue-frio-do-romance-de-n%C3%A3o-fic%C3%A7%C3%A3o-%C3%A0-realidade-da406842eca3
http://lounge.obviousmag.org/abismo/2013/01/o-tragico-fim-da-familia-clutter.html
https://istoe.com.br/239604_O+CRIME+QUE+ABALOU+A+AMERICA+ACABA+EM+LEILAO/
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/24/cultura/1490372328_089395.html
http://www.blogletras.com/2016/02/a-complexa-relacao-entre-truman-capote.html
Thiago275 26/11/2021minha estante
Interessante. Comprei esse livro há pouco tempo. Com certeza, vai ser uma das primeiras leituras de 2022.


Craotchky 26/11/2021minha estante
Pretendo abrir o ano com Ulisses. Bem, Boa leitura, Thiago. O livro é ótimo.


Katia Rodrigues 26/11/2021minha estante
Nossa, eu não sabia da participação da Harper Lee. Q interessante!


Craotchky 26/11/2021minha estante
Sim, eu até sabia mas havia esquecido. E a matéria que eu achei na pesquisa (último link) cita a biógrafa da Harper Lee, segundo a qual, Lee ficou desapontada por Capote ter apenas dedicado seu livro a ela. Vale a pena ler a matéria que é bastante curta, diga-se de passagem.


>.< thay >.> 26/11/2021minha estante
Quero muito ler esse.


Craotchky 27/11/2021minha estante
Leia, Thay, duvido que não goste.




Flávia Menezes 25/07/2023

À ESPERA DE UM MILAGRE QUE FAÇA SUMIR TODA ESSA CRUELDADE.
?A Sangue Frio? é um romance de não-ficção do escritor, roteirista e dramaturgo norte-americano Truman Streckfus Persons, mais conhecido por Truman Capote, também autor de vários contos, romances e peças teatrais reconhecidas como clássicos literários, incluindo a famosa novela ?Bonequinha de Luxo? (título original ?Breakfast at Tiffany´s?), que em sua adaptação para o cinema contou com a atriz Audrey Hepburn no papel da inesquecível personagem principal, Holly Golightly.

Por seis anos da sua vida, Capote mergulhou com muita seriedade e comprometimento, em um trabalho minucioso de pesquisas e apuração de dados e entrevistas, que contavam com mais de 8 mil páginas, incluindo os longos depoimentos compilados pela justiça, e de três anos de entrevistas as várias pessoas incluídas nesta história, além dos próprios criminosos condenados pelo crime. Capote ainda teria refeito todo o percurso feito da fuga de Richard Hickock e Perry Smith, da cena do crime até a sua prisão em Las Vegas, o que traz todo um diferencial a sua narrativa precisa sobre todos os lugares por onde a dupla passou.

Com seu ouvido de romancista e sua escrita jornalística, não há como negar o valor de uma obra como essa, onde Capote conseguiu, através de todo o material de que dispunha, ser capaz de compreender os sentidos mais profundos escondidos nas palavras dos entrevistados, e traçar um perfil tão autêntico das suas almas, dando vida em suas páginas a cada um dos envolvidos com uma maestria que nos envolve e comove em uma mesma proporção.

A forma como Capote conta essa história trágica, começando pelo último dia de vida dos quatro membros dessa respeitada família da pequena cidade de Holcomb, oeste do Kansas, até o seu brutal assassinato, dando sequência aos acontecimentos que seguiram até o momento da captura, sentença e execução dos condenados, é de um brilhantismo sem igual, e desde o primeiro parágrafo o autor nos faz mergulhar não em uma imensidão de informações sobre fatos ocorridos, mas sim na singularidade da vida de cada uma dessas pessoas envolvidas, incluindo os assassinos, onde somos convidados a olhar para cada um deles, independentemente da sua natureza, como o que realmente são: seres humanos dotados de uma história de vida.

E essa escrita apaixonada, emotiva e comprometida em apresentar pessoas que precisam ser lembradas pelo que foram, e não apenas por corpos brutalmente assassinados e sepultados, nos envolve e nos emociona de forma que conseguimos olhar para além do que os fatos nos trazem, até sentir que estamos tão intimamente ligados a cada um deles, a ponto de ouvir o pulsar dos seus corações.

Começamos a história conhecendo a vida de cada um dos membros assassinados da família Clutter (pai, mãe, um filho e uma filha), e a forma como eles são trazidos em sua essência mais puramente humana, já nos faz refletir em como a vida pode ser tão frágil, e ainda ser inexplicavelmente injusta com pessoas de tão bom coração. O que me fez lembrar daquela canção de 1993, da banda ?Legião Urbana?, em que o vocalista Renato Russo, com sua voz forte, costumava cantar: ?É tão estranho, os bons morrem jovens...?.

E essa intensa sensibilidade em cada palavra que nossos olhos percorrem página após página, sem sequer conseguir se desviar, é a mesma de quando o autor passa a nos contar a vida dos verdadeiros vilões da história, especialmente a de Perry Smith.

Bem lá no fundo, conseguimos perceber que houve uma identificação do autor com a história de vida de Perry. Afinal, ambos foram filhos de pais com uma relação bastante conturbada, que resultou em um divórcio onde cada um dos genitores seguem suas vidas, enquanto seus filhos são mandados para lares distantes onde cresceram como crianças bastante solitárias. Assim como Capote, Perry também se escondeu nos livros, porém, enquanto Capote desenvolveu desde cedo sua habilidade para a escrita, Perry, que embora também gostasse de escrever, começou a dar mais voz a algo ruim que ia crescendo dia após dia dentro dele.

As cartas que foram escritas pelo pai de Perry e por sua irmã, Barbara, são bastante emocionantes, e conseguimos sentir como essa vida conturbada e repleta de altos e baixos aconteceu para os outros membros da família, por onde a tragédia parecia rondar como uma fiel escudeira esperando por um momento de descuido para lhes trazer ainda mais dor e sofrimento.

São relatos bastante dolorosos, que logo em seguida são rebatidos pela percepção do próprio Perry, e essa excessiva necessidade do autor de mostrar como ele foi submetido a uma vida sofrida de muito abandono, e indiferença por parte daqueles que deveriam amá-lo incondicionalmente, mas que ao contrário disso, não se importaram em jogá-lo no mundo para passar por todas as dificuldades sozinho, nos faz pensar que Capote queria nos sensibilizar à respeito dele, como se buscasse justificar seus atos por conta de um passado traumático. Mas quando chegamos ao laudo psicológico de Perry, é que compreendemos com exatidão a importância de um livro como esse.

A verdade é que nem todos nós tivemos uma infância tranquila. Nem todos nós tivemos pais amorosos que nos amaram e nos educaram, demonstrando que estariam ao nosso lado independentemente do que acontecesse. Nem todos nós tivemos a oportunidade de entrar em uma vida adulta mais amparados e apoiados pelos nossos pais. E nem todos nós experimentamos ser amados incondicionalmente pelos nossos pais, nos sentindo valorizados e pertencentes a nossa família como uma pessoa única e admirada.

Alguns de nós experimentou um passado mais difícil, com pais instáveis, violentos, e distantes física ou emocionalmente. Alguns de nós se sentiu sozinho(a) muitas vezes, e precisou crescer rapidamente para poder cuidar de si mesmo(a), vivendo uma vida de tentativas e erros, e talvez até experimentando mais frustrações do que colhendo vitórias, por ter que descobrir sozinho(a) o que fazer. Alguns de nós se sentiu pouco valorizado, não amado, e até chegou a ter uma sensação de ter sido excluído de sua própria família, como se não fosse parte dela.

Porém, mesmo passando por todas essas dificuldades e sensações de desamparo e abandono, nem todos nos tornaremos o mesmo que o Perry: um homem raivoso, com ódio do mundo todo, e um desejo absurdo de ferir as pessoas para se vingar daqueles que um dia deveriam tê-lo amado e protegido. Claro que aqui, estamos falando de uma pessoa que foi afetada por situações externas, tanto quanto pela ausência de vínculo afetivo que deve ter sido causado pela indiferença dessa mãe, que resultou em uma patologia que o torna tão insensível e indiferente ao outro, a ponto de ser capaz de acabar com a vida de alguém como se isso não significasse absolutamente nada.

Mas ainda assim, tudo isso nos faz pensar em como a ausência da formação de vínculo afetivo com os pais (especialmente por parte da mãe), somado a viver em um lar disfuncional, e a uma sequência de situações difíceis e traumáticas, pode trazer consequências muito mais sérias do que um filho rebelde.

Este ano, o governador de Illinois, J.B. Pritzker fez um discurso para os formandos da Universidade de Northwestern, onde ele reflete sobre a crueldade humana. Quando encontramos alguém na vida que não é como nós, ou age como nós, ou ama como nós, ou vive como nós, é natural sentir medo ou julgar essa pessoa. Porque é normal para a nossa sobrevivência como espécie estranhar aquilo que não nos é familiar. E do quanto a crueldade é usada no nosso mundo como uma fonte de poder, enquanto a empatia e a gentileza são vistas como uma fraqueza, uma vulnerabilidade. E é aí que ele faz o alerta para a necessidade de calarmos esse instinto primitivo, e seguirmos por um novo caminho, usando a empatia e a compaixão para evoluirmos como espécie.

E essa foi a grande sacada de Capote: mostrar como a desestruturação de um lar ausente de amor, pode plantar uma sementinha do ódio que irá crescer e dar frutos com sabor de crueldade. Até porque é fácil olharmos para um criminoso e o condenarmos por seus atos de crueldade. Porém, dificilmente paramos para refletir sobre a forma como essa mesma crueldade vem se infiltrando nas nossas casas, em doses homeopáticas, vindo das redes sociais, dos filmes e programas de tv, das músicas e até de alguns livros, espelhando essas sementes do ódio que nos fazem pensar que para não sermos feitos de bobos (ou seja, sermos vulneráveis), precisamos atacar, ferir e magoar as pessoas. Como diz o ditado: a melhor defesa é o ataque, não é mesmo? Mas será que a única forma de nos defender, é atacando?

Crueldade é crueldade, independentemente do nível. Até porque se deixarmos de sentir compaixão por aqueles(as) a quem de algum forma provocamos algum tipo de sofrimento, então é porque alguma coisa está muito errada em nós. Sem contar que não devemos nos iludir, porque a crueldade não permanece sempre do mesmo tamanho. Ela sempre cresce! Assim como a forma como magoamos e ferimos as pessoas.

Agora, uma parte desta história que muito me tocou por ter sido inesperada e ter me lembrado do romance de ficção de Stephen King, ?À Espera de um Milagre?, onde um criminoso aguardando sua execução no corredor da morte, faz de um rato seu melhor amigo, em "A Sangue Frio" Perry adestra e faz de um esquilo o seu melhor amigo. Certamente um momento igualmente tocante e muito sensível.

?A Sangue Frio? é um romance de não-ficção que ao mesmo tempo que traz eventos trágicos que aconteceram com uma família que nada disso merecia, também nos faz um grande alerta sobre pontos muito importantes, tais como da importância de que uma criança possa viver um lar onde se sinta amado e protegido, de que os problemas entre os pais devem ser mantidos entre eles e só diz respeito a eles (faz muito mais mal para um filho viver em um lar onde os pais brigam e não demonstram amor entre si, do que ver seus pais separados), e o principal, de compreendermos a seriedade das doenças mentais, e de que, quanto antes forem diagnosticadas e tratadas, sem dúvida muita dor e sofrimento poderá ser poupada, e menos casos como o da família Clutter aconteceriam.
Guilherme Amin 26/07/2023minha estante
Parabéns pela excelente resenha, amiga!


Jacy.Antunes 26/07/2023minha estante
Ótima resenha, o filme Capote de 1985 é muito bom.


Flávia Menezes 26/07/2023minha estante
Amigo, muito obrigada!! ?


Flávia Menezes 26/07/2023minha estante
Jacy, muito obrigada pelas palavras! Eu ainda preciso ver o filme! Mas o livro?realmente foi uma leitura sem igual! ?


paraense. 16/01/2024minha estante
Resenha belíssima.


Flávia Menezes 16/01/2024minha estante
Muito obrigada, minha querida! ?




Fernanda.Rettore 10/08/2023

Um Romance Criminal Para Ter Pesadelos
"A Sangue Frio" é um livro de autoria de Truman Capote, um escritor, roterista e dramaturgo norte-americano. Foi publicado em 1966 e logo considerado um marco na literatura do gênero não-ficção, conhecido como "romance de não-ficção".

O livro conta a história real e chocante do assassinato da família Clutter, no Kansas, ocorrido em 1959. No início do livro, Capote relata detalhadamente o assassinato brutal dos quatro membros da família, e em seguida, acompanha de forma minuciosa a investigação policial, a captura dos criminosos e o julgamento.

Capote mergulha nas vidas das vítimas, descrevendo suas personalidades, sonhos e aspirações, para então introduzir os assassinos, Richard "Dick" Hickock e Perry Smith. O autor explora a psicologia dos criminosos, construindo um retrato profundo dos assassinos e do impacto que o crime teve sobre a pequena comunidade em que ocorreu.

"A Sangue Frio" é um livro que vai além de uma simples narrativa criminal, pois Capote investiga as complexidades emocionais dos personagens. O estilo literário do autor é caracterizado por uma prosa detalhada que cria uma atmosfera de tensão e agonia ao longo da narrativa.

No geral, a obra discorre sobre a complexidade dos seres humanos, principalmente sobre a consciência dos assassinos, para tentar descobrir suas motivações. É uma leitura perturbadora, que deixará os leitores imersos em um mundo de suspense.
Gessyka.Loyola 10/08/2023minha estante
Resenha incrível, quero muito ler esse livro! ?????


Fernanda.Rettore 12/08/2023minha estante
Obrigada, Jessika :D eu particularmente não gostei muito Hahah mas não é o estilo que curto.


Fabio 15/08/2023minha estante
Adorei a resenha, Fernanda!
Parabéns!


Fernanda.Rettore 22/08/2023minha estante
Obrigada, Fabio!! Adoro as suas também.


Jardim de histórias 27/08/2023minha estante
Show Fê!




Luísa Coquemala 24/01/2017

Hoje eu topei com uma resenha escrita no New York Times, em 1966, sobre A sangue frio. Que bom reencontrar brevemente com um dos meus livros preferidos. O final da resenha diz o seguinte: "At a time when the external happening has become largely meaningless and our reaction to it brutalized, when we shout “Jump” to the man on the ledge. Mr. Capote has restored dignity to the event. His book is also a grieving testament of faith in what used to be called the soul." Isso me fez lembrar um pouco o porquê de eu gostar dando desse livro, de pensar tanto nele ultimamente.
Li A sangue frio pela primeira vez em 2010, nas minhas férias de julho, por indicação e emprestado. Após o término do livro, passei os anos seguintes lendo coisas de Truman Capote e sobre Truman Capote. Achei muita coisa boa, mas poucas vezes encontrei algo da magnitude de A sangue frio (seja do próprio Capote, seja de qualquer outro autor).
Lembro também que o mês de julho de 2010, período da minha primeira leitura do livro, foi um mês de muitos sentimentos e descobertas. E também de sofrimento, muito sofrimento. Primeiramente, por conta da família Clutter. É indigesto ler sobre o assassinato da família, sobre o estado em que foram encontrados, sobre o namorado da jovem garota recebendo a notícia. É triste ler sobre o velório, sobre o sofrimento da cidade, sobre as luzes acesas e as portas trancadas diante do medo.
Mas, acredito eu, mais difícil ainda (e maior o aprendizado também) é ler sobre a figura inesquecível de Perry Edward Smith, um dos assassinos da família Clutter. Primeiro, você o odeia. Depois, lendo sua vida sofrida, sua infância de abusos, você se sente estranho porque passa a ter uma espécie de compaixão por ele. Finalmente, quase no fim do livro, você cai em lágrimas diante da confissão - pois agora você já sabe que não é só mais um assassino, um assassinato. É, como diz a resenha que eu acabei de ler, a restauração de uma dignidade.
E, talvez, seja por isso que o livro não saia da minha cabeça nesses tempos. Isso porque A sangue frio, um dos meus primeiros clássicos, uma das minhas maiores experiências, me ensinou duas lições.
A primeira delas tem a ver com empatia - aquela empatia que a literatura tem a capacidade despertar, de fornecer a quem lê. Truman Capote poderia ter escrito sobre os Clutter e pronto. Sobre como eles eram bons e foram assassinados de uma maneira horrível - mas, sobretudo, desastrada. Truman Capote nunca foi obrigado a escrever sobre Perry, com quem ele estranhamente simpatizou - e, dizia ele, era como, se criados em uma mesma casa, fosse o irmão que tivesse saído pela porta de trás, enquanto ele saía pela da frente.
Mas Truman Capote, apesar de jornalista, queria fazer também literatura (usou o termo "jornalismo literário") e, como bom autor que era, tinha a capacidade de despertar a compaixão. Portanto, Truman Capote foi além. Ele contou para nós o outro lado da história: a trajetória de Perry Smith. Ele mostrou o que ninguém queria ver, o que ninguém se dispõe a ver. Porque empatia, empatia de verdade, é seguir os dois caminhos: o óbvio, que dói muito, e o difícil que dói ainda mais. É sofrer pelos Clutter, mas igualmente se sentir penalizado por Perry. É ler duas atrocidades: o assassinato de uma família e também a destruição da vida de um jovem desde a sua infância.
E optar pela empatia é traçar esse difícil trajeto. É engolir a parte indigesta de tudo isso. É nem sempre ser compreendido por aqueles que, por mais que querem justiça, não conseguem, por algum motivo, entender a existência de dois lados - mesmo que um seja infinitamente mais complexo e menos imediato de se alcançar do que outro.
A empatia de verdade dói e me leva ao segundo ensinamento: a complexidade das coisas. Desde que li A sangue frio, eu nunca mais consegui ver o mundo em dois campos. Pra mim, o olhar maniqueísta para o mundo é ingênuo, superficial. As pessoas são mais complexas do que "bom" ou "mau", "culpado" e "inocente". Há histórias, há traumas, há problemas.
A sangue frio causa essa estranheza de perceber que, no mundo, não há só dois times e que escolher um lado pode ter boas intenções, mas pode ser também superficial. Afinal, se há os Clutter, há Perry - e Perry ser visto ou não pode ser mais uma questão social do que podem querer fazer parecer. E, talvez, por estar disposto a fazer uma grande obra, Truman Capote pode ter entendido que era necessário encarar esse lado difícil, dolorido e tortuoso que é a natureza humana. Só mostrando os dois lados é que a gente poderia chegar perto de sentir, de entender.
Afinal de contas, é isso que um bom livro faz: muda sua visão de mundo. Eu devo muito a esse livro e, por isso, eu amo muito esse livro. Se hoje, por trás do pano fácil da argumentação unilateral eu sinto que consigo, mesmo que pouco, enxergar uma complexidade, se tento enxergar o outro lado, é por causa desse livro. É por causa de julho de 2010. E por isso eu sou muito grata.

site: www.velhocriticismo.com
Fernando60 24/01/2017minha estante
Excelente texto, Luisa. Vou incluir o livro na minha lista de 2017.


Rodiney 24/01/2017minha estante
Depois dessa resenha excelente me deu vontade de conhecer a obra. Parabéns!


Luísa Coquemala 25/01/2017minha estante
Obrigada, gente. Espero que vocês gostem! :)


Lorena 07/03/2017minha estante
Muito boa essa resenha. Estou há um ano querendo ler e assim que terminar outro que estou lendo vou começar.




Codinome 14/01/2020

Um pouco sobre "A sangue frio"
Sou suspeito para falar de um gênero policial: normalmente a chance de um livro desse tipo me ganhar é fácil. Em 2019, por exemplo, dos 9 livros que li, meu preferido foi um policial: o prestigiado “A trilogia de Nova York”, do americano Paul Auster. No caso de agora, também é de um americano: o jornalista Truman Capote.

Ainda nesse âmbito do romance policial, uma boa obra desse gênero (pelo menos para mim) é aquela que consegue trazer novas problemáticas e embocaduras nesse terreno que já foi manejado por diversos grandes escritores desse tipo de narrativa. Em “A sangue frio”, a própria concepção do livro já é um grandioso diferencial, não só nesse ramo literário, mas na literatura em geral.

A história aconteceu de fato e não é spoiler (embora pareça) esse resumo: em 1959 ocorreu o assassinato de uma família inteira na cidade de Holcomb, localizada no estado do Kansas. O estranho caso, que não deixou suspeitos claros à primeira vista e nem supostas motivações para o crime, atraiu o jornalista Truman Capote para a região. Se não me engano, ele ficou cerca de 5 anos acompanhando o desenrolar dessa investigação. Aliás, a relação de Capote com essa pesquisa já dá uma bela de uma história real a parte: indico o filme “Capote”, de 2005, que traz um ótimo retrato dessa situação e do polêmico escritor (hoje quando faço minhas pesquisas sobre o autor, pois sempre gosto de saber quem está por trás do livro que leio, vejo que ele ainda gera muitas controvérsias).

Voltando à literatura, pode-se dizer que ele conseguiu a proeza de inaugurar, pelo menos formalmente, o jornalismo literário: que é tratar de um tema que ocorreu de verdade (ou seja, o trabalho de um jornalista) utilizando-se da riqueza literária em contar histórias; sendo publicado em quatro partes, na revista The New Yorker, em 1965. E é nesse ponto, na concepção do livro, que ele coloca o gênero policial em outro nível; pois a leitura que fazemos fica, inevitavelmente, diferente: tocou-me mais, pois a brutal situação ocorreu de verdade na remota cidadezinha do Kansas, não foi algo inventado, embora, muitas vezes, pareça que seja.

Pensando na relação que ele tem com outros livros que já li, posso citar alguns: o início de “A sangue frio”, devido à intercalação de duas histórias que se convergem e também pelos personagens Perry e Dick, lembrou-me um romance policial chamado “Killshot”, de Elmore Leonard. Tanto Perry quanto Armand Degas possuem traços indígenas e acabam sendo “vilões” nas duas histórias.

“Crime e castigo” (Dostoiévski), um clássico da literatura russa, também apareceu em minha memória por essa linha narrativa que caminha do crime para o castigo. E, mais próximo ao fim, a ambientação do tribunal e o julgamento dos assassinos me recordou a segunda parte de “O estrangeiro” (Camus).

Um livro que tem um traçado narrativo muito bom, bem escrito e que me prendeu. Para muitos, um clássico logo ao ser lançado.
Giann0 28/01/2020minha estante
A Trilogia de Nova York é incrível


Codinome 28/01/2020minha estante
Siiiim!!!!


Giann0 28/01/2020minha estante
Comecei a ler A Sangue Frio hoje e não consigo parar. Que livro!!!!


Codinome 29/01/2020minha estante
:) :D Que bom que está gostando!!




gabriella12 25/08/2023

O erro foi meu?
Não li a sinopse mas sabia que se tratava de assassinato, assunto que eu amo ler, tanto de ficção como não-ficção, porém eu não sabia que A Sangue Frio era uma não ficção, se eu soubesse com certeza leria com outros olhos.
Tendo em vista que li como uma ficção eu acabei achando a leitura cansativa, não entendi porque tinha pontos e personagens (que agora sei que são pessoas de verdade) que o autor se aprofundava demais e também eu não conseguia me conectar com o livro.
Agora que ja terminei e descobri que era um relato verdadeiro, me arrependi de não ter lido a sinopse, teria aproveitado muito a leitura.
Ps: tinha achado genial o laudo do psiquiatra e me peguei surpresa de como esse campo da psicologia tava avançada para a época
Margô 21/09/2023minha estante
Cansativa?? É justamente a narrativa atrativa que me fez render-se à leitura por dias a fio...Mas é isso, cada leitor ler com olhos diferentes. Viva a diferença!!


gabriella12 21/09/2023minha estante
eu achei cansativa porque nao sabia que era não ficção, achava meio sem sentido do nada focarem num personagem


Margô 21/09/2023minha estante
Ah tá. Compreendo ??.




Carla.Ligia 14/09/2023

É um livro bom
Em geral não gosto de jornalismo literário. Acho que o viés do jornalista é sempre muito claro e indica um "único" caminho possível.
Mas o Capote consegue seguir uma linha bem boa sem colocar muitas opiniões até a última parte.
Embora haja muitas insinuações por parte dos comentaristas sobre a sexualidade do autor e do seu relacionamento com um dos réus, Smith, não senti nada disso no texto.
Exceto que nas páginas finais ele para de se referir a Smith e passa a dar voz a Hickook.
Enfim, achei o livro bom.
Recomendo para quem gosta do gênero já que dizem que esse foi o primeiro.
Margô 21/09/2023minha estante
Estou concluindo a leitura. Me admirei da genialidade da narrativa. Sem lirismo, com um forte viés da oralidade dos entrevistados, e o que considero uma grande proeza literária. A respeito da críticas à Capote, no meu ponto de vista, nada lhe retira a qualidade literária que ele nos presenteou.
Super indico!


Carla.Ligia 21/09/2023minha estante
Ele escreve muito bem, fiquei envolvida do começo ao fim.


Margô 21/09/2023minha estante
Duas!!! ????




Kethleen.Fontoura 04/08/2022

Muito bom
O início engrena, na metade nada flui? mas da metade para o final, o negócio pega jeito e vai de uma maneira inexplicável, é incrível! O final valeu pelo livro todo!
FalaLud 04/08/2022minha estante
Acabei de comprar num sebo e acho que já vai ser minha próxima leitura!


Kethleen.Fontoura 04/08/2022minha estante
Ele é muito bom !!!!!!




Rafa 07/10/2020

Romance Factual
Não é à toa que A Sangue Frio tornou-se referência na literatura/jornalismo. Capote consegue recriar a atmosfera de um crime histórico por diversos ângulos e, com isso, transforma sua leitura numa experiência singular. Outro ponto importante é a discussão sobre a pena capital, sempre polêmica e atual.
Joao.Dias 19/10/2020minha estante
Na Universidade de Comunicação eu li. A forma como Capote observada as coisas, os detalhes. Além de trazer esse universo da literatura com o jornalismo, isso foi de uma genialidade!


Rafa 19/10/2020minha estante
A obra dele é irretocável ????




B. A Silva 11/04/2019

O massacre que chocou os EUA
A sangue Frio é um livro de não ficção, que relata de maneira fiel o massacre da família Clutter e a vida e a morte dos assassinos Perry Smith e Dick Hickock. Capote nos mostra como eram a família, nos fazendo criar uma empatia muito grande com eles, sofrendo antecipadamente a morte que tanto chocou os habitantes daquela cidade. E faz também que conheçamos os pensamentos e a vida difícil que ambos os assassinos tiveram antes dos acontecimentos que os levaram a cometer um crime hediondo. Talvez para que criassenos algum tipo de empatia para com eles, ou para sabermos que até mesmo um assassino teve uma vida antes do crime. Capote nos mostra também em riqueza de detalhes a confissão do massacre. Durante o livro todo consegue - se perceber indícios da personalidade dos assassinos e em como o arrependimento é uma palavra que não existe no dicionário deles.
A sangue frio conta para todos como uma coincidência pode fazer uma família inteira ser assassinada por ambições de outras pessoas. Um livro que merece ser aplaudido e aclamado por muitos anos.
" Quem derramar o sangue do homem, pelo homem terá o seu sangue derramado".
Luis.Gustavo 25/04/2019minha estante
Vale a pena? É bom mesmo?


B. A Silva 26/04/2019minha estante
Nossa muito, claro que o autor é bem específico quando relata como aconteceu o assassinato, para mim foi uma das coisas que me conquistou




Aline 14/01/2015

A Sangue Frio - Truman Capote

A Sangue frio conta a história da família Clutter, brutalmente assassinada após um roubo frustrado, e de seus assassinos, Dick e Perry. O crime ocorre logo no inicio do livro, desta forma o foco se mantêm nos assassinos. Suas vidas pregressas, seus crimes, o tempo que passaram na cadeia antes dos assassinatos, o planejamento do crime, o crime em si e o que fizeram depois é contado com riqueza de detalhes.

Truman Capote, como ele próprio dizia, inaugurou um novo gênero Literário: o romance de não-ficção. Após ler uma pequena notícia no The New York Times sobre o crime que chocou a pequena cidade de Holcomb, no interior do Kansas, Capote tem a ideia de escrever um livro sobre, e resolve ir até lá apurar os fatos . Por muito tempo ele entrevistou os moradores, policiais, e os próprios assassinos depois que foram presos. Durante todo o tempo em que Dick e Perry ficaram presos Truman mateve contato, ganhou a confiança dos criminosos e pode ouvir suas histórias. Vale frisar que Capote levou quase 6 anos para concluir o livro.

Perry teve uma infância muito traumática e cresceu em uma família totalmente desestruturada, e apesar de seus sonhos de uma vida artística e de aventuras em lugares exóticos, acabou entrando para a vida do crime. Dick teve uma vida mais "normal" mas isso não o salvou de enveredar-se pelos mesmos caminhos que Perry. Os dois se conheceram na prisão estadual do Kansas onde cumpriam pena por roubo e falsificação. Foi nesse mesmo lugar que a ideia do crime surgiu e após sair em condicional, Dick foi atrás do amigo que já estava em liberdade para que juntos colocassem-no em prática.

Logo na capa do livro e em qualquer sinopse disponível na internet, o leitor fica sabendo que o livro trata do brutal assassinato de 4 pessoas da mesma família, da investigação e da condenação dos acusados, fato que contribui para que se comece o livro com uma opinião formada dos assassinos: duas pessoas cruéis. O que surpreende é que página à página Truman vai humanizando os criminosos de tal forma que a opinião que o leitor trazia pré-concebida vai se diluindo até chegar a um ponto em que já não se sabe mais o que sentir em relação a Dick e Perry. As emoções ficam confusas e apesar de saber que o crime foi cometido a sangue frio, o leitor chega a sentir pena de quem o cometeu. É de fato surpreendente e até mesmo perigoso como o leitor pode se identificar e, até mesmo, compreender os assassinos.

Truman Capote escreve de forma magistral e mesmo em momentos essencialmente descritivos o livro prende a atenção do leitor e o segura durante as mais de 400 páginas de uma história que já se sabe o final antes mesmo de começar. Não é a toa que o livro é considera sua obra-prima. Definitivamente um livro que deve ser lido e lembrado.

[Livro lido para o Desafio Literário Skoob 2015]


site: https://www.facebook.com/groups/788550891161916/?fref=ts
Greice 17/01/2015minha estante
Parece ótimo, Aline! Vou dar um jeito de encaixá-lo nas minhas leituras do primeiro semestre. Depois volto aqui para falar sobre ele ;)


Aline 18/01/2015minha estante
Vou aguardar a sua opinião :D




Erika 15/03/2021

Truman Capote reconstruiu o assassinato de uma família do estado do Kansas, EUA, criando um novo estilo literário, considerado por ele um "romance sem ficção", ou o que conhecemos como "jornalismo literário".

Para isso, estudou o caso minuciosamente durante 6 anos, passou um tempo na cidade onde os crimes aconteceram, entrevistou os vizinhos da família assassinada e teve contato íntimo com os dois assassinos. Rolou até um vínculo de amizade.

Achei bem bizarro isso. Não que ele passe pano para os criminosos, muito pelo contrário. O leitor é claramente informado que Dick e Perry cometeram os quatro assassinatos. Mas a impressão que tive foi de um certo afeto que o autor sentia, principalmente por Perry (cheguei a sentir empatia por ele também), de personalidade muito introvertida, e provavelmente dotado de problemas psíquicos graves. Ou simplesmente maldade.

Apesar de abordar um tema tão pesado, Capote não o faz de maneira sensacionalista. Chega a parecer um romance familiar de ficção sobre os Clutter, narrando seus sucessos e problemas, uma família normal. E foi muito difícil encarar que se trata de acontecimentos reais.

A escrita é muito fluida e envolvente. Mesmo sabendo logo de início que uma família inteira é assassinada e quem foram os assassinos, Capote induz o leitor, de forma natural, a querer saber como isso se deu, e principalmente, quais motivos levaram a essa barbárie. Leitura para boas discussões sobre pena de morte e questões jurídicas.
Alê | @alexandrejjr 15/03/2021minha estante
Já visse o filme "Capote", Erika? O filme se passa exatamente na época em que ele tem a ideia de escrever "A sangue frio", acho que tu vais gostar.


Erika 16/03/2021minha estante
Não conhecia, Alê! Vou assistir!




Raquel.Furchinetti 29/10/2023

Incrível
Acima de tudo, um livro muito bem escrito. O Capote realmente era um escritor magistral. O livro te prende do começo ao fim. Muito bem construído, alterna entre as estórias das vítimas e dos assassinos num passo lento e cheio de suspense. Quanto a real história em si nunca vamos saber. Não acredito em romance jornalístico. A estória sempre tem um pouco do autor, sua visão, suas vivências, idiossincrasias, temores e paixões. Nunca saberemos o quão fiel ele foi ou não a todas as estórias e o quanto colocou de sua percepção no que viu, ouviu e presenciou. De todo modo, não invalida o livro, seu talento e a interessante experiência em lê-lo.
Alê | @alexandrejjr 29/10/2023minha estante
Muito bem pontuado, Raquel! A beleza desse "romance de não ficção" está justamente nesse espaço entre o real e o imaginário.


Raquel.Furchinetti 29/10/2023minha estante
Verdade Alê:) É um romance que no final ainda te deixa em suspense...




Nane 18/06/2020

Envolvente e assustador
É um livro que estava algum tempo na minha estante, tive oportunidade de ler e discutir em uma LC. Um livro inquietante, durante a leitura vai unindo todos os pontos, te prende do início ao final, vai desenrolando pouco a pouco a história, dando vontade de acabar de ler logo para compreender alguns fatos e fazer algumas conexões dos acontecimentos. Embora saibamos como a história acaba, todos os fatos relatados vai dando uma percepção maior sobre o ser humano e do que ele é capaz de fazer. Uma história trágica, mas mostra a humanidade por trás do assassino, que mostra o assassino com medos e seus traumas. Traça um perfil psicólogico de forma muito didática e de fácil compreensão. Leitura fluida, vale muito a pena!!
ELIZ 18/06/2020minha estante
Adorei esse livro!!




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