marcelaataide 09/05/2024
a ilha desconhecida somos nós.
amei.
a história, mesmo sem travessões e repleta de metáforas do início ao fim, chegou a mim como um tufão.
gostei, principalmente, de como desde o início do conto as pessoas são referenciadas pelas profissões que exercem. o rei é o rei, a mulher da limpeza é a mulher da limpeza ? e mesmo quando deixa de ser a mulher da limpeza para tornar-se outra coisa, nunca pode deixar de ser a mulher da limpeza, pois não se apaga o que já foi ?, o capitão é o capitão. isto, aliado ao momento em que o autor aborda bem explicitamente o fato da ilha desconhecida sermos nós, as pessoas, faz uma alusão interessante a como somos resumidos ao que fazemos (mesmo quando nos apresentamos aos outros tendemos a dizer nossa profissão), mas que, ainda assim, não passamos de ilhas desconhecidas; e há aqueles que queiram descobrí-la, como o homem e a mulher da limpeza, e aqueles que se contentam com o pensamento de que existe apenas ilhas conhecidas, como todos os outros.
jose saramago criou uma obra profundamente interpretativa, pensante, critica. há camadas sobre camadas e muitas nuances. no geral, o que fica é: ?não nos vemos se não saímos de nós.?