Tauana Mariana 23/02/2013
Tsi tsi tsi
É um pouco difícil escrever sobre esse livro. Não que ele seja complexo, nem que a leitura dele tenha sido complicada. É porque eu achei o autor de uma "escrotice" sem igual. Então, será uma árdua tarefa explicar o porquê de tal opinião.
Bom, primeiro de tudo: um minuto de silêncio pelas árvores que foram derrubadas para a impressão desse livro ...
Eu comprei ele já faz um tempinho, li até a página 100 e pensei "só pode ser zoeira". Larguei ele de mão e fui ler outras coisas sobre o Facebook, porque eu precisava de informações fidedignas. Feito isso, decidi que eu terminaria de ler o dito cujo porque: 1 - eu tinha comprado o livro, 2 - não quero mais deixar livros pela metade, e 3 - eu queria escrever essa resenha.
Há, no mínimo, 5 motivos para eu não gostar desse livro e olhar com cara feia pra a foto do autor, que consta na orelha da obra.
1º - Ficção X Realidade
Se você olhar na ficha catalográfica do livro, perceberá que a CDU dessa obra é "biografia". Ou seja, deveria contar a história verídica do Facebook. No entanto, quando você lê, percebe que há um "floreio" na história, ou seja, você tá lendo um romance, uma ficção, qualquer coisa menos uma biografia decente da empresa.
Exemplo:
"- Você sabia que foi aqui que filmaram Inferno na Torre? perguntou. Sean, tentando manter o clima leve e tranquilo no elevador. Ele achou ter visto um leve esboço de sorriso nos lábios de Mark.
- Que reconfortante ... - Mark respondeu roboticamente. Sean estava certo de que ele estava sendo irônico, e se permitia aquele sorriso contra o qual vinha lutando"p. 183.
Agora me diga, caro leitor, como o autor saberia desse diálogo, se ele NÃO entrevistou ou sequer falou com nenhuma dos dois? Ele deduziu de sua linda imaginação, e é assim que a história do Facebook é contada neste livro, por meio da imaginação do autor, nutrido por suas "fontes especiais" e sua bibliografia consultada.
2 - Pedreiro
Tá certo que a história do Facebook envolve jovens adolescentes do sexo masculino, que todo homem (acredito eu) tem seu lado pedreiro. Mas é justamente esse lado que o autor escolheu mostrar. O livro mostra um machismo que me dá náusea. O que é passado é que todos os esforços e empenho para a empresa ser criada e desenvolvida, é para os guris "comerem alguém", ou para "trepar", palavras que você encontrará muitas vezes ao longo das páginas. Isso sem contar os comentários e outros contextos apresentados no livro.
Exemplo:
"O ar tinha cheiro de vida, o céu estava brilhante e azul e praticamente sem nuvens, e as garotas tinham começado a rearrumar seus armários, guardando os suéteres grossos e feios e procurando as saias, as blusinhas bonitinhas, os sapatos que mostravam os dedinhos. Bem, talvez as blusinhas não fossem tão bonitinhas - era Havard, afinal -, mas havia a pele à mostra, e isso era uma coisa maravilhosa" p. 199 (um toque de machismo misturado com uma pitada de ficção).
3 - O vocabulário esdrúxulo
Novamente, tá certo que é um livro sobre jovens, mas porra, precisava ter tanto palavrão? Acho que não né? O livro é recheado com essas palavrinhas maravilhosas.
Exemplo:
"E ele não se arrependia de nada. De porra nenhuma, não era o estilo dele" p. 123.
4 - O título
"Bilionários por acaso". Bem, eu não acredito que tenha sido por acaso, quem ler mais sobre a história do Facebook, perceberá que não foi acaso, nem mera sorte. Indico "O Efeito Facebook", uma biografia excelente e que retrata de verdade a história do Facebook, e não essa ficção norte-americana apresentada pelo Ben Mezrich.
"Uma história de sexo, dinheiro, genialidade e traição". Dinheiro e genialidade, tudo bem, mas história de sexo? Gente, essa história é muito mais do que isso. No livro "O Efeito Facebook" mal se fala de sexo e mulheres, mas nesse, a cama era sempre o objetivo central. Traição? Acho que é uma palavra meio forte. Quem traiu quem? O Eduardo Saverin que bloqueou a conta do Facebook e não quis se mudar para a Califórnia com o restante da equipe? O Mark, que tirou o Saverin da empresa? Os irmãos Wirehog foram traídos? Não sei não, mas eles não descobriram o fogo e mesmo assim embolsaram uma bela grana processando o Facebook. Então, acredito que esse título teve um único objetivo: vender livros.
5 - A distorção da história
Acredito que David, autor do "O Efeito Facebook" tem razão ao dizer que Ben distorceu a história do Facebook para uma história "romanciada". Ou, como está escrito no próprio livro, uma história com "sabor cinematográfico". E ae eu percebo um problema: esse livro virou filme, e acredito que as pessoas pensam que a história do Facebook é a história retratada na tela. Que pena, essa história é muito mais interessante e inspiradora.
Bem, agora só falta eu finalmente ver esse filme para complementar a minha opinião sobre essa pérola.