Tábata Kotowiski 30/12/2010Tô até respirando fundo, fazendo um saravá treis veis para ver se essa resenha sai porque, como vocês devem ter lido no meu twitter, eu detesto esse trequinho chamado Facebook. E depois desse livro, adicionei a minha lista de detestáveis o tal Mark, só pra não perder o costume. Então vamos lá que tô puxando uma força pacífica interior para ver se eu posso terminar esse post sem ter um treco nervoso até o final.
Se vocês, como eu, se perguntam até hoje como uma rede social desorganizada, confusa, tosca e sem graça como o Facebook vale bilhões, é isso que Bilionários por Acaso vai te contar. Vai te contar como Mark Zuckerberg, carinhosamente chamado por mim de ZuckerBLARGH, roubou a ideia do Facebook de alguém, pisou em um bocado de outros alguéns, inclusive seu sócio inicial, o brasileiro Eduardo Severin, chutou mais um tanto e chegou onde chegou: endeusado por meio mundo, bancando uma de maior gênio da humanidade e sendo eleito a Pessoa do ano de 2010 pela revista Time.
WTF?
Eu sei que simplesmente não posso escrachar um livro porque ele conta a história de alguém que eu não gosto, né? Se fosse assim, não gostaria de nenhum livro escrito sobre Hitler ou qualquer coisa do tipo. Sim, estou ciente disso. E não é a toa que dei três coraçõezinhos para Bilionários por Acaso. Porque no geral, é um livro bom. Mas há alguns senãos.
Logo no início do livro, o autor Ben Mezrich alerta-nos para o fato de Bilionários por Acaso ser “uma narrativa dramática baseada em dúzias de entrevistas, centenas de fontes e milhares de páginas de documentos”. Resumindo? Há um bocado de fantasia em cima da história para torná-la interessante e atraente aos leitores. Então não há como saber até que ponto esse ou aquele detalhe é ou não de fato verídico. Eduardo Severin, por motivos óbvios para mim, deu várias entrevistas para auxiliar na escrita do livro. Já Zuckerblargh evocou a quinta emenda da constituição americana e exerceu seu direito de ficar calado. Tá. Eu inventei essa parte. :P Mas sim, ele não concedeu nenhuma entrevista a Mezrich.
Acho que Mezrich forçou um pouco a barra nos inícios dos capítulos, criando cenários e pensamentos dos personagens excessivamente dramáticos. É como se ele desse uma enrolada básica para depois entrar na história em si. Algumas cenas soaram muito fantasiosas e imagino que metade dos pensamentos e conclusões colocados no livro como sendo dos personagens, sejam reflexo das conclusões do próprio autor. É difícil afirmar até que ponto isso acabou afetando a veracidade do livro. Se é que afetou. De qualquer forma, o importante é a essência da história. E nisso, sei que Ben Mezrich foi muito fiel, fazendo um belo e extensivo trabalho de pesquisa e entrevistas.
Para finalizar, sou obrigada a comentar que a genialidade e sexo prometidos ali na capa do livro, nhé, não rola. O sexo passou quase desapercebido. E a genialidade? Vamos combinar, né? Einstein é gênio. Sheldon Cooper é gênio. Zuckerblargh tá mais para um aproveitadorzinho barato que teve uma boa dose de sorte na vida. Bom pra ele.
;)
p.s.: para quem está lendo essa resenha em 2017: eu a escrevi em 2010! O que mudou? Eu tenho um Facebook e estou longe de achá-lo confuso. Mas ainda não gosto da Zuckerberg.
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