Aguiar 24/05/2024
Antes de tudo, quero deixar claro que sou apaixonada pela escrita da Ali. Ela tem um jeitinho com as palavras sensacional. Suas histórias são imersivas e fáceis de serem lidas. Nesse sentido, não dá pra se decepcionar. Se você procura uma romancezinho leve e extremamente fluido, esse livro é uma boa escolha.
É um livro que cumpre com sua proposta. Não é sobre uma história de amor arrebatadora ou que entre em minuciosos detalhes sobre o meio de xadrez profissional.
Ele é como um filme clichê de sessão da tarde, sabe? Que você termina com uma sensação gostosinha e um sorrisinho bobo.
Mas nem por isso, não possui defeitos...
A gente (e com "a gente" quero dizer nós leitores, perdoe a generalização) temos o costume de achar que fluidez na escrita é sinônimo de livro bom. E nem sempre é assim.
Fiquei incomodada com algumas coisas enquanto lia.
Uma delas foi a bissexualidade esteriotipada da protagonista.
Aí você pode estar se perguntando em que momento a protagonista teve sua sexualidade e estereotipada??
Vamos lá.
Mallory tem apenas 18 anos e uma vida sexual muito ativa. Até aí, isso não é um problema. É bom ver protagonistas femininas que não tem medo de explorar sua própria sexualidade. Mas em vários momentos do livro é reforçado essa ideia de que "ela transa bastante".
Em determinado momento a protagonista até pensa que está passando por um período de seca (de meses) e não está mais usando o aplicativo de namoro. Poxa, um aplicativo desses só é permitido pra maiores de 18 anos então como??? É a primeira personagem bissexual da Ali e fiquei me perguntando será que é assim que ela vê pessoas bissexuais? Viciadas em sexo que pegam geral? Sei lá, não gostei disso.
Outra coisa que não gostei foi a forma como as partidas de xadrez eram mal explicadas. Ao meu ver, em várias cenas se trocasse o jogo não faria diferença nenhuma. O que é bem ruim porque teoricamente a história gira em torno do xadrez, né?
Além disso, alguns conflitos internos foram expostos tarde demais na narrativa. Consequentemente, eles foram bem mal desenvolvidos. A questão familiar dos dois não teve a profundidade que eu queria tanto ler.
Muitas questões sentimentais apenas não foram exploradas.
E por último, o gostar muito imediato do Nolan. Por um tempinho, até cogitei que ele fosse demissexual mas parando pra pensar ainda bem que não foi nada confirmado. Ele simplesmente foi vencido por ela e ficou instantâneamente apaixonado. Acho que não é assim que rola a conexão. Sei que não estamos vendo a perspectiva dele, mas fica nítido quando algo é jogado e quando algo é bem trabalhado.
Enfim, para não dizer que não defendi a Ali nessa resenha, vi alguns comentários de gente criticando as irmãs da Mallory. Quer ver uma família perfeita? Abre um comercial de margarina, cacete. No mais, não é um livro ruim. Na verdade, a experiência de leitura foi bem agradável só é bem genérico.