Mariimagno 30/03/2024
Difícil descrever esse livro.
Três
Definitivamente essa autora tem nosso estilo literário. A forma com que ela cria personagens complexo e ao mesmo tempo reais, é indescritível. Esse livro nos trás uma convivência, uma familiaridade.
Gosto como ela sempre trás um teor de mistério na narração. E deixa o romance ainda mais rico.
Valerie Perrin sem dúvida escreve sobre relacionamentos e é a melhor autora para escrever romances maduros, com personagens de fato demonstram a idade que tem - da melhor forma possível.
A gente assiste Etienne se tornar um adulto e viver coisas das quais ele nunca quis e ainda assim amar viver isso. Mas ainda assim, vemos ele sendo o garoto egoísta, mimado e egocêntrico de sempre. Há coisas que sempre continuaram iguais.
Vemos Andrien se tornar outra pessoa e mesmo assim ser atravessado por esse lugar masculino de poder, dinheiro, fama e atenção. E mesmo com tudo diferente, ainda assim, continua sendo essa pessoa reclusa, misteriosa e meio fria, uma incógnita.
E Nina, que faz a ligação entre o grupo. Vemos o quanto ambos depositam nessa a responsabilidade do afeto, do vínculo, do relacionamento e esse não é o peso de ser mulher? De amar homens? Sejam eles amigos, namorados, maridos, irmãos, pais. Ser responsável afetivamente por eles, quando o contrário muitas não acontece.
Amar homens é definitivamente o maior desafio de uma mulher, porque seria muito mais fácil não amá-los. A ilusão da proteção. A ilusão do destaque. Nós mulheres não ganhamos nada sendo amiga dos homens. Nina experimentou isso, não construiu amizades femininas ao longo dos anos, ficou presa a dois garotos que exigiam dela uma certa devoção.
Ela ficou mal falada, não foi poupada da rivalidade feminina alimentada inúmeras por Etienne e seus outros relacionemos amorosos.
E quando precisou só teve outra mulher que foi capaz de ver medo, desespero e dor em seus olhos. Tem coisas que nenhum homem vai ser capaz de ver, somente outra mulher.
E nada vai ser igual a ?água fresca para as flores?