spoiler visualizarLuisalamoni 30/01/2024
Nada pode me ferir
O livro desperta emoções diversas. Por vezes, eu senti compaixão por uma criança que cresceu em meio à violência e o medo, senti indignação pelo ego e pela irresponsabilidade do adulto que se sentia raro e corria com as pernas quebradas, e no final, comecei a absorver o que ele queria dizer, ao perceber uma maturidade que veio com o passar dos anos e das dificuldades.
O livro exige uma capacidade grande de fazer analogias. Pouquíssimas pessoas que vão ler o livro de fato irão para guerra, ou farão treinamentos militares ou correrão ultramaratonas. É preciso ler a mensagem inflamada e maximizada pela visão de David Goggins e lapida-la para se adequar a vida de um civil. Dito isso, vamos as considerações.
David foi uma criança que viveu sob muito estresse, dentro e fora de casa. Isso moldou sua personalidade como alguém sempre alerta e com medo, resultando em uma raiva que foi seu combustível por muitos anos.
Ele enfrentou dificuldades escolares e para ingressar no serviço militar. Chegou a ter um emprego sem propósito, engordou muito e estava infeliz em seu relacionamento. E com tudo isso, aprendeu que o poder para fazer o que deseja estava em sua mente, e não no mundo exterior. David não se colocou como vítima das circunstâncias e começou a se colocar constantemente na zona de desconforto para vencer desafios e dificuldades, uma atrás da outra. A primeira ferramenta que apresenta no livro para enfrentamento das dificuldades é o Espelho da Responsa. Todos os dias ele se olhava no espelho e era sincero em relação ao seu lugar atual, os motivos que o fizeram chegar ali e o que ele precisava fazer para sair dali e chegar onde queria. A segunda ferramenta que ele apresenta é o Pote de Biscoitos. Organizar e relembrar os sucessos e conquistas para ter fôlego para enfrentar os próximos desafios. ?Todos nós precisamos de pequenas fagulhas, pequenas conquistas na vida para alimentar as grandes?. ?Usar os sucessos do passado para alimentar seus sucessos novos e maiores.?.
Depois disso ele chega na regra dos 40%. Na sua opinião, as pessoas desistem após alcançar apenas 40% do seu esforço, deixando de usar os outros 60% que ainda são capazes. Outra estratégia que ele utiliza são os backstops, pontos de parada na estratégia que servem para revistar o que foi feito e garantir que o plano esteja sendo cumprido.
Para Goggins, devemos buscar a melhoria contínua, nunca nos contentando com o sucesso e a estabilidade, mas a busca incansável pela superação dos nossos próprios recordes.
?Nossa cultura se viciou na solução rápida, no truque, na eficiência. Todo mundo vive à caça desse algoritmo de ação simples que permite obter o máximo de lucro com a quantidade mínima de esforço. Não há como negar que, se você tiver sorte, essa atitude poderá lhe valer alguns símbolos do sucesso, mas ela não vai conduzir a uma mente caleiada nem ao domínio de si. Se você quiser dominar a própria mente e remover seu limitador, é preciso se viciar em trabalhar duro. Porque a paixão, a obsessão e até mesmo o talento só são ferramentas úteis se você tiver a ética de trabalho necessária para sustentá-los.?
?A maioria das guerras é vencida ou perdida em nossa própria mente, e quando estamos numa trincheira em geral não estamos sós e precisamos confiar na qualidade do coração, da mente e do diálogo da pessoa que está ali conosco. Porque em determinado momento precisaremos de algumas palavras de incentivo para nos manter focados e mortais?.
?Na vida não existe dádiva mais subestimada nem mais inevitável do que o fracasso. Eu já encarei alguns e aprendi a valorizá-los, porque, se você fizer sua autópsia, poderá encontrar pistas sobre onde fazer ajustes para finalmente cumprir sua tarefa.?
No final do livro, David reconhece o equilíbrio entre a obsessão dos treinos e o descanso, e admite que depois disso está melhor aos 40 do que aos 20. E finaliza com uma excelente reflexão dos ?E se? da vida:
?Sejam quais forem os fracassos e conquistas que se acumularem nos anos que estão por vir - e tenho certeza de que haverá bastante das duas coisas -, sei que continuarei a me dedicar por inteiro e a fixar objetivos que parecem impossíveis para a maioria. E, quando os céticos disserem que é impossível, eu os olharei nos olhos e responderei com uma pergunta simples:
E se??