Pbrandaomachado 19/05/2024
Mais um de Carla
Terceiro livro lido da autora e mais uma vez a constatação de como a escrita dessa autora nos prende do início ao fim.
Amei! Queria mais!!!
Os capítulos indo para o passado e voltando para o presente é o diferencial desse livro.
Algumas frases achei interessante destacar e deixar registro aqui.
"O belo não é feito só de beleza."
"Nada é mais comovente do que encontrar o coração macio de uma rocha."
"E uma mulher não deve se enganar quanto a isso: se é preciso força para tocar no amor de um homem, melhor deixá-lo. Mil vezes: melhor deixá-lo."
"Acho um perigo o elogio excessivo. Gera vaidade, e vaidade é um vício terrível. As pessoas se agarram a ela e ficam comprometidas em manter os elogios em alta, o que é fatal em qualquer área: nas artes, na ciência e principalmente na vida. Além disso, a maior parte das coisas incríveis que somos capazes de fazer, não fazemos porque somos particularmente incríveis. Muita coisa precisa acontecer ao mesmo tempo, e não é mérito de ninguém orquestrar todas elas."
"Há nas famílias uma demarcação de território onde as fronteiras dizem: daqui para dentro somos nós. Dentro é onde cresce um tipo de vegetação particular, que a um estranho parecerá mato, mas que na família é flor. E pode ser flor aos olhos do visitante o que é espinho entre os que se machucam faz tempo.as sonoridades também exigem ouvidos apurados ali, naquelas solenidades. Há entonações que vibram mágoas, e trinados de alegrias ou saudade. Há sempre uma faixa de volume tolerado ao desrespeito, a textura da ironia consanguínea, os tons menores da tristeza e a resiliência do amor, quase sempre nas pausas, além do som, ora estridente, pra sutil, das entrelinhas. Coisas ouvidas na fermentação dos anos. Nas famílias, desiste-se muito das palavras para evitar exílios e, assim, nascem desertos."