Deia Keth 05/09/2023
Primeiro 5? do ano
A Segunda Vida de Missy foi uma caixinha de surpresas constantes. Como uma boneca matrioska.
Comprei esse roteador na esperança de uma leitura bobinha. Descobri minha paixão por livros com velhinhos com O Passeador de Livros e A Troca, então estava esperando algo desse tipo quando o comprei. Mas, nas primeiras páginas, sofri a primeira surpresa ao me deparar com uma escrita densa, uma história lenta e bastante reflexiva. A segunda surpresa veio com o tanto que eu gostei disso.
Missy é uma senhora de idade que mora sozinha, com os filhos tendo se mudado para longe de sua casa. Seus dias são monótonos porque ela não se lembra de como é viver sem ser uma esposa, uma mãe, uma dona de casa, e todas as aventuras em que se envolve é buscando um assunto para conversar com o filho. O desenvolvimento lento e sem grandes acontecimentos são um reflexo disso. Sua história, na maior parte do tempo, gira entorno da história dos outros então é o tempo dos demais personagens que esperamos enquanto a protagonista, criada em outra época, tenta entender o que lhe é permitido.
Esse livro nos faz pensar acerca do machismo estrutural; do que estamos dispostos a aceitar devido um amor idealizado e a falta de amor próprio forma que tratamos os idosos, em especial os nossos pais depois que deixamos as suas asas; do poder que os animais têm em nossas vidas; da importância de ter boas amizades; do auto-perdão.
Creio que haja nesse livro dois grandes plots: o primeiro, me parecia previsivel; o segundo me surpreendeu ativamente. Chorei feito uma desgraçada com todo o desfecho. E, apesar de triste, não mudaria nada do que aconteceu.
Então, dêem uma chance para Missy, mesmo com sua escrita densa e cansativa (eu amei o livro e ainda assim demorei mais de um mês para conclui-lo), vocês não vão se arrepender.