Andressa1327 14/05/2024
A Cachorra
É uma história curta, de leitura fluida, as páginas praticamente voam, e a escrita é bastante crua e objetiva.
.
O livro trata da maternidade, ou melhor, da pressão que uma mulher que não consegue engravidar sofre.
.
Gostei de como a autora consegue nos fazer sentir o que a protagonista sente. Sei que em quase todos os livros os leitores conseguem compartilhar certas emoções com os personagens, mas o modo como Pilar Quintana constrói isso na narrativa é bacana, pois, como salientei anteriormente, sua escrita é direta, sem muitos enfeites, o que facilita essa troca.
.
Talvez algumas pessoas se incomodem (assim como eu) com a maneira como os personagens tratam os cachorros, por vezes cometendo ações cruéis e violentas contra eles.
.
De modo geral, a protagonista (Damaris) passa anos tentando engravidar, mas sem sucesso. Com o tempo, ela vai desistindo e se "conformando" com a situação. Contudo, como em uma boa e velha sociedade patriarcal e machista, a culpa pela não gravidez recai toda sobre ela; em nenhum momento se cogita que seu marido (Rogelio) possa ser infértil.
.
Certo dia, Damaris adota uma cachorrinha, e toda sua relação com o animal se torna algo maternal, como se a cachorra fosse uma substituta para o filho que ela nunca teve. O problema começa quando o filhote cresce e começa a fugir de casa. Damaris vai criando ódio da cadela, e sua aversão atinge o ápice quando a cachorra fica prenha. É como se Damaris sentisse inveja do animal por conseguir ter filhos, enquanto ela não consegue. Essa inveja da protagonista foi tanta que a levou a cometer um ato horrível contra a cachorra que um dia tanto amou e cuidou.
.
Para encerrar, apesar de reconhecer a potencialidade da história, não foi algo que me cativou. Talvez por não ser o público alvo ou não ter lido no momento correto, mas só não desisti de ler porque era uma leitura "obrigatória" de um projeto da faculdade do qual estou participando.