Resenhas - A Cachorra

Tamires Durães 20/06/2022

Quantos traumas podem estar enraizados no ser humano?
Na tentativa de desviar a atenção dos seus traumas passados e do insucesso de engravidar, Damaris adota uma cachorra. Mesmo na companhia do marido, a protagonista se sente sozinha e inconsolável. O drama latino-americano se passa na costa da Colômbia e é construído de forma única, singela e ao mesmo tempo atroz.

A leitura é muito fluída e envolvente. Desde o lançamento o título estava na minha lista, não sei por que não o li antes. Esta é daquelas histórias que eu gostaria de esquecer só para ler tudo pela primeira vez novamente (sou leitora de desgraceira mesmo, risos). Não me lembro de ter lido nada semelhante quando se trata do terror psicológico exposto nessa narrativa. Muitas vezes julgamos os atos de terceiros, sem conhecer ao certo o que o levou a cometê-lo. Quantos traumas podem estar enraizados no ser humano? O que uma dor em seu âmago é capaz de causar?
São tantas camadas possíveis para serem depreendidas, dentre elas, a maternidade, casamento, criação dos filhos, expectativas dos pais, traumas de infância, etc.

Amei a escrita da autora, muitas vezes a leitura me provocou as sensações de umidade, frio/calor, mofo, bem condizentes com o cenário descrito, dificilmente uma obra me provoca tais percepções e me empolguei com a leitura do início ao fim.

Ana 15/02/2022

Não sei quem mais precisa de terapia depois desse livro, a personagem Damaris ou eu... A história, e principalmente o desfecho, não foram NADA do que eu esperava, o que é muito bom e péssimo ao mesmo tempo. A escrita é fluida, mas o entalo na garganta é constante. A forma como a narrativa me atingiu me fez lembrar quando assisto um filme de terror psicológico: fiquei o tempo todo apreensiva, angustiada e aterrorizada, mesmo sem ter nada sobrenatural, como se o horror fosse justamente pelos fatos serem tão humanamente possíveis.

Rita Caroline 02/07/2021

A cachorra
Eu estou impactada com essa narrativa. É um livro curto, a escrita da autora te faz não querer largar o livro, mas confesso que deixei de lado algumas vezes por me gerar alguns incômodos. A história é triste, complexa e mexe com nossas emoções de uma forma intensa. A narrativa passa por vários traumas passados da personagem, Damaris, e também na questão dessa mulher de 40 anos não conseguir engravidar. Onde surge um outro ponto abordado, os traumas e desejos da personagem relacionados a maternidade. Gostei muito da escrita, vale a pena a leitura, e acho que vou ficar refletindo sobre tudo durante um bom tempo. Que final foi esse?!

Mari Pereira 25/04/2022

Um livro repleto de estranhezas.
O enredo parece simples e a prosa é descomplicada. Uma mulher comum, uma mulher como qualquer outra, uma mulher pobre latina. E uma cachorra.
E nessa relação de carinho e cuidado, também se equilibram dores, traumas e ressentimentos.
E o que era só uma história sobre uma mulher qualquer e uma cachorra, se torna outra coisa. Se torna um desconforto. Um incômodo. Fica pesado, denso, estranho.
Não é um livro fácil de gostar. Mas vale a pena a leitura.

vicqs 10/02/2022

Sensível ao extremo
Essa leitura foi indicação de um colega aqui do Skoob, e não me arrependo de ter apostado minhas fixas aqui. Uma história triste sobre falta, sobre angústia e o quanto podemos nós fazer enganar pela nossa psique. Eu amei, e tenho um carinho especial por esse livro.

Leila de Carvalho e Gonçalves 08/12/2020

Shirli
A Cachorra é um romance de apenas 80 páginas que me fez companhia durante uma madrugada insone. Uma leitura que não consegui abandonar até o desfecho, fato que comprova o talento da autora, a colombiana Pilar Quintana, que em 2007, foi selecionada pelo Hay Festival, no País de Gales, como um dos 39 escritores com até 39 anos de maior relevância da América Latina.

Outra escritora selecionada no mesmo evento, a equatoriana Gabriela Alemán, define com precisão o livro: ?De verdadeira violência, A Cachorra encontra feridas que não sabíamos que tínhamos, mostra-nos sua beleza e depois joga nelas um punhado de sal."

A narrativa gira em torno de Damaris, uma mulher de meia-idade que carrega um trauma de infância e um casamento sensabor com Rogelio, marcado pela ausência de filhos. Entretanto, as benesses da maternidade chegam de forma inesperada, quando ela adota uma cachorrinha, de aproximadamente um mês, a quem dá o nome de Chirli, o mesmo nome que daria para a filha que nunca veio. Resumidamente, a protagonista é uma mulher tentando reconstruir de maneira torta aquilo que considera seu destino.

Tendo como cenário a inóspita região litorânea de Buenaventura, o romance debruça-se sobre a maternidade. Sem diagnóstico médico e a mercê de feiticeiros, a culpa da infertilidade do casal é atribuída exclusivamente a Damaris, que passa ser tratada pela comunidade como uma ?mulher seca?, imprestável para sua principal função: parir. Ideia que, como produto do meio, ela própria corrobora, estreitando conflitos íntimos e esgarçando um sentimento de culpa que remonta a morte acidental de um vizinho, Nicolasito, quando ambos tinham apenas oito anos de idade.

Finalmente, por conta de seu duplo sentido, o título do livro foi muito bem escolhido. La Perra, em espanhol, ou A Cachorra, em português, não é apenas o feminino de cachorro. Também é um xingamento reservado para uma mulher desavergonhada ou de mau gênio. Se ficou curioso, aceite minha recomendação e em pouco mais de duas horas, descobrirá o porquê. ?

Ster 18/03/2022

Um romance breve, focado no relacionamento de Damaris e sua cachorra. Não sei exatamente qual o propósito da autora, mas é possível pensar sobre diversas coisas, tomando como exemplo algumas situações vividas por Damaris e os que estão ou estiveram próximos a ela. Ou simplesmente absorver uma outra realidade, outra vivência, outro cotidiano.

A leitura me fez pensar em como esperamos o reconhecimento do outro, indivíduo ou animal, pelo afeto e cuidado que doamos; pensando ainda que esse amor que Damaris ofereceu estava a tanto tempo "guardado" para ser entregue, e a frustração pela cachorra não retribuir da maneira que ela esperava fica evidente em vários momentos. O "final", em paralelo com uma notícia que é relembrada por Damaris, é um "reforço" para minha ideia.

Monroe 21/01/2022

A dor da frustração
Damaris nunca conseguiu ter um filho. Vive uma vida sendo torturada psicologicamente, tanto por não ser mãe, como por outras perdas que teve em sua vida. Apesar de terminar o livro com um mix de sentimentos, que passam da dor, ao acolhimento, termino me sentido decepcionado com a protagonista.

Mas não será eu a julgar uma mulher que vive uma vida a pedir perdão, que se tortura por nunca ter errado e ser tão maltratada pela vida.

Para um livro tão curto, fico impressionado com o dom da autora de escrever de forma tão direta e fluída.

Recomendadíssimo!
(Tive que tirar uma estrela pela crueldade animal).

Lais.Lagreca 07/01/2022

Achei que não fosse conseguir terminar a leitura :(
Eu fiquei interessa em ler esse livro pelo título: “A cachorra”. Isso porque sou apaixonada por cachorros. Quando li a sinopse, percebi que o livro poderia trazer questões sensíveis sobre a relação de humanos com os animais, o que poderia me deixar triste, mas, mesmo assim, quis ler.
De fato, logo no início, houve um momento em que eu achei que não conseguiria ler, ou melhor, que, tendo a opção de ler tanta coisa, eu não iria querer ler um livro que mostrasse alguém maltratando os animais. No início, esse alguém não era a protagonista.

No entanto, eu consegui ter empatia pelos questionamentos da protagonista, por sua solidão, pela cobrança que lhe recai sobre não ser mãe, enfim...

Foi uma leitura muito envolvente e que me fez refletir sobre inúmeros temas importantes, como a situação de uma mulher que não é mãe, a cobrança, a solidão, a pobreza, a servidão, a culpa etc.
No entanto, não seria um livro que eu leria novamente, pois, para mim, a violência exercida contra um ser que não pode se defender é algo que, sem um cuidado crítico, é perigoso.

Estamos muito atrasados quando pensamos na questão da proteção dos animais. Eu sei que essa não é a temática do livro e que toda a violência exercida pela protagonista se relaciona a outros traumas, mas, de verdade, quase não tive estômago para concluir a leitura.

Moro numa cidade relativamente grande e, ainda hoje, ainda aqui, as pessoas colocam ninhadas de gatinhos, cachorrinhos em sacolas, amarram-nas e a lançam nos córregos. Só como exemplo. Nesse sentido, pelo que sinto pelos animais, penso que há outros caminhos para fazer com que percebamos o que a personagem sentia sem aludir à descarga do sofrimento sobre um ser inocente.

Mas, atenção, não estou dizendo que a obra não é boa. Eu li e me envolvi, mas não sabia o que me aguardava no final. O final fez com que eu me sentisse nauseada e triste por questões que não eram as “discutidas” no livro.

Danilo546 10/04/2022

Não sei nem o que pensar desse livro ?
Nessa história curta e bem escrita, a colombiana Pilar Quintana nos apresenta Damaris, uma mulher que carrega vários sofrimentos da infância e que, ao chegar à vida adulta e se casar, precisa lidar com a esterilidade (não se sabe se dela ou do marido), situação esta que lhe causa enormes sofrimentos, por ver frustrado seu sonho de ser mãe, além de ter que aguentar o falatório do povo do vilarejo, para quem não ter filhos é uma maldição. Carente de afeto e de qualquer alegria, Damaris deposita seu amor numa filhotinha, mas essa relação também se mostrará conturbada e o final do livro faz a cabeça do leitor explodir por causa do que acontece.
A premissa do livro é interessante, os capítulos são curtos e a leitura é super fluida (li o livro inteiro em um dia, usando poucas horas), mas não sei se gostei. A história é pesada e faz refletir, mas preciso ser sincero: gosto de finais felizes (ou pelo menos esperançosos) e aqui é tudo tragédia. De todo modo, valeu à pena a leitura.

Kau 04/03/2021

Esse livro me deixou inquieta, sem saber que tipos de sentimentos eu estava sentindo. É uma mistura de sensações de difícil compreensão.
O final correu conforme o esperado, porém é o tipo de horror que você sabe que provavelmente vai acontecer, mas não consegue deixar de se surpreender, é chocante.
É um livro incrível e intenso como imaginei que seria, que envolve diversas questões como solidão, violência, depressão.

"Aquele tinha sido sua cachorra: Damaris a tinha resgatado, carregado em seu sutiã, ensinou-a a comer, a fazer as necessidades nos lugares adequados e a se comportar como devia até que ficou adulta e não precisou mais dela" p. 127

Nathália 08/06/2022

Ter ouvido um podcast a respeito mudou minha percepção...
Acho muito importante buscar por fontes que expandam o conhecimento acerca de determinados títulos, principalmente quando abordam questões tão complexas.
No caso de "a cachorra" em particular confesso que daria uma nota inferior se não tivesse compreendido todo o contexto por detrás da trama. Mas após ter ouvido uma conversa sobre onde se passa a história, a ambiguidade do título, questões raciais, sociais, inferiorização da mulher diante do não-maternar e outros pontos de extrema relevância, vi o quanto foi bem escrito principalmente se considerarmos em que momento a Pilar Quintana o escreveu (durante o puerpério).
Recomendo muito a leitura e mais ainda a imersão. Fica aqui também a dica do canal do podcast que ouvi:
"Põe Na Estante, por Gabriela Mayer"

https://podcasts.google.com/feed/aHR0cHM6Ly9mZWVkcy5zaW1wbGVjYXN0LmNvbS8wZjltNWFNTw/episode/ZjEzMmQ3ZDUtNTE4MC00NzQwLWJiOTctNTAzODY3NDM3ZDFj?ep=14

Julyane Polycarpo 04/01/2021

A cachorra
Terminei e acho que faltou um final melhor, ficou meio em aberto.
Agora a capa faz sentido e me deixa muito angustiada e triste.

Mesmo assim, recomendo a leitura. É bem fluida com capítulos pequenos.