Felipe Mello 28/07/2021
Profundamente Crítico em sua Concepção, mas Infantilmente Maniqueísta em sua Essência
OBS: Por mais que eu seja fã das deusas do amor, devo deixar bem claro que este livro foi lido por um ateu convicto, mas que deixou há muito tempo a sua imatura militância.
Apesar de o ateísmo ser o fundamento intrínseco da obra, Dawkins debate(e aprofunda) o tema em três principais tópicos.
Deus: Por mais que Dawkins não afirme(100% falando) que o design inteligente panteísta ou einsteniano não exista, o próprio consegue passar com bastante sagacidade e veracidade todas as inverossimilhanças cientificas, apesar do inevitável tédio em relação às explicações evolutivas darwinianas em relação aos genes e memes(que capítulo chato!), que a figura divina conhecida genericamente como Deus foi fruto da invenção humana, visto que ficou bastante explicito as inúmeras tentativas do autor em tentar explicar para os seus leitores(com ou sem sucesso) que não há nenhuma evidência sólida e concreta que o deus pessoal possa sequer existir. Foi de longe a melhor parte do livro, apesar que nenhum teísta devotado será convertido e nisso não há nenhum problema.
Religião: “Por mais horrível que o abuso sexual sem dúvida seja, o prejuízo pode ser menor que o prejuízo infligido pela atitude de educar a criança dentro da religião católica.”
Este repugnante pensamento do autor é apenas um dos inúmeros exemplos de sua imatura militância, visto que apesar de algumas excelentes críticas construtivas em relação à doutrinação infantil religiosa(que eu já passei), a moralidade e o próprio fundamentalismo religioso, Dawkins tenta a todo custo nos convencer que o próprio não é um fundamentalista ateísta(ele usa a expressão apaixonado pela ciência, sei?!), pois, ao invés de tentar conscientizar o leitor que o extremismo religioso possar a levar boas pessoas a cometerem barbaridades, a sua obra cria pouquíssima distinção entre os religiosos moderados com os fundamentalistas(chegando até sugerir que a religião moderada permiti a fundamentalista existir), uma vez que a infantil visão maniqueísta de sua obra nega todas as pessoas que usaram as suas crenças para fazerem o bem, citando com muita sutileza em apenas um mísero parágrafo. Visto que foi impossível não notar uma exacerbada arrogância do autor no momento em que o próprio sugeri, e afirma, que os ateus são pessoas mais instruídas intelectualmente e tolerantemente. Uma tremenda bobagem, na minha opinião. Acredito que o seu livro poderia ter se aprofundado no tema com intuito de conscientização, mostrando tanto as partes boas como as ruins que a religião trouxe ao longo da história para a humanidade. Mas, julguei engraçado e irônico que Dawkins usou os movimentos progressistas e feministas, em várias ocasiões, como forma de progresso que deveríamos usar em relação à fé. Fico imaginando como Dawkins deve se sentir quando testemunha vários integrantes destes grupos espalhando mensagens de ódio, segregacionistas e cancelamento ao longo das redes sociais em nome do progressismo. Fica para pensar?
Agnosticismo: Apesar de ter sido uma passagem curta, é nela que Dawkins demonstra toda a sua soberba arrogância, visto que além de catalogar minuciosamente os pensamentos das pessoas(dos teístas decididos aos ateus convictos), o próprio chega a tirar zarro dos agnósticos em relação ao design inteligente, fazendo o leitor entender que o agnosticismo é somente uma mera fraqueza mental e intelectual, pois, o individuo possui medo de abraçar o seu ateísmo intrínseco em relação à sociedade. Julguei altamente desnecessário o seu desproporcionado ataque, que beirava a infantilidade em algumas passagens, pois, o próprio Dawkins defende o agnosticismo em diversas outras áreas cientificas, principalmente a vida inteligente extraterrestre.
Sendo assim, foi intrigante realizar este interessantíssimo experimento, comigo mesmo, em relação a esta segunda leitura, pois, lembro-me muito bem que quando a li pela primeira vez, tinha a achado perfeita para desconverter qualquer teísta de sua fé, mas após ter largado, a alguns anos atrás, a minha juvenil militância, percebo que não foi a obra que mudou, mas sim, eu. E posso facilmente dizer, que foi uma das grandes consciencializações que já tive.