Karol 30/09/2011A Princesa Leal- Resenha para Livros em SérieQuando você vê o título do livro, A Princesa Leal, e sabe que ele faz parte de uma coleção chamada ‘Tudor’, você logo pensa em Catarina de Aragão. Não teve outra mulher naquela época que tenha sido mais leal do que ela. Catarina foi a primeira esposa do mulherengo Rei Henrique VIII, a única delas que realmente tinha nascido nobre e criada para tomar tal posição, a mais prestativa e também, como o título nos lembra, a mais leal. Porém, conforme você lê o livro, logo percebe que a lealdade de Catarina não é a Henrique como imaginávamos. Pelo menos não do ponto de vista de Philippa Gregory.
O livro começa contando a infância de Catarina, filha mais nova de dois poderosos monarcas da Espanha, temidos por todos por suas cruzadas e com uma fé cristã inigualável. Ela nasceu e cresceu no meio da guerra. Viu homens irem a luta e serem mortos em nome de uma fé, essa, que foi tomada por ela desde pequena também. Isabel e Fernando, pais de Catarina, lutavam junto com seus exércitos, eram ótimos estrategistas e fizeram questão de repassar todo esse conhecimento aos seus filhos.
Aos sete anos de idade Catarina finalmente encontra um lar e sua vida muda completamente. Ao invés de morar em campos de guerra, agora ela mora em um palácio maravilhoso, digno de contos de fada, que um dia pertenceu a um sultão. Catarina sempre achou a causa de seus pais certa. Nunca os contestou sobre Deus e suas vontades, e ao longo do livro você percebe que a pobre infanta passou por uma espécie de lavagem cerebral não intencional. Não me levem a mal, ao meu ver, Catarina de Aragão foi uma grande mulher, preocupada com um país e sua população acima de tudo, enfrentou diversos problemas com uma força que duvido que eu talvez tivesse, uma pessoa que eu daria de tudo para ter no governo do Brasil ao invés dessas péssimas opções que temos (uma terrorista pseudo-comunista e um tio Patinhas hipocondríaco) mas que a pobrezinha da Catarina era uma fanática que precisava ter uma visão diferente e mais real do mundo, ela era.
Como você pode ver em milhares de passagens do livro, Catarina acredita piamente que sua mãe é a favorita de Deus, e que ela, sendo a favorita da sua mãe, é abençoada e tem regalias que o resto do mundo não pode ter, típico de um fanático religioso. Ela vê os outros com preconceito e continua agindo assim mesmo quando, na minha opinião, um dos personagens mais humanos do livro aparece para ajudá-la e some algumas páginas depois, um médico mulçumano.
O que realmente faz Catarina crescer, e ter lapsos de consciência, é, como em todo bom romance, o amor. Philippa relata de forma deliciosa um romance que é de fazer qualquer mulher se apaixonar e desejar ter um igual. Ao mesmo tempo esse amor impulsiona ainda mais a sua ambição, que na sua cabeça, não é ambição, e sim vontade de Deus. Fácil ver assim, né Catarina? Por muitas vezes durante o livro tive vontade de sacudir, dar na cara dela e berrar ‘acorda, mulher!’ e em outras tive vontade de pegá-la no colo e dar mais força para um ser humano já forte. Novamente, Philippa Gregory, relatou uma história cheia de personagens reais, e importantes, maravilhosamente. Você vê como essas pessoas responsáveis por uma nação são simples seres humanos cheio de imperfeições e desejos, e que é isso os leva a tomar muitas atitudes mal pensadas que podem afetar um país negativamente ou, com sorte no caso de Catarina, positivamente. Tudo está na mão de seres humanos, o que me leva a refletir e chegar na conclusão de que hoje em dia tudo é igual, as pessoas no poder são, muitas vezes, egoístas e ambiciosas. Um ótimo livro, atual, que contando uma história de quase 500 anos atrás, nos mostra como o ser humano não evoluiu em nada, que ainda acha que tem o poder de colocar a sua religião como a certa e isso ser uma desculpa para tirar vidas e começar guerras.
Pode ser que alguns vejam o lado mais romântico do livro, outros o lado político e religioso que Philippa também quis mostrar, mas, de uma coisa eu sei: no final do livro vocês têm certeza por quem era a verdadeira lealdade de Catarina e duvido que alguém no seu lugar também não tivesse.
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