anicca 13/08/2022
Virando gente do avesso (não só metaforicamente)
Desde a infância somos introduzidos a vários arquétipos. E todos buscam padronizar o mundo, os seres que abriga e os eventos desenvolvidos em seu interior, de modo que possamos melhor nos inteirar sobre tal espaço. Nas fábulas antigas, por exemplo, o bem é comumente associado a traços de inocência e pureza moral e estética. Já o mal vem representado por garras e unhas potentes, malícia e egocentrismo. E as figuras de poder são inquestionáveis fontes de sapiência e segurança.
Nesse sentido, o mérito de The Boys reside na subversão do nosso imaginário, sobretudo por satirizar personagens icônicos da cultura pop ocidental. Não é original a ideia de que humanos seriam intrinsecamente degenerados e nem que seria inevitável tornarem-se odiosos diante de uma fonte de poder, mas os quadrinhos trazem elementos relevantes de nosso espaço-tempo: Que relações poderiam se desenvolver entre a imagem de caras como Flash, Batman, Superman e Mulher Maravilha e a mídia? O que dizer da apropriação pela indústria e da objetificação dos ditos super-heróis? E quanto a seus aspectos subjetivos mais sórdidos... inexistem? Quem eles são de verdade? Quais suas motivações? E como se manter intocado por seus poderes colossais?
P.S.: A saturação de cores é um horror. Por mais que haja uma função para as cores apelativas e os traços genéricos, é desagradável. E, particularmente, considero Watchmen muito mais bem-sucedida em se tratando de representar heróis sob uma ótica "distorcida".