Daniel 08/07/2013Indicado pelo MorrisseyLi O Retrato de Dorian Gray pela primeira vez quando tinha 17 anos, influenciado por uma entrevista do Morrissey (The Smiths é até hoje meu grupo de rock favorito), na qual ele dizia que adorava tudo o que Oscar Wilde tinha escrito.
Lembro que fiquei muito impressionado com a sagacidade dos diálogos, com a descrição dos ambientes, com o clima de suspense do enredo. Os personagens também eram marcantes: o dandy Dorian Gray, o atormentado pintor Basil e o cínico Lorde Henry, com suas incríveis frases de efeito (Há sempre um quê de ridículo nas emoções das pessoas que deixamos de amar, entre tantas outras).
Reli esta obra há pouco tempo, e me pareceu um livro bastante diferente do que eu lembrava, mas igualmente brilhante. Faz toda a diferença ler Dorian Gray na juventude e ler depois, na maturidade. Muito do cinismo do Lord Henry faz todo o sentido do mundo quando se começa a sentir o passar dos anos, a perda da jovialidade...
O melhor biógrafo de Oscar Wilde, Richard Ellmann, escreveu que Wilde via seus três personagens como refrações da sua própria imagem: Basil Hallward é o que penso que sou; Lorde Henry o que o mundo pensa que sou; Dorian o que eu gostaria de ser em outras épocas, talvez. (...) No entanto, ele é maior do que as três personagens juntas: elas reproduzem distorções ou reduções de sua personalidade, nenhuma chegando a produzir seu espírito magnânimo, sua espirituosidade ou a plenitude de sua criatividade.
Um livro brilhante, uma obra prima indiscutível da literatura universal.