@blogleiturasdiarias 22/06/2018Um pouco frustrante. É realmente o fim?Uma das resenhas mais difíceis que escrevi na vida. O Dueto Sombrio me deixou com sentimentos conflitantes. Apesar de ter amado a história — e achar o enredo único — falhas grandes e pequenas me deixam com um sentimento de que não foi algo tão bom quanto esperava. Se me perguntarem "Vale a pena ler a duologia?!" respondo que sim por que tem uma ambientação única, a escrita é ótima, mas não crie altas expectativas.
Após os acontecimentos de A Melodia Feroz, Kate vive em Prosperidade lutando contra monstros, monstros que até então não conhecia. Deparando-se com um específico em que as ações dele estão além da sua capacidade, ela decide voltar para Veracidade e pedir ajuda a August. Bastante mudado após o último encontro dos dois — líder agora de uma equipe e representando o papel do Leo — eles verão que peças do passado estão retornando. Tendo que lidar com o velho e o novo, novamente se verão lutando pelas suas vidas e da população.
Victoria Schwab tem uma forma de escrever que noto em pouquíssimas autoras de fantasia. É realmente fluida, captando o leitor de tal maneira que você não para até acabar. Este volume li em 2 dias, por quanto fui instigada a chegar no final. Aliado a um desenvolvimento que temos elementos que se conectam de alguma forma com a nossa realidade, torna-o excelente e dinâmico. E acredite: é! A escrita poética e com mensagens reais por trás fascina. Ela transforma a fantasia em algo captável da nossa realidade, algo beirando ao crível.
E os personagens auxiliam muito nesta questão. August, o meu favorito da duologia, evoluiu de forma sem igual. Entendendo melhor seu papel no mundo — mesmo tendo atitudes que não vão de acordo com sua antiga conduta — ele passa por tantos altos e baixos durante a narrativa, de maneira tão humana, que você entende. Já Kate foi uma protagonista que comecei com um pé atrás no antecessor, e aos poucos foi me conquistando. Forte, destemida, tem noção dos seus erros e do que suas falhas podem produzir. Juntos, eles se complementam e ajudam mutuamente. É um dos maiores pontos positivos.
"— Você está errado — disse Kate, virando as costas para ele. — Existe um tipo de mentira que até você pode dizer. Sabe qual é? — Ela encarou o olhar dele nas portas de aço. — O tipo que se conta a si mesmo." pág. 258
No entanto, nem tudo é maravilhoso assim. Furos ao longo da trama me deixaram meio triste por que tinha tudo para ser algo grandioso. Personagens inseridos desaparecendo sem explicação, os vilões que seriam o cerne dos problemas tendo desfechos decepcionantes — quase sendo uma repetição de ações do anterior — e principalmente um dos finais foi estrondosamente previsível.
O que revela ser o "fechamento" da Kate/August divide opiniões. Infelizmente, o enxerguei de longe. A autora nos dá pistas ao longo da narrativa — de forma sutil nas falas, em atitudes desmedidas — que captei rapidamente o que ocorreria, sendo uma das primeiras teorias que criei — até justificado pela autora ter personalidade de tornar o pior dos rumos ser possível. Por isso quando o plot twist apareceu, não me impactou. E vou além: não senti e ainda não sinto a necessidade de tal cena aparecer. Não captei a proposta que essa ação faria com a história toda, e a construção depois não veio resultado dela. Se foi um recurso para chocar, comigo não funcionou.
Agora o que sucede essa cena foi acertado. Nem tudo é como a gente quer, acontece de maneira perfeita ou sai como o planejado. Vivemos em um ciclo sem fim: onde um se fecha e outro começa. Resolvemos um problema aqui, entretanto na frente surge outro. Trazer essa ideologia é excelente. E um dos pontos que marca a leitura é expor que a realidade pode ser cruel, triste e arrasadora. Para esse mundo criado é o ideal. Outro erro que destaco é em situações exclusivas surgirem pitadas de esperanças dando falsa impressão ao leitor — era como se a Victoria também estivesse em dúvida em como terminar. Ela perdeu a dosagem da balança, o que pode frustrar leitores — e vai.
De uma forma geral pesando prós versus contras e repetindo o que falei no início da resenha, a leitura é válida. É uma obra aclamada e favoritada por diversas pessoas, que foge do clichê e é gostosa de ler. Dei 3.5 por que para mim o plot twist foi óbvio, todavia novamente falo que surpreendeu bastante pessoas — a crítica internacional elogia. São dois volumes em que o primeiro é excepcional. Pelo universo, pelos protagonistas e pela narrativa: recomendado.
"Então aquele era o problema, pensou Kate. O motivo para meias medidas, o impasse, a morte lenta. Como podiam lutar contra Sloan se estavam ocupados demais lutando entre si?" pág. 330
Na parte física a capa é belíssima e o título conveniente com o conteúdo. A diagramação segue o padrão encontrado antes: espaçada, confortável de ler, com um diferencial de capítulos inteiramente poéticos. É dividido em partes denominadas versos, e dentro dos versos temos os capítulos. A narrativa é alternada entre Kate e August em terceira pessoa.
Das três séries lidas — trilogia Tons de Magia, A Guardiã de Histórias e duologia Monstros da Violência — a última é de longe a melhor. Ainda assim, no conjunto não foi suficiente para me cativar. Não acho que exista obras perfeitas, nem de longe minha opinião é verdade única. Porém, quando os erros me passam despercebidos e as qualidades sobrepõem seus erros de tal modo que não ligo, é onde sei que vou conquistada. E com Victoria ainda não surgiu o ideal. Espero que apesar das ressalvas tenham gostado!
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