Dani do Book Galaxy 08/09/2020Bom, mas faltou um tempero...Uma das leituras mais divertidas que fiz em 2020, até então.
O livro ficou muito em voga ultimamente por causa da série - que saiu pelo Prime Video da Amazon ano passado -, e, apesar de não tê-la assistido, me arrisco a dizer que esse foi um dos motivos de a hype para este livro ter crescido tanto a ponto de trazer expectativas que foram altas demais.
Basicamente, os ingredientes deste livro são: um anjo e um demônio unidos para impedir o Apocalipse; uma criança anticristo de 11 anos; bruxas; motoqueiros viajando de Harley Davidson e que são literalmente os cavaleiros - ou melhor, motoqueiros - do Apocalipse; e um humor debochado de dois autores que têm aquele dom maravilhoso de fazer o leitor sentar e ler um livro de 300, 400 páginas, de uma vez sem nem notar.
Muitas pessoas dizem que esse livro lembra bastante O Guia do Mochileiro das Galáxias, e para mim, lembra mesmo. O nível de sutileza das piadas, debochando do governo, da política e dos costumes britânicos foi bem no ponto e bem típico de Douglas Adams também.
É aquele tipo de humor que às vezes você tem que cozinhar um pouquinho os miolos para entender, mas que afinal acaba compensando.
Eu dei uma olhada em diversas resenhas para ver o que outros leitores acharam do livro, e fiquei surpresa (mas não tanto) em ver que fãs fervorosos tanto to Prettchet quanto do Neil Gaiman acharam que este não foi o melhor livro dos autores.
Apesar de eu, particularmente, ter gostado muito da experiência, acho que entendo o que esses leitores quiseram dizer quando alegam que "Belas Maldições" é uma obra rasa e superficial. Em minha opinião, faltou um certo tempero neste livro, algo mais complexo e completo que aparece claramente em Deuses Americanos do Neil Gaiman: um clímax mais estruturado e desenvolvido, e não tão apressado.
Acredito, também, que algumas personagens muito interessantes poderiam ter ganho muito mais espaço nesta história. Ainda assim, para mim "Belas Maldições" foi uma leitura extremamente prazerosa, daquelas para ler de uma tacada só e sair do lugar comum dos livros de fantasia YA que temos hoje em dia.