Mariana - @escreve.mariana 29/10/2020O pré-apocalipse nunca foi tão bem humorado [IG: @epifaniasliterarias_]"Good omens: belas maldições", de Neil Gaiman e Terry Pratchett, nos apresenta a uma inusitada profecia sobre o Armagedom, em uma contagem regressiva até o dia no qual o mundo como conhecemos encontrará seu fim. No lugar de uma luta convencional entre anjos e demônios, entre o bem e o mal, somos levados a questionar a existência dessa dualidade, de forma tão delimitada. Afinal, se o ser humano nasce potencialmente bom ou mal, o que determina para qual lado irá pender essa balança?
Além disso, somos convidados a nos equilibrar na linha tênue da relação entre o bem e o mal e, ainda, contestar se não estariam ambos os lados dedicados a um mesmo propósito e somente fingindo duelar entre si, com o propósito de manter as aparências e sua própria autoridade e soberania, em uma batalha de egos que tem como palco o planeta Terra.
Em uma crítica ácida e bem humorada à sociedade no geral, os autores nos fazem refletir sobre como as crenças e a alienação caminham lado a lado, inclusive para retirar a humanidade daqueles que lhe convém.
"Pode ser que ajude na compreensão das questões humanas ter uma noção clara de que a maioria dos grandes triunfos e tragédias da história é provocada não por pessoas sendo fundamentalmente boas ou más, mas por pessoas sendo fundamentalmente pessoas."
Outro ponto que merece destaque é a aparição dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse: Guerra, Fome, Poluição e Morte. Ou melhor, o quanto sua presença parece passar despercebida pela maior parte da humanidade, mesmo que estejam por toda parte. Essa invisibilidade os permite dominar diversos setores da sociedade, inclusive desencadeando vários acontecimentos que a humanidade acredita piamente estar sob controle. Até que ponto já não entregamos esse poder em mãos invisíveis, porém potencialmente letais, sem maiores questionamentos?