Ari Phanie 26/06/2022Fleur du mal
Apesar de todas as críticas positivas que vi desde que esse livro saiu, e apesar da sinopse ter me parecido interessante, eu não tinha muitas expectativas em relação a ele. Eu curto muito um bom romance histórico baseado na época das Grandes Guerras, mas os últimos que li simplesmente ficaram aquém do que eu esperava e eu achei que com esse talvez não fosse ser diferente. Felizmente, eu estava enganada.
O tipo de narrativa d’A Rede de Alice é um dos meus tipos preferidos, e eu já comecei a gostar do início. Eu adoro livros que narram épocas distintas que eventualmente se mesclam. E a história começa com o ponto de vista de Charlie St. Clair, uma jovem de 19 anos em seu caminho para uma clínica de aborto que está em busca da prima desaparecida. Meu amor pela Charlie foi imediato. Ela é sarcástica, determinada e autodepreciativa, e há tanta sensibilidade na personagem que fica difícil não entender e gostar dela. Em seguida, somos apresentados a Eve, uma moça perspicaz que consegue dissimular muito bem o que sabe e o que sente, e que por isso é recrutada para uma rede de espiãs durante a Primeira Guerra Mundial. É também muito fácil gostar da Eve, e você fica imediatamente curioso para saber o que aconteceu com ela que a transformou em uma senhora tão amarga e ressentida. É claro de início que deu merda com a coisa toda de espionagem, e isso nos deixa ainda mais interessados.
As minhas partes preferidas eram as da Charlie, mas a emoção residia nas partes da Eve, afinal era ela quem estava cercada pelos inimigos. No entanto, tanto as partes da Charlie quanto as da Eve tem sua importância e são interessantes de acompanhar. E para além de Charlie e Eve, os personagens secundários também são excelentes. Finn e Alice foram meus preferidos, mas o detestável René merece o reconhecimento como um grande vilão.
Resumindo, a construção da história que mistura realidade e ficção foi feita com habilidade, e a narrativa é fluída e muito bem amarrada. É sempre interessante ver mulheres em papéis que supostamente não deveriam ter, e fazendo escolhas e tomando posicionamentos que até hoje são criticados e condenados pela sociedade. Sem mencionar que a Quinn quebrou alguns padrões com suas personagens femininas, o que só aumentou minha paixão pela história. Enfim, A Rede de Alice me pegou de surpresa e me conquistou rápido. Recomendadíssimo.