Spy Books Brasil 28/06/2023
Um livro tecnicamente (quase) perfeito!
Eu já conhecia a qualidade dos livros de Kate Quinn, porque eu resenhei no ano passado o livro "The Rose Code", também de autoria dela. Mesmo assim, ela conseguiu me surpreender com uma qualidade ainda superior em A Rede de Alice. Um livro soberbo, que beira a perfeição.
"A Rede de Alice" foi o primeiro romance da autora na época histórica da Segunda Guerra Mundial (atualmente já são quatro títulos), e ela arrasa no controle do ritmo da narrativa, na técnica de construção das personagens e dos plots, e no clímax que chega a ser insuportável, tamanha a tensão criada pela sequência. É praticamente uma aula de escrita criativa.
Tem um pequeno senão, sobre o qual eu falo na resenha publicada no blog (acesse o link para ler mais) adiante, mas que não diminui a qualidade geral da obra. Antes de chegar lá, porém, vamos conhecer um pouco mais da trama.
A trama – Charlotte St. Clair, ou simplesmente Charlie, é uma jovem universitária norte-americana. Estudante de Matemática, ela tem 19 anos e vive um momento delicado. Grávida e solteira – um escândalo em 1947, tempo presente da narrativa –, ela é levada pela mãe para a Europa em busca de um aborto na Suíça.
Ao desembarcar numa escala do navio na Inglaterra, porém, Charlie foge para Londres. Ela quer tentar reencontrar a prima francesa, Rosie, que desapareceu na França durante a ocupação alemã.
O primeiro passo é procurar Evelyn Gardiner, ou simplesmente Eve, uma mulher mais velha, de 54 anos, nascida na França mas criada na Inglaterra, e que participou de uma investigação anterior patrocinada pelo pai de Charlie. A investigação não conseguiu localizar Rose. O relatório enviado à família, porém, trazia o nome Eve. Por isso Charlie decide procurá-la.
Eve é uma personagem complicada, com um passado nebuloso que ela tenta afogar em generosas doses diárias de uísque. Recrutada pela inteligêcia britânica durante a Primeira Guerra Mundial, Eve participou de uma rede de espionagem e operou infiltrada em território ocupado pelos alemães. Foi uma das integrantes da Rede de Alice, que dá nome ao livro.
A princípio, Eve não se interessa pela busca de Charlie, mas isso muda quando a jovem norte-americana menciona um nome que ela não ouvia há mais 30 anos.
As duas então mergulham numa busca pelo interior da França, não só pela prima de Charlie, mas também pelo resgate do passado de Eve.
Tempos narrativos - Kate Quinn usa um recurso que é comum na obra dela: alternância de capítulos entre as personagens principais.
Os capítulos de Charlie são narrados no tempo presente da história, 1947. Os de Eve são compostos por flashbacks que nos levam de volta a 1915 para contar a história do recrutamento e participação de Eve na rede de espionagem.
Aqui há um elemento incomum, que é a troca de voz do narrador entre as duas linhas narrativas. Os capítulos de 1947 são narrados em primeira pessoa por Charlie, mas os de 1915 são narrados por um narrador onipresente.
É como se a autora não confiasse na memória ébria de sua personagem Eve para revisitar esse passado com precisão. E faz todo sentido. Por razões que desconhecemos no início do livro, Eve se tornou uma pessoa amargurada, assombrada por fantasmas desse passado que insistem em visitá-la em pesadelos quase diários.
Embora pouco usual, a troca de voz narrativa não incomoda por estar bem segmentada na alternância de capítulos.
Para ler mais sobre as personagens, o clímax, conhecer o perfil de Kate Quinn ou descobrir a verdadeira Rede de Alice (sim, ela existiu de fato), acesso o Spy Books Brasil. Lá você também vai ficar sabendo qual é o único senão deste livro tecnicamente (quase) perfeito
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