Evy 29/08/2021Esse livro é um soco no estômago. Daqueles que demora pra você conseguir voltar a respirar e te deixa dolorido por dias. Do tipo de leitura que arranca lágrimas e olhares perdidos para o nada e te joga pra fora do lugar comum, faz pensar e ter medo. O tipo de leitura que eu costumo dar cinco estrelas e favoritar.
A narrativa da autora me ganhou logo nas primeiras páginas, é muito fluída e do tipo que te faz sentir parte da história, o que também torna a leitura super pesada de difícil. A vontade é de abordar os inúmeros fatos inenarráveis, mas necessários nesta resenha, porém isso tornaria menos impactante a experiência de leitura daqueles que vão adentrar esse universo distópico e tão próximo da realidade que nos traz Atwood através de suas palavras.
Basta dizer que trata de opressão feminina em um universo onde os homens no poder acreditam que mulheres não servem para nada além de procriação. Elas são caladas simplesmente por serem mulheres, colocadas em situação de dependência absoluta e impossibilitadas de ter qualquer acesso a informação, sendo descartadas a qualquer momento por serem inférteis ou qualquer outra coisa que os homens decidirem.
É preciso coragem pra levar a leitura até o final, pois algumas passagens são de embrulhar o estômago e foi preciso parar para respirar em muitos momentos. Gostei demais da forma como a autora nos apresenta a história mesclando presente e passado e soltando informações importantes que aos poucos e ao longo da leitura vão fazendo sentido.
O final deixa alguns questionamentos em aberto, mas de forma alguma tira a genialidade e a grandeza dessa obra espetacular e que nos traz tantas sensações e reflexões necessárias. Fecho minha resenha com uma das muitas citações sensacionais que separei ao longo da leitura:
"Uma história é como uma carta. Caro Você, direi. Apenas você, sem nome. Acrescentar um nome acrescenta você ao mundo real, que é mais arriscado, mais perigoso: quem sabe quais serão as probabilidades lá fora de sobrevivência, da sua sobrevivência? Eu direi você, você, como uma velha canção de amor. Você pode ser mais de uma pessoa. Você pode significar milhares".
Super recomendo. Leitura essencial.