Kamilla 05/09/2023AntipatiaÉ muito difícil ler um livro em primeira pessoa quando você tem uma antipatia quase instantânea pela narradora e personagem principal, mas eu não consegui gostar de Lucy, e Marian Keyes me deu muitos motivos e muitas e muitas páginas para desgostar dela (sério, ele livro só teria a ganhar tendo metade do tamanho ou menos).
Eu entendo que Lucy veio de um lar disfuncional e que desenvolveu diversos problemas de autoestima e relacionamento tendo uma convivência tão próxima com um pai alcoólatra, mas como dizem; o pior cego é aquele que não quer ver, Lucy era muito irritante com a sua teimosia para encarar o problema que TODOS os outros membros da família e até os amigos mais próximos da família já haviam percebido, e o pior, ela alimentava o vício do pai e tornava a vida da mãe ainda mais difícil.
Falando da mãe, eu detestei a forma que Lucy a tratava, e sinceramente, achei a história de vida da mãe mais interessante que a dela, preferia que o livro tivesse a mãe como personagem principal e Lucy como a personagem secundária.
Os livros tem aqueles pecados do chick lit dos anos 90 e início dos anos 2000. Os relacionamentos entre mulheres são bem tóxicos e as amizades femininas são puro Chernobyl, todas as mulheres tem como único interesse arrumar um namorado, o que acaba tornado os trechos em que ela interagem bem tóxicos, ainda mais quando há um homem 'elegível' presente.
Falando em homem, o 'par perfeito' para a protagonista é esfregado na nossa cara logo no inicio do livro, e por mais que ele tinha sido um dos únicos personagens que prestava na história, não gostei de sua atitude no meio do livro, não me passou a maturidade de um homem que conhece os seus sentimentos se permitir entrar na situação que ele se permitiu.
Enfim, cumpriu a função que eu dou aos chick lits na minha vida, me tirou de uma ressaca literária, mas me lembrou de algumas tendencias bem tóxicas da literatura feminina e que sem dúvida precisaram ser problematizadas nos anos seguintes.