meduardaprr 07/01/2024
Supérfluo
É ótimo, foi meu primeiro contato com Turguêniev.
Em seu leito de morte, Tchulkatúrin escreve um diário e relembra acontecimentos de sua vida para exemplificar o quanto é um homem supérfluo. Com descrições extremamente palpáveis, é melodramático, seu cerne é o amor não correspondido por uma jovem da província, Liza. Mesmo na situação em que se encontra, a morte só se torna a maior preocupação nas últimas páginas, Tchulkatúrin sofre mais pela vida não vivida, por não ter tido experiências amorosas, por não ter encontrado seu lugar no mundo, "Estou morrendo... Um coração apto e pronto para amar logo deixará de bater. Será que se apagará para sempre sem ter conhecido uma única vez a felicidade e sem ter se dilatado uma única vez sob o doce fardo da alegria? Ai! Isso é impossível, é impossível, eu sei... Se ao menos agora, ante a morte - apesar de tudo, a morte é algo sagrado, ela engrandece toda criatura -, alguma voz amável, triste e amiga entoasse uma canção de despedida para mim, uma canção sobre minha própria desgraça, talvez me resignasse a ela. Mas morrer na solidão é uma estupidez...".