Mateus 26/05/2024
Um homem supérfluo?
O personagem principal da história tem por apelido Tchulkatúrin, o que seria entendido por meia (a peça de roupa), algo que veste, mas está nos pés, algo simplório perante a vida, talvez isso descreva muito do que li.
O livro e o narrador remetem muito ao livro memórias do subsolo, mas descobri que o livro do Turguêniev foi publicado em 1850, 14 anos antes do livro do Dostoiévski, acredito ser algo intrínseco à sociedade russa imperial esse sentimento de inadequação perante a vida, personagens que se comparam com membros mais abastados e terminam por sofrer de angústias que não expressam, não tem amigos, colegas, apenas seus diários e sua mente fértil de vivências imaginárias.
Esse foi o meu primeiro contato com a escrita do Ivan Turguêniev, e gostei muito, normalmente não me apego em personagens de características parecidas com o Tchulkatúrin, muito psicológicos e de pouca ação, mas nesse caso especifico consegui entender o que se passa em sua mente, as decepções e pequenas humilhações cotidianas, o sentimento de incapacidade de mudar a própria vida, realmente achei interessante o livro, pena que bem curto e o final um pouco aberto.
Uma coisa que gostei muito é que ele cita outros autores russos como Aexander pushkin e Nikolai gogol, autores que ainda não tive contato.
- Às vezes, quando penso muito sobre aquela época, outras memórias emergem de modo brusco da escuridão do passado, tal como as estrelas aparecem inesperadamente no céu noturno diante de olhos fixos com atenção.