Fernando Almeida 12/07/2022
Muito bom
Supérfluo, como o próprio protagonista se descreve, também é o próprio conto. Não no sentido de ser uma obra ruim, mas o fatos narrados sobre a vida do protagonista serem sem muita importância, o que faz jus ao seu jeito de ser, bem como a forma como levou a sua vida.
Tchulkatúrin é um jovem doente, prestes a morrer, e que resolver aproveitar seus últimos dias de vida narrando sobre suas memórias, em especial ao período da vida onde conhece Liza, seu amor não correspondido.
Acho que mais do que um conto sobre um amor não recíproco, Diário de um homem supérfluo é uma história sobre um homem que nunca permitiu conhecer a si mesmo, que não sabe exatamente quem é, que não exerce nenhuma autoreflexão, que se sente deslocado o tempo todo. É por isso que a narrativa por vezes, parece ser uma história em terceira pessoa, onde os pensamentos, sentimentos do protagonista se suprime para além da expectativa dos outros. É difícil não ter outro sentimento por Tchulkatúrin , além de pena. É alguém que, além de não ter importância na vida de ninguém ao seu redor, também não consegue reconhecer seu próprio valor.
"Ao longo de toda a minha vida, sempre encontrei o meu lugar ocupado, talvez porque não o procurasse onde deveria fazê-lo."