Vidas secas

Vidas secas Graciliano Ramos




Resenhas - Vidas Secas


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Camilendo_ 16/07/2020

Homem-bicho
#CAMILEU Vidas Secas


"Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam  cansados e famintos. (...) Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros pareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga."


? E assim começa Vidas Secas e se esse parágrafo já não te deu essa ideia, este é um livro difícil. Graciliano não nos poupa em nenhum momento da narrativa, não temos gracejos e palavras leves. Muito pelo contrário, Vidas Secas é duro, cru e seco. E a maestria desse livro reside justamente aí.


As palavras usadas e principalmente as palavras não ditas, nos remetem não só a seca do clima nordestino mas também a seca na vida.


Em Vidas Secas, acompanhamos a tragetória de uma família de retirantes composta por: Fabiano, Sinha Vitória, seus dois filhos e a cachorrinha Baleia(minha personagem preferida e quem dá título ao capítulo mais famoso da obra).?


O livro de Graciliano é tido como um romance "desmontável", isso quer dizer que os capítulos podem ser lidos em diversas ordens sem que a história seja de fato perdida. Mas fica aqui a sugestão de leitura pela ordem apresentada no livro mesmo.


Ao acompanhar a vida dessa família entre duas grandes secas nordestinas, encontramos não só a problemática da escassez de água, acompanhamos também como a miséria ocasionada pela falta de recursos e conhecimento transforma muitas vezes o ser humano em bicho. A geração na qual este livro foi escrita é marcada por grandes críticas e denúncias sociais. E é assustador perceber que após mais de 80 anos da publicação desse livro, as coisas não mudaram tanto assim.
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Marina 08/08/2020

"Vidas Secas" retrata episódios soltos da vida de uma família de retirantes sertanejos que sofrem com a seca no Nordeste. Ao longo do livro, conhecemos um pouco mais sobre as personagens, seus anseios, medos, costumes e a realidade crua que enfrentam (não só pela seca, mas pelas injustiças sociais).

Graciliano Ramos é o mestre do neo-realismo brasileiro. O livro é curtinho, as cenas cotidianas são simples, mas a dureza das situações, a veracidade das personagens e o seu desejo de uma vida melhor conseguem marcar profundamente o leitor.

Sinhá Vitória é inteligente, otimista (quando estão na fazenda, ela considera que têm uma "vida boa"), e tudo o que anseia na vida é uma cama confortável. Fabiano é um bom homem, que gostaria de ser importante como seu Tomás da bolandeira. O menino mais novo só quer ser como Fabiano e conquistar a admiração do pai e do irmão. O menino mais velho quer conhecimento, entender as palavras difíceis e compreender por que batem nele quando pergunta demais. A cachorra Baleia é feliz caçando preás.

Constantemente, o autor descreve os membros das famílias como animais. E Baleia, a cachorrinha, tem pensamentos e atitudes similares às humanas. Assim, o autor consegue passar para o leitor essa animalização sofrida pelos retirantes, que trabalhavam muito, viviam com medo e recebiam quase nada. As crianças não têm nome, a cachorrinha sim. Para completar, nenhum deles conseguia expressar bem o que pensavam: pouco falavam e sua comunicação dependia muito de gestos e grunhidos. Nesse constante jogo, vemos como os 5 membros da família estão no mesmo "nível" de (pouca) humanização.

"O único vivente que o compreendia era a mulher. Nem
precisava falar : bastavam os gestos. Sinha Terta é que se
explicava como gente da rua. Muito bom uma criatura ser
assim, ter recurso para se defender. Ele não tinha. Se
tivesse, não viveria naquele estado".

"Ela (Baleia) era como uma pessoa da família: brincavam juntos os
três, para bem dizer não se diferençavam, rebolavam na areia
do rio e no estrume fofo que ia subindo, ameaçava cobrir o
chiqueiro das cabras".

Fabiano reconhece "o seu lugar". Percebe que é pobre, sem instrução. Mesmo assim, compreende que é injustiçado: que o "soldado amarelo" o maltratou sem motivo, por abuso de poder; que o patrão rouba parte do que ele ganha, por achar que ele não sabe fazer contas ou não tem direito de reclamar. Eles são como animais e são tratados como animais, mas não podem fazer nada. Precisam aceitar o pouco, para não passar necessidade.

"Tinha vindo ao mundo
para amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar cercas
de inverno a verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô
também. E para trás não existia família. Cortar mandacaru,
ensebar látegos - aquilo estava no sangue. Conformava-se, não
pretendia mais nada Se lhe dessem o que era dele, estava
certo. Não davam. Era um desgraçado, era como um
cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os homens
ricos ainda lhe tomavam uma parte dos ossos? Fazia até nojo
pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias".

SPOILERS :)

Ainda assim, o livro termina com a família novamente indo embora, à procura de uma vida melhor. Fabiano e os outros sabem que não são animais. Que são pessoas, são fortes, são bons e merecem ser felizes.

O livro acaba, de certa forma, como começou. No começo, a família tinha perdido um pássaro. Agora, partem sem Baleia.
É triste pensar no livro como uma narrativa cíclica, e que a família apenas achará outra fazenda para viver porcamente até a nova seca. Desta vez, prefiro acreditar que chegarão a uma pequena cidade e o sonho de que as crianças estudem e de que tenham uma boa velhice se realize. O autor deixa claro, no final, que esse sonho é o de muitos retirantes e são muitas as cidades cheias de gente trabalhadora e forte que teve que fugir do sertão.
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Nando 04/04/2021

Vidas Secas
A falta, a pobreza e a miséria que mais me impressionaram nesse livro foi a de palavras e de conhecimento, o que muito afligia Fabiano. Por não saber se expressar, se comunicar, fazer cálculos, ele sofreu o peso da injustiça e a dor da enganação. A falta de vocabulário é conscientemente sentida por ele, que por várias vezes expressa que queria saber falar melhor, se compara com quem sabe se comunicar e se diminui por ser "bruto". Essa escassez é claramente identificada ao longo do texto, quando os personagens muitas vezes se comunicam com ruídos, "hum", "hem", "an". É um livro forte e sensível, com passagens muito tristes. É possível se identificar com os personagens e entender que, muitas vezes, a única saída ao sofrimento é ter um fio de esperança de que tudo pode melhorar.
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livia1236 28/05/2024

Gostei muito do livro, tem MUITO repertório pra redação e é uma leitura q acrescentou algo na minha cabeça!!! recomendo muitooo
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romulorocha 26/08/2020

Vidas secas, de Graciliano Ramos - Nota 9,5/10
Vidas secas é livro extremamente tocante, um clássico da literatura brasileira em todos os sentidos. Em 2018, a obra completou 80 anos desde sua publicação. E o que mais choca a gente, é perceber que muitos aspectos da realidade que o autor nos apresenta no livro continuam presentes hoje.
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Em vidas secas, Fabiano é um vaqueiro retirante no sertão nordestino com sua família - a esposa, dois filhos e sua cachorrinha, a baleia. As condições sub-humanas vividas pelos personagens em suas peregrinações, seus sonhos e também limitações, são aspectos que vão nos cativando e nos fazendo torcer para uma mudança de cenário.
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No livro, a comunicação verbal dos personagens é bastante escassa, suscitando uma crítica da falta de voz e espaço que os que vivem na miséria lidam diariamente. Outra genialidade do autor foi substituir as ?falas? dos personagens por seus pensamentos, nos envolvendo mais ainda com eles, inclusive com a personagem baleia. Com esta forma de narração, também somos levados perceber que não é a fala que torna aqueles personagens humanos, mas sua vontade e luta para viver, seus sonhos de uma vida melhor e sua conexão com a natureza, ainda que tão sofrida e limitada.
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Eu super indico esta leitura. Se eu pudesse defini-la com uma palavra, diria: emocionante. Confesso que chorei em alguns capítulos, é impossível não ser tocado diante do sofrimento dos personagens e não pensar que hoje muitos ainda sofrem tanto quanto eles.
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?Sinha Vitória combateu a dúvida. Por que não haveríamos de ser gente, possuir uma cama igual à de seu Tomás da bolandeira??
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PedroHarpy 13/02/2021

"O mundo ficaria todo cheio de preás."
Em sua obra literária, Vidas Secas, Graciliano Ramos narra as agruras da família sertaneja em 14 capítulos que, por não terem uma linearidade temporal, podem ser lidos em qualquer ordem. Porém, o primeiro capítulo ("Mudanças"), e o último ("Fuga"), devem ser lidos na sequência por apresentar uma ligação. Um texto com certas dificuldades para se entender, pois possui palavras e objetos típicos nordestino, os quais o leitor que não pertence a essa região fica sem compreender. O livro expõe as dificuldades do sertão nordestino, mas que pode ser ampliado para outros contexto. Abordando temas como o papel do ser humano na sociedade, a política regional, a interferência humana no contexto geográfico, relações sociais, dramas vividos e pensados pelos os personagens. Conta com 5 personagens principais que compõe a família: Fabiano, Sinha Vitória, Baleia (cadela), o menino mais novo e o mais velho.

Fabiano é um homem bruto, típico vaqueiro do sertão nordestino. Sem ter frequentado a escola, não é um homem com o dom das palavras, e chega a ver a si próprio como um animal às vezes.

Sinha Vitória é a esposa de Fabiano. Mulher cheia de fé e muito trabalhadora. Além de cuidar dos filhos e da casa, ajudava o marido em seu trabalho também. Esperta, sabia fazer contas e sempre avisava ao marido sobre os trapaceiros que tentavam tirar vantagem da falta de conhecimento de Fabiano.

O menino mais novo via na figura do pai um exemplo, sonhava em ser igual Fabiano. Já o mais velho queria aprender sobre as palavras. Um dia ouviu a palavra ?inferno? de alguém e ficou intrigado com seu significado. Perguntou a Sinhá Vitória o que significava, mas recebeu uma resposta vaga. Vai então perguntar a Fabiano, mas esse o ignora. Sem ter ninguém que o entenda e sacie sua dúvida, só consegue buscar consolo na cadela Baleia.

Já a Baleia, é tratada como membro da família. Pensa, age como se fosse gente e sonha com um mundo cheio de preás, enormes e gordos. Infelizmente, a cadelinha tem um fim triste a qual emociona o leitor.
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Kaupert 26/06/2020

Ainda bem que acabou
Eu esperava muito mais! O tema é muito interessante porém a narrativa é um inferno, muito insuportável! Motonia reina, meu sonho era chegar logo no final!
Dei uma estrela pelo título ( brincadeira kkkkkk )
Leitura e . 26/06/2020minha estante
Oii... Boa noitee/madrugada..Tudo bem?... Desculpa por interromper sua leitura, mas gostaria de te convidar a me seguir no Instagram para acompanhar minhas leituras... te espero lá...?
Obrigado.
@leituraeponto


Lore 26/06/2020minha estante
A narrativa é arrastada e as vezes cansativa, exatamente como a peregrinação de Fabiano. Que pena que você não gostou. =/


Gabriela.Tardin 26/06/2020minha estante
Kkkk acho muito chique quem consegue terminar esse livro, sempre abandono ele


Tifanniy 26/06/2020minha estante
Tentei ler mas simplesmente não fluiu, mas tentarei novamente. Mas a narrativa e bem arrastada mesmo. Acho que este foi o motivo de eu desistir.




EvaíOliveira 06/06/2021

"Vidas Secas" é a obra mais emblemática do escritor brasileiro moderno Graciliano Ramos (1852-1953). O livro foi publicado em 1938 e trata-se de um romance documental inspirado nas experiências do autor.
O local de desenvolvimento da estória é o sertão brasileiro nordestino, onde Graciliano Ramos retrata a vida de uma família de retirantes, traçando a figura do sertanejo. Ao mesmo tempo, ele explora os temas da miséria e da seca do Nordeste.
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Fabíola 25/02/2021

Sobre secas e esperanças.
Um casal, o filho mais novo, o filho mais velho, a cachorra Baleia e o papagaio. É a história dessa família, que tenta sobreviver a seca, na busca de um lugar melhor para viverem. Lidam também com descaso social e a exploração humana. A vida pode ser dura com eles, mas jamais perdem a esperança. Muito tocante e essencial para todo leitor!

"Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da caatinga rala.
Arrastaram-se para lá, devagar, Sinha Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio, o aió a tiracolo, a cuia pendurada numa correia presa ao cinturão, a espingarda de pederneira no ombro. O menino mais velho e a cachorra Baleia iam atrás."
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Julcimari 16/05/2022

O herói tinha se tornado humano e contraditório
Considerado um dos mais importantes romances da Geração de 30 do modernismo brasileiro, Vidas Secas nos conta a história da família de Fabiano e Sinhá Vitória, com seus dois filhos e sua cachorra Baleia.

O livro traz a dura e triste realidade dos cangaceiros nordestinos, que vivem fugindo da seca. Ao finalizar o livro entendemos o ciclo dessa vida, que faz de tempos em tempos a família ter que largar tudo e fugir da miséria e da morte que a estiagem traz.

É uma obra e arte! O autor mescla as suas ideias com a fala do narrador e dos próprios personagens, mostrando a realidade da família por diferentes perspectivas: ora Fabiano (pai), ora sinhá Vitória (mãe), ora o filho mais velho, o filho mais novo e até baleia, a cadela.

Infelizmente é uma realidade muito atual: a seca, miséria, exploração, falta de oportunidades, falta de escolaridade...

A leitura provoca emoções... É triste, é revoltante, é frustrante e também em momentos é esperançosa.

Recomendo a leitura! Uma obra prima Brasileira!
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Tatiane.Nogueira 30/05/2023

Cansativo
A leitura desta obra não foi para mim apenas parte de um hobbie, foi chato mas fui literalmente obrigada a ler

site: https://www.wattpad.com/user/TatianeNogueira0
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VictAria.Guilhotti 29/06/2023

Um dos meus clássicos favoritos. Tem historias muito impactantes, e ele e muito interessante no sentido de como utiliza a linguagem - sem dar spoiler, o estilo de escrita tem umas leves alterações dependendo do personagem que tá seguindo, o que eu acho mto foda de reler e ir percebendo essas sutilezas
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Helooo__Costa 22/07/2020

Ótimo livro.
Achei a leitura um pouco complicada, pois não há muita fala das personagens. Entretanto, no decorrer da história o autor me deixou intrigada para saber o final de Fabiano e sua família.
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sordeps 03/03/2021

?Pois não estavam vendo que ele era de carne osso? Tinha obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia o seu lugar. Bem. Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhes dissessem que era possível melhorar de situação, espantar-se-ia. Tinha vindo ao mundo para amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar cercas de inverno a verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás não existia família. (?) Conformava-se, não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele, estava certo. Não davam. Era um desgraçado, era como um cachorro, só recebia ossos. Porque seria que os homens ricos ainda lhe tomavam uma parte dos ossos? Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias.??
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