Thalita.Almeida 17/04/2024
Vidas secas traz a história de uma família composta pelo pai, a mãe, dois filhos e uma cachorrinha chamada baleia (amada como parte da família, mas ironicamente muito magra).
Todo o cenário se passa na caatinga, onde precisam lidar com a seca e viver fugindo dela. "Seca" aqui vai além da falta de água, mas expressa a miséria, a falta do saber dessas pessoas por viverem completamente à margem da sociedade, sendo ludibriadas e enganadas. Vivem com tão pouco, que seus desejos e anseios são muito simples, como uma cama melhor para dormir. Além disso, precisam encarar a tão dura seca nordestina, vivem temerosos e sabem que ela vai chegar.
A linguagem é dura, traduz com verdade a vida sofrida dessa família. Mesmo quem não vive essa realidade, consegue se aproximar pela narração crua dos pensamentos e anseios dos personagens.
O capítulo da cachorra baleia foi um punhal no meu peito, um dos capítulos mais duros que já li.
Triste, duro e até cruel, Graciliano Ramos traz sua tradução da realidade de tantas vidas secas na caatinga.
"Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes."
- Baleia (vidas secas)