Miguel Freire 24/05/2022
Uma boa primeira impressão
O Arqueiro, publicado em 2000, é o primeiro livro da trilogia "Em Busca do Graal", escrito pelo famoso autor de romances históricos britânico Bernard Cornwell. O livro se passa na Guerra dos Cem Anos e narra as aventuras do jovem Thomas, filho bastardo de um pároco de uma pequena aldeia chamada Hookton, no sul da Inglaterra. Após esta ser invadida por franceses, o pai de Thomas é morto por um misterioso homem que se denomina O Arlequim (de helle quin, cavaleiro do diabo), que rouba uma lança na Igreja da aldeia a qual se acreditava ser a lança que São Jorge usou para matar o dragão. Thomas consegue escapar e jura matar o assassino de seu pai e tomar a lança de volta. Ele se une a um batalhão de arqueiros ingleses em campanha na Bretanha até que, depois de muitas aventuras, vinganças, intrigas, batalhas e muito sangue, ele acaba se vendo em uma jornada em busca do Santo Graal.
Bom, é o primeiro livro do Cornwell que eu leio e a primeira impressão é relativamente positiva. Em primeiro lugar, o livro é daqueles gostosos de ler, que em uma sentada você consegue devorar várias páginas de uma vez, sem ver o tempo passar. Já vi alguns até acharem viciante, mas não o foi tanto assim para mim. Não há como negar que o Cornwell sabe descrever uma batalha de forma incrível, magistral, que eu não tinha lido até hoje. Ele vai dirigindo os "focos" da narrativa em cada ponto do combate com detalhes vivos e pungentes, fazendo com que a imagem fique clara em minha mente como se fosse um filme. Mas há um detalhe: as guerras de Cornwell não são bonitas, nem heroicas. Cornwell é brutalmente realista (é como eu disse mais acima: é muito sangue), e isso é o que me incomoda um pouco. As guerras podem ser violentas, mas ela ainda assim possui o seu lado de honra, glória e heroísmo, o que Cornwell praticamente ignorou.
A jornada de Thomas, mesmo não sendo completada, é bem interessante: ele vai de um vagabundo beberrão que ignora o seu destino até ver que este não pode ser ignorado, que ele precisa crescer e buscar coisas maiores, mesmo estando relutante em fazê-las; ele só quer ser um simples arqueiro, mas no fundo ele sabe que é destinado a algo maior e mais difícil. Foi uma boa experiência de leitura: agradável e fluida, mas ao mesmo tempo violenta e até, às vezes, perturbadora.