Augusto 30/12/2019
Tendo aprendido pela experiência que se não escrever uma resenha assim que acabar o livro não escrevo nunca mais... ei-la então...
Thomas é um jovem como qualquer outro, que vive na pequeníssima e desinteressante Hookton. Uma vila cujo feito mais notório é ostentar, em sua capela, uma relíquia católica de procedência duvidosa que "juram de pés juntos" ser a lança usada por São Jorge para matar o dragão (Não me perguntem que dragão...).
O garoto sonha em ser arqueiro, mas enfrenta a oposição ferrenha do pai, padre, meio louco, mas piedoso e cujo passado ele mantém guardado à sete chaves, oculto até do próprio filho. Embora o evento que provoca a reviravolta na pacata vida do protagonista esteja no início do livro e seja previsível, prefiro deixar que vocês o descubram lendo a obra.
A história tem como pano de fundo histórico a Guerra dos Cem Anos entre Inglaterra e França e... não... melhor deixar que o próprio autor fale:
"Quando comecei a ler e a pesquisar o livro, pensei que ficaria muito preocupado com cavalheirismo, cortesia e bravura dos cavaleiros. Essas coisas podem ter existido, mas não naqueles campos de batalha, que eram brutais, indesculpáveis e odiosos."
A Nota Histórica ao final do livro define bem a história narrada por Cornwell. Sim... como sempre o autor consegue nos fazer torcer e vibrar por alguns personagens e, consequentemente, por um dos lados da batalha, mas... a crueza da guerra tão bem descrita aqui me deixou com um sentimento agridoce ao final. Literalmente estava sorrindo ao terminar uma linha e no parágrafo seguinte engoli o sorriso, constrangido...
Houve tanto sangue derramado, tanta crueldade, tanto sofrimento em virtude de justificativas tão... frágeis... que é difícil não sentir algum mal estar durante a leitura.
Méritos novamente do tio Bernardo. Sim, creio que era exatamente essa a intenção dele.
Thomas é, até o momento, o personagem menos "mítico/heróico" do autor... e não pense que isso é uma crítica... longe disso.
O começo é lento e, talvez justamente pela personalidade, o protagonista demorou umas 70 páginas até me cativar.
Depois... é o Cornwell que os fãs conhecem.
As batalhas são, como de praxe em todos os livros do Bernard que me chegaram às mãos, absolutamente impressionantes.
Eu estava lá... em meio ao barulho ensurdecedor dos tambores, gritos de guerra e urros de dor. Escutei o choque do metal contra metal e senti o chão tremer sob as patas da assustadora cavalaria que crescia em minha direção.
Senti o pavor do homem ao meu lado nas fileiras e vi a loucura da batalha tomar conta de outros tantos.
Só não ganha as 5 estrelas porque demorou um pouco mais do que o habitual a me fisgar e não quero ser injusto com outras obras do autor.