Isabella Pina 15/04/2020Uma surpresa agradávelEsse livro está na minha estante de quero ler desde seu lançamento, em 2017, mas aproveitei que, coincidentemente, ele começa com a primeira letra do meu nome pra finalmente, iniciar sua leitura (estou participando de um desafio literário e essa era uma das metas).
A narrativa é conduzida pela protagonista, Alex, diagnosticada com esquizofrenia há alguns anos. Após um problema escola anterior, causado por uma crise séria, Alex acaba se mudando da escola particular pra uma pública, onde não conhece quase ninguém e espera que ninguém descubra sobre sua doença. Lá, acaba fazendo amizades com Tucker, com quem trabalha após a escola em uma lanchonete, além do pessoal de um clube de serviços comunitários, que ela tem que cumprir por causa do que aconteceu na escola anterior.
A coisa mais interessante do livro é, de fato, a própria narradora. Alex tenta ao máximo ser uma adolescente comum, mas enfrenta dificuldades que os outros não conseguem nem imaginar, para diferenciar o que é real do que sua própria cabeça, com bastante imaginação, criou para provoca-la. Usando de uma câmera, ela procura tirar fotos de coisas esquisitas e, depois de um tempo, ver se a imagem continua a mesma. Mesmo com os incidentes recentes, Alex está disposta a seguir com sua vida no máximo de normalidade, e pretende ir pra faculdade após o último ano.
O que a surpreende é o grupo de amigos que acaba conquistando, e que se tornam uma base de apoio muito importante. Com destaque temos Miles, um menino que lembra alguém que Alex conheceu ainda criança, e que sempre achou que era fruto da sua imaginação. Os dois têm altos e baixos, mas acabam se aproximando, e engatando até um relacionamento amoroso.
Além do desenvolvimento pessoal de Alex na escola, a menina também tem que enfrentar alguns problemas porque este colégio tem peculiaridades pra lá de estranhas. Inclusive, achei interessante que o tom que esse enredo passa é de uma coisa meio surreal e improvável, combinando com a protagonista.
A história caminha lentamente nas primeiras páginas, e eu não fazia ideia de qual era seu ponto até a metade do livro (mesmo assim, destaco a escrita como positiva). Os personagens não estavam me cativando muito, principalmente Miles, porque não sou uma grande fã de bad boys incompreendidos. Da metade pro final, a autora começa a atar os nós das histórias que foram desenvolvidas, e fica bem difícil desgrudar do livro porque a curiosidade sobre o que vai acontecer é forte.
No meio de tudo isso, ainda tem a esquizofrenia da narradora, que por vezes torna o modo de contar a história um tanto angustiante, pois não sabemos o que é ou não real, e isso torna o livro marcante. Afinal, ter esse tipo de representatividade não é fácil de encontrar ou de escrever sobre.
No final das contas, foi um livro que me surpreendeu positivamente, e mesmo com todos os percalços, é impossível não sentir empatia pela Alex e torcer pra que tudo fique bem. Vai além de uma leitura leve, deixando um sorriso no rosto e uma reflexão sobre como seria viver da mesma forma que a protagonista.
Rating: 4 lagostas fugitivas