spoiler visualizarmouemily 26/08/2016
Raphael Draccon me dá nos nervos.
Corações de Neve é um daqueles livros que não parece funcionar como livro uno. Na verdade, ele parece muito mais ser uma conexão entre Caçadores de Bruxas e Círculos de Chuva do que um livro único, que se sustente sozinho. E isso é meio cansativo. Grande parte da história se baseia no torneio de Pugilismo que, pelo menos por enquanto, parece não dar em nada. Outra parte da história se baseia na influência "oriental", que também não se desenvolve muito nesse livro, e a última parte dá foco para a história de Robert Locksley e seus planos, ignorando praticamente tudo mais que acontece na história.
A narrativa de Draccon, pelo menos, parece um pouquinho melhor. Aquele narrador enrolado e intrometido de Caçadores de Bruxas não aparece aqui, talvez por que o leitor já esteja mais familiarizado, mas ainda assim existem vários trechos em que Draccon tenta falar de seus leitores de uma forma metafórica que acaba sendo meio breguinha, apesar de fofa. Ele também não deixa de perpetuar ideias machistas e racistas, atribuindo atitudes de personagens ao fato de "ser mulher" ou "ser homem" ou até mesmo usando o velho trope do "oriental" que aparece na história só pra ensinar algo ao herói, falando errado e tendo "olhos puxados" e "tatuagens exóticas".
O "herói" aqui, também, me dava nos nervos. Axel é maravilhoso, mas, Deus, perdi as contas de quantas vezes eu quis chacoalhar esse cara. A sua jornada se aproveita de tropes irritantes, e a forma como ele tratava Maria me fazia querer gritar. Mas não vou mentir: A cena em que ele finalmente conversa com Anísio, seu irmão, e descobre a verdade sobre seu pai, foi uma das minhas favoritas.
João, também, me deu nos nervos pelos mesmos motivos (Deus, Draccon, por que dar tanto foco a esse suposto papel da mulher e do homem dentro da sociedade??????? Pessoas podem fazer coisas por outros motivos além de ser homem ou mulher!!), mas fiquei curiosa pra ver onde ele vai chegar. Assim como fiquei curiosa com Ariane (que poderia ser muito mais desenvolvida na história - gente, cadê descrição das aulas dessa menina??) e com Maria, que tem grande potencial.
Eu enrolei muito pra ler Corações de Neve justamente por ser esse livro tão "filler", que não parece funcionar como livro único e enrolava muito em coisas desnecessárias (Sério, ninguém precisa de descrições extensas do torneio de Pugilismo) e lança tantas questões que acabam sendo deixadas de lado (Alô, "lado oriental"???? Ele serviu só pro Axel ganhar??). Mas também me emocionei com algumas cenas e me apaixonei um pouquinho mais pelos personagens (Principalmente pelo Anísio, que, mesmo sendo o Rei, acaba sendo deixado de lado), aumentando um tantinho minha vontade de ler a conclusão dessa trilogia.