Phelipe Guilherme Maciel 12/12/2016Um retrato da Nigéria, do povo nigeriano, sob a ótica de uma mulher negra, empoderada e cheia de seus próprios conflitos.Acho lindo a ideia de um povo que não tem a consciência de raça. É assim que Chimamanda descreve os Africanos. A questão racial é muito americana, pois na Africa as pessoas simplesmente não tem necessidade de se separar pela cor de pele. Existe os conflitos de etnias, como ela bem descreve no livro, as diferenças de aldeia para aldeia. Igbo, Ioruba, Hausa, todos com suas grandes rivalidades.
Se África fosse dividida não politicamente, mas por etnias, seria um emaranhado gigantesco de países minúsculos, cheios de grandes rivalidades com seus vizinhos. Mas não de raça. não de cor.
Americanah é um livro que não esconde a situação onde negros gostam de ser chamados de mestiços. Negros se sentem elogiados quando dizem que ele "não é tão negro assim", negros ricos gostam de se sentir privilegiados e esquecem que deveriam se engajar em lutas importantes com toda a grana que fez... Que critica mulheres que vivem ancoradas no sucesso de homens e os vê como provedores de boa vida, e não correm atras de suas próprias vidas... Não criminalizando estas pessoas, que se sentem derrotadas e buscam um modo de sair disso, mas buscando entender os motivos que fazem um negro se envergonhar de quem é, ou de uma mulher se esconder atrás de um homem. Mas não é um livro que não afaga o ego de alguém.
Uma negra nos Estados Unidos, bolsista de uma faculdade amplamente branca, percebe com sua ótica apurada as fortes diferenças que séculos de escravidão criaram, e como pode ser difícil para um negro imigrante se afirmar num país preconceituoso.
Países como o Brasil não são poupados no livro, e ela cita como a grande Meca das Raças, como somos conhecidos lá fora não passa de uma grande bravata.
Americanah, além de um livro que fala sobre preconceitos contra a mulher, contra os negros, contra os imigrantes, contra gordos, contra mestiços, é um livro que fala sobre amor. O romance entre Obinze e Ifemelu, afastado por situações que nada tinha a ver com eles, e o reencontro, quando ambos possuem vidas completamente conflituosas, é realmente marcante. Nada meloso, uma história de amor de carne e osso. Com muita carne, pegando fogo.
Sobre Chimamanda, só tenho elogios. Que escritora! Escreve o livro sobre 2 óticas principais, a de Obinze e a de Ifemelu, e em alguns momentos sob a ótica de Blaine, consegue dar ao leitor o ponto de vista de ambos, o que torna tudo mais gostoso.
Posso dar 11 para esse livro? Porque 10 é pouco, e 5 estrelas são somente simbólicas. O livro é um épico.